22 agosto 2017

Polos opostos

Lula, Temer e os dois Brasis
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Michel Temer, acuado diante do fogo cruzado em muitos flancos e rejeitado por mais de noventa por cento dos brasileiros, frequenta salões oficiais e oficiosos e fala a empresários e a burocratas, aos quais pede aplausos ao anúncio de cada nova medida de sua agenda regressiva de direitos e de desmonte nacional.

Luis Inácio Lula da Silva percorre cidades do Nordeste e é acolhido com entusiasmo por uma multidão calorosa, que o identifica como símbolo de conquistas e de mudanças em favor dos mais pobres.

Os aplausos a Temer são protocolares – por mais que corteje o grande capital, para quem governa.
A recepção a Lula tem o cheiro do nosso barro e a emoção genuína dos que sobrevivem do trabalho.
Temer representa o golpe institucional e a mais desbragada escalada regressiva de direitos e de esvaziamento de salvaguardas da soberania nacional.

Lula encarna doze anos de transformações sociais sem precedentes, de ampliação da democracia e de afirmação do Brasil como nação independente e altiva no concerto mundial.

São dois Brasis – distintos e diametralmente opostos.

Quaisquer que sejam os desdobramentos da crítica situação atual e os protagonistas da disputa presidencial de 2018, estarão em confronto esses dois Brasis.

Prenuncia-se uma peleja radicalizada entre dois pólos, sejam ou não matizados pelo PT e pelo PSDB, como ocorreu nas ultimas quatro eleições gerais.

Nem o descrédito na política nem o esgarçamento das instituições, que corroem expectativas e esperanças, impedirão que a sociedade brasileira seja instada a decidir sobre os rumos da nação.

Também a confusão midiática, que tenta borrar a real natureza dos fatos e tergiversar sobre a essência da agenda regressiva posta em prática pelo presidente ilegítimo não impedirão que o confronto de alternativas se faça perceptível pela maioria.

A questão a ver é se a onda conservadora que varre o mundo e nos atinge em cheio prevalecerá sobre a consciência de direitos suprimidos e aspirações represadas.

A narrativa governista, amplamente disseminada pela mídia aliada, tropeça na realidade e nos seus efeitos imediatos.

No outro polo, as oposições são chamadas a ultrapassarem os limites do protesto e da denúncia (sempre necessários) e convergirem para proposições comuns, que resultem num ideário claro, 
factível e compreensível pela maioria dos eleitores.

Entre os extremos representados pelo triste e deprimente cortejo seguido por Temer e a euforia emocionada que acolhe Lula nas ruas, segue a crise em suas variadas dimensões – econômica, institucional, de perspectivas.


Que se acirre o debate das ideias e se confrontem os rumos opostos – para que os brasileiros decidam conscientemente, através do voto.

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