27 dezembro 2017

Breve pausa

[Um curto período de descanso com a família na praia, até o Réveillon, me fazem quase ausente aqui no Blog. A partir do dia 2 voltaremos a nos comunicar com a intensidade de sempre.]

26 dezembro 2017

Do contra

Sete em cada dez brasileiros são contra privatizações, diz Data Folha. [Mas Temer segue firme tentando entregar tudo.]

22 dezembro 2017

Cenário em formação

Papai Noel não frequenta a política
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Participa não, nunca participou. O bom velhinho que ainda povoa a imaginação de muitas crianças mundo afora, fantasia de fim de ano, permanece a anos luz de distância das expectativas, dos planos e das condições concretas do embate político-eleitoral.

Mas tem gente que não pensa assim. Alimenta ilusões. Ou se deixa levar por puros devaneios.

Costuma-se dizer — os mais experientes dizem — que o cenário eleitoral se desenha mesmo a partir de janeiro, após o peru de Natal e os fogos do réveillon. Antes disso, tudo não passa de especulação.

Mais ainda no ambiente de extrema instabilidade e imprevisibilidade que prevalece no país, inclusive acerca das regras do pleito vindouro, sempre sujeitas a modificações casuísticas por parte do TSE.

Em Pernambuco, começa pelo traçado das alianças. Nada é imutável, tanto na esfera governista como no campo das oposições.

Permanecerá a atual composição da coalizão em torno do governo Paulo Câmara? Tanto pode se ampliar como se reduzir. A variável amplitude e bom senso tende a ganhar peso.

Nas oposições, por enquanto o ajuntamento inicial tanto pode prevalecer, como se desmembrar, a depender do equacionamento das desejadas candidaturas ao Executivo estadual.

Há pretensões de certo modo distintas, entre partidos que se sentem em condições de almejar o governo estadual e outros que focam suas pretensões em espaços nas casas legislativas. Uns e outros pautam sua política de alianças conforme o foco escolhido.

Outra distinção diz respeito ao ritmo de cada um. Diferenciam-se claramente os precipitados e os pacientes. Os primeiros arrotam vantagem e vão com excessiva sede ao pote. Os mais sensatos, consideram a experiência acumulada, observam atentamente as tendências em curso e não fecham nenhuma porta.

É o que Tancredo Neves ensinava: por mais aparentemente sólida que seja a situação, é indispensável manter uma porta aberta; ou pelo menos uma janela...

Demais, pela legislação atual o prazo de filiação partidária dos que pretendem disputar o pleito, antes findado em outubro, agora se estende até abril de 2018.

Assim, melhor trabalhar duro e com parcimônia, do que se iludir com promessas ou hipóteses apressadas, descoladas da realidade concreta.

Quem acreditar em Papai Noel na política estará fadado ao fracasso.

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21 dezembro 2017

Feliz Natal, Novas conquistas em 2018!

Com o meu abraço, um Natal fraterno, solidária resistência e novas conquistas em 2018. #lucianosiqueira #AnoNovodeNovasConquistas

20 dezembro 2017

Palavra de Manuela

As violências em que pensei ao decidir ser pré-candidata
Manuela D’Ávila, na Folha de S. Paulo

Ao ler o apanhado legal e histórico sobre violência política de gênero, escrito por minha amiga Senadora Vanessa Grazziotin, para o especial sobre violência contra a mulher na política, publicado neste mesmo blog [Folha], me pus a refletir sobre a provocação que as gurias do #AgoraÉQueSãoElas me fizeram: o que eu, apenas eu, enquanto mulher, havia pensado ao aceitar o desafio de ser pré-candidata à presidência da República. E percebi que tudo o que eu havia ponderado estava relacionado com o fato de eu ser mulher. Sim, pensei muito nisso. Pensei em todas as formas de violência política de gênero que já sofri, nos últimos 19 anos, e se estava disposta a encarar tudo isso numa potência muito mais elevada.
Claro que uma militante como eu, que desde os 17 anos está organizada num partido, se sente desafiada e honrada de, aos 36 anos, representar nossos sonhos num processo eleitoral emblemático como o que viveremos em 2018. Mas esse pensamento ficou embaçado, nos primeiros dias, pela lembrança, também por vezes amarga, de minhas seis disputas eleitorais.
Todo o tempo pensei em minha filha Laura, que ainda é amamentada.  Nós somos muito parceiras uma da outra, consegui incorporá-la na rotina de deputada estadual completamente. Mas quais serão as condições adversas para levá-la comigo aos longínquos roteiros?
Pensei na violência física que ambas já sofremos pelo simples fato de eu ter opiniões. Não ignoro que 2018 será uma disputa daqueles que organizam o ódio e o medo contra nós que queremos encontrar saídas para  a crise brasileira.
Pensei nas montagens virtuais asquerosas que já fizeram e farão com meu marido e enteado. Pensei em quão doído é, para nós mulheres, esse envolvimento que os adversários fazem de nossas famílias nas disputas eleitorais. Acaso alguém já viu esse tipo de trucagem com as esposas e filhos dos homens que concorrem?
Pensei também naquela postura de permanente subestimação de minha capacidade política e intelectual, oposta à bajulação que vivem os homens.
Imaginem como a sociedade e a imprensa tratariam a um homem que, aos 36, sem “parentes importantes e vindo interior” , já estivesse em seu quarto mandato parlamentar e tivesse sido em todas as eleições o mais votado? Imaginem se esse homem estive terminando o mestrado em políticas públicas, mesmo cuidando de um bebê de dois anos?
Imaginaram? Agora imaginem que essa é a minha história, mas que a minha valoração sempre foi a partir da aparência. Pensei se estava disposta novamente a ver fóruns e mais fóruns de discussão sobre meu peso. Logo eu, que tenho transtorno de imagem, como milhares de mulheres no mundo.
Uma das primeiras matérias comprovou que eu estava certa. O tom de meu cabelo estava em debate. Por que eu estava pintando de castanho? Por que não mais loiro? Estratégia política, disseram. Pra que abordarem meu discurso sobre indústria 4.0 e a necessidade do Estado para as mulheres? Respondi irônica: ficar loira cansa. Estou naturalmente morena grisalha. Aguardo matérias sobre cabelos de Doria, Alckmin e Ciro.
Mas existem duas questões que tornam toda a violência política de gênero que sofrerei pequena.
A primeira é a tarefa que eu mesma me dei de debater as saídas para crise brasileira também sob a perspectiva de gênero. Falar para as mulheres brasileiras que atentem, pois a diminuição do Estado numa sociedade machista é uma punição a mais pra nós, mulheres. Falar em todos os espaços que reforma trabalhista é ainda mais cruel com as mulheres trabalhadoras. Nós somos parte essencial da construção de um Brasil diferente!
A segunda é a existência de um movimento feminista revigorado e que não cala. Uma roda de sororidade, de empatia. Um grau de relacionamento muito mais solidário entre a maior parte das mulheres que fazem política. Uma identidade mais nítida do que nos une. Sei que conto com milhares de mulheres que, mesmo não concordando com minhas ideias, são minhas parceiras na luta contra a violência política de gênero. “Tamo” juntas!
* Manuela D’Ávila é deputada estadual pelo PCdoB e pré-candidata à presidência da República.

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Hoje

Densidade e leveza. Você vai gostar. às 19,30, no Cinema São Luiz, em primeira exibição no Recife, “Amores de chumbo“.   Uma história de amor e de resistência. Um filme da cineasta pernambucana Tuca Siqueira.
Vamos?

Uma crônica para descontrair

Meus amigos na varanda
Luciano Siqueira, no Blog da Folha e no portal Vermelho

Costumo dizer que tenho um milhão de amigos —e isso me faz um bem enorme!
Inimigos pessoais não os tenho. Pelo menos que eu saiba.

Alguns desafetos, certamente. Nas redes sociais. Todos em razão das minhas posições políticas, quer dizer: gente que não concorda comigo e que se deixa contaminar pelo vírus antidemocrático da intolerância.

Estes se manifestam de vez em quando. Agressivos, desrespeitosos, odientos. Mau humorados. Não querem debater, limitam-se ao desaforo. Não tenho tempo sequer para me deter em suas diatribes; os ignoro tranquilamente e os bloqueio.

Já os amigos e amigas me dão um enorme prazer, inclusive quando me criticam e expressam opiniões diferentes das minhas.

Conservo boas amizades construídas no curso da luta política, desde o movimento estudantil na década de 60 do século passado, exatamente com pessoas de correntes políticas divergentes. Afinidades que perduram até hoje e que, paradoxalmente, brotaram em meio a intensas polêmicas.

Essa é uma das razões da minha profunda gratidão a duas entidades que me educaram assim: a minha mãe Oneide, para quem desrespeitar a opinião do outro era “falta de caridade”; e ao PCdoB, que forma seus militantes para a busca da unidade entre os diferentes.

Pois bem. Nessa matéria de amizades prazerosas acrescento também uma penca de beija flores e canários da terra, que visitam a varanda, a área de serviço e a janela do meu quarto, em meu apartamento, onde encontram estrategicamente dependurados pequenos bebedouros contendo uma garapa feita de água e mel.

Especialmente na varanda, onde me quedo numa rede e alterno a leitura, o devaneio, o sonho e o sono. 

Na rede, à noite, quando posso, às vezes admiro a lua, outras vezes converso com as estrelas.
Durante o dia, bem cedinho, antes de sair para a caminhada matinal, ou em momentos vespertinos do sábado ou domingo (quando a agenda permite), meu diálogo é com eles, meus amigos beija flores e canários da terra. 

Falamos linguagens diferentes, é verdade. Mas creio que nos entendemos muito bem. Eles bebem da água adoçada, circulam pela varanda, pousam sobre os punhos da rede, emitem sons harmoniosos e me olham com afetuosa curiosidade.

Eu os observo encantado e me permito reminiscências de criança, quando imaginava o teor de conversas entre os pássaros e atribuía papéis e “missões” aos muitos guerreiros do meu exército de canários, pintassilgos, galos de campina, azulões...

Nunca fui inclinado a ter em casa animais de estimação — cães, gatos e que tais. Por um período curto, quando na clandestinidade, um pequeno cágado circulava pela casa.

Passarinhos, sim — porém preferencialmente dessa forma como convivo com os beija flores e os canários da terra: livres para virem até aqui quando necessitarem e sair quando quiserem, jamais presos em gaiolas.

Da mesma forma como desejo que vivam meus amigos e amigas: livres para sonhar, amar, pensar e lutar segundo suas crenças e ideais. Sempre.


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18 dezembro 2017

Disfarce

Para disfarçar seu vínculo com o Mercado financeiro, Meirelles flexibiliza discurso e inclui atenção à área social. Para enganar a  quem?

17 dezembro 2017

Cegueira

Não é sensato perdoar todos os erros da corrente política a que se pertence e atacar indiscriminadamente aliados com os quais se tem divergências pontuais.

Poesia sempre

David Martiashivili
Primeira palavra
Mia Couto

Aproxima o teu coração 
e inclina o teu sangue 
para que eu recolha 
os teus inacessíveis frutos 
para que prove da tua água 
e repouse na tua fronte 
Debruça o teu rosto 
sobre a terra sem vestígio 
prepara o teu ventre 
para a anunciada visita 
até que nos lábios umedeça 
a primeira palavra do teu corpo.

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15 dezembro 2017

Parcial

Adiamento da votação da reforma previdenciária para depois do carnaval é derrota parcial do governo Temer. Um ponto de destaque na agenda da resistência popular de 2018. 

Lesa pátria

A suspensão do pagamento de R$ 1 trilhão das petroleiras internacionais em tributos devidos é crime de lesa pátria. Temer não tem limites. Impõe-se a defesa da Nação - nas redes e nas ruas.

14 dezembro 2017

Batalha prolongada

A corrupção e a chantagem não foram suficientes: votação da reforma previdenciária fica para fevereiro. Até lá é preciso aumentar a resistência nas ruas e nas redes.

13 dezembro 2017

Uma crônica para descontrair

Palavras fora de lugar 
Luciano Siqueira


Esforçado, arisco, curioso – se é livro, ele traça; debate não perde um, nem que seja sobre a educação de crianças no Japão ou a interferência do estresse no ciclo menstrual. E assim vai amealhando conhecimento sobre temas vários, padecendo, entretanto, de uma enorme dificuldade de concatenar as ideias. E as palavras.

Aliás, palavra que mereça ser pronunciada pelo dito cujo tem que ter sonoridade e um traço de raridade. Uma óbvia vocação para sucessor do Marquês de Pombal, que tanto se esforçou para recuperar termos em desuso.

Certa vez eu me referia a Miguel Arraes e ouvi aquela voz grave: “Um ínclito homem!”. Paulo Maluf, no outro extremo, dele mereceu a qualificação de “energúmeno!” Com exclamação. 

No meio de uma campanha eleitoral o encontro em cima do palanque e pergunto por que não o via nas atividades de rua: “Um interregno estratégico, líder, que, com efeito, resultará num contra-ataque tático específico e sobejo.” Claro que não entendi por que a sua ausência em algumas caminhadas teria sentido estratégico, muito menos o que vinha ser “contra-ataque específico e sobejo”. 

Pois bem. O tempo passou, nunca mais o vi, julgava-o em terras distantes, talvez levado pelo desejo de figurar em algum sodalício lítero-cultural, tipo Academia de Letras do Município de Ribeirão das Almas, coisa assim. Mas eis que o encontro na Livraria Siciliano, em São Paulo, alentado volume à mão (que preferi não olhar o título, já me prevenindo de uma indecifrável resenha). Fiz que não o reconhecia, num gesto que minha mãe classificaria como falta de caridade. Mas fui reconhecido e, como estava só, tive o desprazer de sua ilustrada companhia:

“- Excelência, quanto tempo! Apresento-lhe minhas congratulações pela conquista do pódio no último pleito e renovo meus pretéritos e sempre congruentes votos de confiança em vossa inexorável atuação. E pergunto: em que consonância pretende legislar, em se tratando de um parlamentar filosoficamente nutrido por uma teoria científica que, conforme meus alumiados estudos, tem na contemporaneidade o seu apogeu?”

- Só conversando com calma, amigo. Comprometi-me com um conjunto de temas, tendo como referência a ideia de um novo projeto nacional de desenvolvimento...

"- Ora, nada mais edificante do que tamanha pretensão, de valoração insofismável e ao mesmo tempo profícua e, por que não?, assaz inovadora, pois que um novo projeto direcionado à Nação tendo como mola-mestra o desenvolvimento quiçá...”

Não o deixei continuar. Mirei o relógio, um compromisso imediato salvou-me de tão “insólito colóquio” (uso a expressão naturalmente em homenagem ao meu insigne interlocutor). Despedi-me prometendo que marcaríamos um encontro caso ele visitasse a terra natal. Pura falsidade, pois no íntimo, bem desejo que a egrégia personagem não retorne ao Recife tão cedo. Para que as palavras permaneçam em seu devido lugar. E as ideias também.


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Meio bilhão

Prefeitura do Recife paga o 13° sexta-feira próxima (15) e o salário de dezembro dia 28. Com o salário de novembro, pago no último dia 1°, meio bilhão de reais são injetados na economia local  em apenas 28 dias.

E o chefe?

Advogados de Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima – acusados de formarem quadrilha junto com Temer – pedem ao STF que pare o andamento de denúncia alegando a exclusão do chefe por decisão da Câmara dos Deputados. Faz sentido.

Agilidade

Tribunal da Lava Jato marca julgamento de Lula para 24 de janeiro. Tramitação excepcionalmente rápida, mirando as eleições presidenciais. 

12 dezembro 2017

Pau a pau

Temer combina com grandes empresários a pressão sobre os parlamentares pela reforma previdenciária. A resistência nas ruas e nas redes contra a reforma precisa crescer.

Fio da meada

No embaralhado jogo de forças políticas em Pernambuco, a demarcação de campos se fará pelas propostas programáticas. Mais do que o passado, pesará a visão de futuro.

Além da realidade

Cada um com seu sonho, possível ou não
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog da Folha

O sonho é livre, fundado na realidade ou não. Ou no tempo. Como nesses últimos dias do ano que finda, quando manda a tradição fazer planos para o futuro, ainda que no horizonte limitado do ano vindouro.

Certa vez Millor Fernandes, numa coluna “livre pensar é só pensar”, escreveu que uma das ironias da vida é que quando crescemos, nos tornamos adultos, temos emprego e salário, já não queremos comprar um imenso saco de bombons!

Ou seja, a criança a quem os pais negam a quantidade (exagerada) de bombons desejada, constata que a ameaça que fizera há 18 a 20 anos atrás já não tem sentido.

Mas há adultos, como um tal Elon Musk, bilionário fabricante de foguetes, que simplesmente quer colonizar Marte em 10 anos!

Ele fala sério, conforme atestam diversos órgãos da imprensa norte-americana. Tanto que o cara controla duas poderosas empresas de TI e resolveu criar a SpaceX, que constrói foguetes e alimenta o sonho planetário do seu dono.

Na política também é assim. Há sonhos para todos os gostos – sérios ou delirantes. De objetivos estratégicos alicerçados na compreensão cientifica da realidade a pretensões que, imediatistas, projetam aspirações tão audaciosas quanto inviáveis.

É que a leitura do curso histórico nem sempre considera toda a gama de variáveis que concorreram para determinado desenlace tido como imprevisível e, por premiar a ousadia, se convertem em falsos paradigmas.

Fernando Collor, por exemplo, venceu as eleições presidenciais de 1989 como se fora um outsider, batendo concorrentes que ostentavam muito mais bagagem e prestígio. Desde então, são recorrentes as tentativas de repetir a proeza, mas sem a menor consideração para o fato de que, então, se iniciava novo ciclo político e as forças tradicionais, digamos assim, se subdividiram em mais de uma dezena de candidaturas.

Em meio à dispersão e à busca pelo novo por parte do eleitorado, no segundo turno se confrontaram Collor e Lula.

As eleições presidenciais de outubro se enquadram no novo ciclo conservador pós-impeachment e, no estado atual, inicialmente comporta múltiplas candidaturas. Porém, em sua essência, em nada se compara ao pleito de 1989.

Agora mesmo, cá na província, já tem gente arrotando poder de fogo que na verdade não tem, no intuito de criar o clima desejado para abocanhar o poder local em peleja cujo cenário ainda não está definido.

Equilíbrio e bom senso não fazem mal a ninguém, mais ainda quando se apoiam na avaliação da real correlação de forças e na boa percepção de tendências no comportamento futuro do eleitorado.

Enfim, nem tanto o mar, nem tanto a terra. Nem a fragilidade do garoto sequioso por se empaturrar de bombons, nem a ousadia do magnata que deseja povoar o planeta Marte. Na política, vale sonhar sim, numa perspectiva dimensionada pela realidade objetiva.


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Ilustração: Kandinski

Pressão

Apesar de todo tipo de negociata, Temer e aliados ainda não fecharam a conta e admitem a possibilidade de deixar para fevereiro a votação da reforma da Previdência. da. Jogo duro na lama.

11 dezembro 2017

Gênero e raça

Uma jovem negra no Brasil corre risco 2,2 vezes maior de ser morta do que uma jovem branca, segundo o relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, da ONU. Fator de estímulo à luta pela igualdade de gênero e raça. 

Fuga

— Amigo, resolvi me alienar, não vejo noticiário na TV, nem leio jornais. No rádio só escuto música.
— Por quê?
— Não aguento essa corja do Temer. É o meu protesto...
— Protesto mudo ninguém ouve, ora!
#diálogospertinentes 

Lama comum

Aliado íntimo de Eduardo Cunha, Marun assume posto estratégico no governo Temer. Tão natural quanto o parto aos 9 meses de gestação. Cunha e Temer são gêmeos.

08 dezembro 2017

Jogo duro

Apesar da cooptação e da chantagem, a dez dias da votação, Temer ainda não tem votos para aprovar reforma da Previdência. Imagine se houvesse forte pressão nas ruas.

07 dezembro 2017

Humor de resistência

Laerte vê a manipulação midiática.


06 dezembro 2017

Vozes da diversidade

A revista ‘Propágulo’ e a construção coletiva das ideias 
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo

Pelas mãos de Pedro, meu neto, aluno da área de comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, conheço a revista 'Propágulo' — sob todos os títulos, uma bela iniciativa.

Começa pelo nome escolhido, tomado da botânica, que sugere a intenção de se multiplicar e de propagar. 

Ótimo projeto gráfico, textos consistentes. 

Tudo sob a responsabilidade de estudantes, que a editam e a mantêm. 

Lembrei-me de pronto do tosco jornal 'Iniciativa', da nossa turma do segundo ano de Medicina da UFPE, nos anos sessenta do século passado. Mimeografado, mas igualmente ousado e feito a muitas mãos por um grupo de colegas sintonizados com o ambiente da época, de resistência ao regime militar e de ânsia por conhecer, opinar e se fazer ouvir. 

Sou um apaixonado pela construção coletiva das ideias, que pressupõe espírito aberto à crítica e ao debate e muita ousadia em subverter verdades supostamente pétreas, imutáveis.

Nada é imutável, como nos ensina a dialética; o repouso é relativo, o movimento é absoluto. Como diria Karl Marx, tudo o que é sólido se desmancha no ar. 

Ainda não li os artigos deste primeiro número da 'Propágulo', passei os olhos rapidamente - pelos textos e pelas ilustrações. Amor à primeira vista. E entusiasmo com o propósito dos seus editores, de "proporcionar uma conversa entre inúmeras vozes que compõem a diversidade presente nas artes visuais".

Isto a partir do ambiente da UFPE, de larga tradução de rebeldia.

Numa cidade como o Recife, que nascida porto, ocupada na exportação de produtos primários para Portugal e Europa, e na importação de manufaturados, fez-se congenitamente cosmopolita.
Desde sempre troca mercadorias e ideias, dialoga com gentes e culturas de todo o mundo. 

Uma das razões para que nossa cidade (e Pernambuco) historicamente tenha sediado revoltas libertárias que marcaram a construção da nacionalidade.

No projeto de Constituição redigido pelo Frei Caneca, na Confederação do Equador, por exemplo, se vê clara influência da Revolução Francesa. 

A despeito disso, desse caráter cosmopolita, construímos uma forte identidade cultural — que se renova incessantemente, preservando, entretanto, suas raízes. A exemplo de Chico Sciense e seus companheiros, que assimilaram o rock e o devolveram ao mundo impregnado do toque do maracatu.

Nos tempos cinzentos que atravessamos, sob a onda obscurantista que se espraia mundo afora, em que o sectarismo, a intolerância e até o ódio conspiram contra o bom e criador debate de ideias, exemplos como o da turma que faz a revista 'Propágulo' devem prosperar. 


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05 dezembro 2017

O real e o imaginário

Proporções e perspectivas
Luciano Siqueira, no Blog da Folha e no portal Vermelho

Eu devia ter uns seis anos de idade e exultava quando meu pai me mandava comprar o pão na padaria do seu Antenor, na esquina. Uma aventura, pois imaginava uma distância enorme — embora anos após, em visita à Lagoa Seca, nosso bairro em Natal, me dei conta de que separava nossa casa e a padaria apenas um quarteirão.

Tudo é uma questão de perspectiva, dizem.

E é mesmo.

Tanto que hoje fico sabendo que um asteroide de 5 km vai passar ‘raspando’ na Terra antes do Natal – e já não me assusto tanto com o termo ‘raspando’.

De fato, nos parâmetros da astronomia a distância é medida numa escala quase infinita. Os cientistas chamam ‘perto’ distâncias que a gente sequer consegue imaginar.

O 3200 Phaeton (como é chamado esse asteroide) passará a 10 milhões de quilômetros da Terra!
Ou seja, uma rocha espacial de cerca de 5 km de extensão tirará um “fino” do nosso belo e contraditório Planeta.

Você acha longe? Então anote aí: essa distância é 27 vezes mais perto do que a distância daqui até a Lua. 

A Nasa (agência espacial dos EUA) garante que o 3200 Phaeton é totalmente inofensivo.

Muito diferente é a distância entre o desejo e a realidade na política. Não são poucos os exemplos de pretensões astronômicas alimentadas sobre a base do simples desejo, sem qualquer aproximação com a realidade concreta.

São erros de avaliação e de perspectiva. Em geral por deficiente percepção da correlação de forças.

Quando se contar a história do impeachment da presidenta Dilma, por exemplo, com um mínimo de isenção que o distanciamento no tempo permite, se terá a dimensão exata dos erros táticos cometidos pela força hegemônica em seu governo, o PT, por considerar riscos reais como se fossem semelhantes ao do asteróide.

Os resultados do pleito de 2014 foram lidos apenas parcialmente. A quarta vitória consecutiva na disputa presidencial, em si mesma uma grande conquista, terminou ofuscando a justa avaliação da nova configuração da Câmara dos Deputados e do Senado.

Com o apoio praticamente de um quarto apenas das forças em presença, o PT insistiu numa candidatura própria à presidência da Câmara, meio caminho para a eleição de Eduardo Cunha e todas as consequências que se seguiram.

Observando a trajetória do 3200 Phaeton, numa perspectiva mais ampla, os cientistas fazem inúmeras ilações e formulam novos projetos de pesquisa destinados a elucidar os mistérios que ainda os desafiam na compreensão do Universo.

Sem descortino estratégico amplo, embalados pelo imediatismo reducionista, muitos ainda se debatem com enorme dificuldade de compreender o enigma sociedade brasileira.


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Desengano

O assaltante, revólver em punho: 
— A bolsa ou vida!
— Não importa, moço, ambas estão vazias.


[Ilustração: Tela de Gil Vicente]

04 dezembro 2017

Quem?

Aliados avaliam que Meirelles para presidente teria uma dificuldade: não é conhecido. [Quando o povo o conhecer a rejeição será imensa.]

Imponderável

Qualquer palpite agora sobre as eleições de 2018 em Pernambuco tem a mesma chance de adivinhar os números da mega sena. Zero. 

Presunção

Temer diz que apoiará para presidente quem estiver disposto a defender o seu 'legado'. [Ou seja: um candidato suicida.]

03 dezembro 2017

Manu

Manuela chega a 3% no Datafolha. Muito bom para uma pré-candidatura que ainda dá seus primeiros passos.

Na lona

DataFolha: Temer continua apoiado por apenas 5% dos brasileiros. Merecida estabilidade no fundo do poço.

Poesia sempre

Alan Schaller/Instagram
E então, que quereis?
Vladmir Maiakovski

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.
Tradução: E. Carrera Guerra

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Drinque


- "Doce ou salgado?"
- "Salgado", porque tomo a água como se fosse vodka..."

A sete mil metros de altura, imaginar não ofende.

Sem ruptura

“Conte conosco”, diz Alckmin a Temer durante inauguração de moradias em São Paulo. Ou seja, saída dos tucanos do governo não muda apoio às reformas anti povo.

02 dezembro 2017

Gêmeos

Alckmin, diz que não fará oposição a Temer. [Nunca fez, ora! A unidade entre eles é programática.]

Compra e venda

Temer diz que trabalha para 'convencer' Congresso a votar reforma previdenciária. [Jogo sujo que custa mais de 14 bilhões em liberação de emendas e benesses fiscais!]

Veneno

Butantan descobre nove novas espécies de aranhas venenosas. [O amigo Epaminondas pergunta: “Aonde? No gabinete de Temer?”]

Ao debate

Uma nova carta de Lula aos brasileiros 'voltada ao povo"? Bom. Pode contribuir para o inadiável debate sobre os rumos do país.

01 dezembro 2017

Polos opostos

Mercado financeiro pressiona base parlamentar de Temer pela reforma da Previdência. Greve geral da terça-feira, 5 será a pressão dos trabalhadores em sentido contrário.  

Em vão

Temer fará agenda em busca de popularidade. [Abordará o povo imitando o carrasco que se diz amigo da vítima].

30 novembro 2017

Uma crônica para descontrair

Leitura de bordo
Luciano Siqueira, no Vermelho

É sempre assim, mesmo em viagens curtas: leio e escrevo sempre. Pelo prazer em desvendar o sentido das coisas e, confesso, para evitar a conversa nem sempre agradável de quem viaja no assento ao lado.

De viajantes incômodos tenho boa experiência acumulada. Tanto que desenvolvi modos próprios de me desvencilhar deles. 

Mas nem sempre com sucesso.

Como da vez que, por descuido imperdoável, admiti ser (ou ter sido) médico. O que me rendeu longa e entediante conversa com a jovem primípara, que me bombardeou com perguntas intermináveis sobre o futuro parto e cuidados com recém-nascidos. 

Ou quando eu lia 'O velho e o mar', de Ernest Hemingway, e o cidadão ao lado, que se dissera missionário evangélico (sem que eu o perguntasse), a ensaiar perguntas sobre a "terceira idade" e as praias do Nordeste!

Diante do meu evidente mau humor, enfim se tocou, cessaram as perguntas impróprias, porém me pediu "um livro para que eu também leia, se o senhor tiver aí". Vinguei-me passando às mãos do dito cujo um exemplar de 'Salário, preço e lucro’, de Karl Marx, que folheou, tentou ler algumas passagens e logo me devolveu.

Pois bem. Melhor mesmo é, tão logo me acomodar na aeronave, sacar da pasta um livro ou o iPad e me dedicar ao prazer solitário da leitura ou da escrita.

Agora mesmo manuseei rapidamente a revista da Gol e a refuguei de pronto.

O manuseio se prende às fotos, muito boas, que ilustram algumas matérias.

O refugo fica por conta da absoluta inutilidade (para mim) dos textos, um misto de "autoajuda" para empresários ou pretendentes a tal e, à guisa de reportagem, propaganda de hotéis e restaurantes de luxo.

Com licença da nostalgia, registro em ata minha saudade dos tempos em que líamos nas revistas de bordo gente como Luís Fernando Veríssimo e outros do mesmo naipe. Ótimas crônicas, puro deleite. 
Hoje em dia parece que os editores dessas revistas nos tratam como leitores frívolos, desprezíveis e meros consumistas. 

Verdadeiro oásis é alguma entrevista ocasional com personagem digno de atenção, como o ator Lázaro Ramos, por exemplo, que pude ler alguns meses atrás.

Feito o registro, dêem-me licença que vou concluir a leitura de 'Sobre a China', de Henry Kissinger e encarar o novo romance de Milton Haroum, 'A noite da espera'.

Boa viagem!


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29 novembro 2017

Bom que se esclareça

Estadão: ‘Depoimento no Caso Fifa volta a ligar TV Globo a pagamento de propina.’ [Custa nada investigar, né? No mínimo se esclarecerá o assunto.] 

O prazer da fotografia

Cena urbana: Pão de Açúcar visto de Niterói (Foto: LS) #cenaurbana#riodejaneiro #lucianosiqueira 
lucianosiqueira.blogspot.com

Já era

“Em Pernambuco, quem não é Cavalcanti é cavalgado”. Isso foi antigamente. Hoje a arrogância e a presunção não ganham eleição.

Debate necessário

Entre quem banca e quem precisa
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Não se trata de sincronia entre esses dois elementos, antes uma dissonância, abissal dissonância. 
No Brasil de hoje, quem banca é o Mercado; enquanto a nação e o povo é que precisam. Em direções diametralmente opostas.

A lógica do Mercado é a da ultrafinanceirização — mundo afora e aqui. Da ruptura da bolha imobiliária em 2008, nos EUA, aos pesados investimentos dos bancos centrais na Europa para salvar bancos privados e a regressão de direitos visando à redução dos custos de produção e a recuperação da taxa média de lucro e, portanto, da capacidade de reinvestimento. Tudo sob o modelo do enfraquecimento dos Estados nacionais e o borramento de fronteiras soberanas.

No outro extremo, a lógica é a do Estado imprescindível como indutor do desenvolvimento e a inclusão produtiva como fator de redução da pobreza e de valorização do trabalho. Não há solução para a crise global aprofundando o apartheid social.

Esse é o pano de fundo das eleições gerais no Brasil, em outubro de 2018. 

Por enquanto, a dimensão dos problemas e o acirramento das contradições parecem ser maiores do que a capacidade subjetiva das correntes políticas em presença.

Nem a reverberação do passado recente dá conta dos desafios atuais, nem a trama midiática artificiosa. Ferir os problemas centrais e apontar respostas consistentes e factíveis é imprescindível.

Por enquanto, prevalece a dispersão — tanto no campo das atuais forças governistas como na oposição.

Na oposição, sobretudo as pré-candidaturas de Lula (PT), Ciro (PDT) e Manuela (PCdoB) são chamadas a darem um passo adiante na construção de plataformas, que podem se cruzar desde o primeiro turno, ou não.

Entre os governistas, obedientes antes de tudo aos ditames do Mercado, experimentam-se fórmulas discrepantes, que envolvem ensaios de possíveis outsiders a nomes tradicionais do PSDB e do PMDB, que alguns imaginam possa ser o próprio Temer. Ou o seu mentor, o ministro Meirelles.

Alckmin, pelo PSDB, vem insinuando ideário a um só tempo "de direita e de esquerda". Ou, melhor dizendo, um programa frankstein. Ideias que transitam nos interesses antagônicos entre quem banca e quem precisa. Dificilmente colará. 

Uma coisa é atrair forças situadas ao centro como aliadas, fieis da balança do jogo eleitoral. Outra coisa é empolgar o eleitorado com programa centrista numa sociedade a cada dia mais polarizada entre interesses extremos.

O buraco é mais embaixo, como se costuma dizer. E implica amplo debate desde já.

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28 novembro 2017

Bobagem

“Alckmin presidirá o PSDB, portanto será o próximo presidente da República” — dizem ‘analistas’. [Ridículo. Falta combinar com o povo, ora!]

Engodo

Na política, o ‘novo’ necessariamente não é o ‘melhor’; depende do conteúdo. Por exemplo, o desistente Luciano Huck. 

27 novembro 2017

Nosso chão

A cada desistência de um suposto outsider, confirma-se que a negação da política no Brasil esbarra na realidade concreta —muito mais dura, instigante e radicalizada do que as frias sociedades europeias.

Humor de resistência

A imagem diz tudo...

Decadente

Com todo respeito à sul-africana Demi-Leigh Nel-Peters, recém-eleita, existe algo mais ultrapassado do que o concurso de Miss Universo?

Fez por onde

Folha de S. Paulo se queixa, em editorial, que a Operação Lava Jato perdeu a aura de ‘intocabilidade’. [Há que se reconhecer que, partidarizada,  inúmeras são as razões para tanto.]

Opressão

“A desigualdade racial não é uma questão de classe, é uma questão de oportunidade “, diz a ‘especialista’. Errado, moça. Justamente a opressão de classe impede oportunidades iguais para todos. 

26 novembro 2017

Poesia sempre

Quase um Poema de Amor
Miguel Torga

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor. 

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24 novembro 2017

Crise de perspectiva

Sociedade do desencanto
Eduardo Bomfim

Ao final da década de 90 passada, o historiador britânico Eric Hobsbawm expressou a preocupação na sua obra O breve século XX o temor de que as novas gerações fossem levadas a uma espécie de presente contínuo, sem referências do passado nem a perspectiva de futuro.

De lá para os dias atuais suas previsões mostraram-se corretas, mas as coisas foram bem mais além, porque como diz recente estudo europeu, no século XXI emergiu uma nova constatação: desde o final da Idade Média, pela primeira vez os mais jovens deixam de ter alguma esperança no futuro.

Afirma o referido estudo “o individualismo pós-moderno, a globalização financeira, vêm debilitando o desenvolvimento dos povos”, à exceção de alguns países como a China, com seu grande salto econômico, e a Rússia, como novas potências globais etc.

Na verdade, a civilização ocidental vem mergulhando em uma crise sem precedentes, conduzida a uma fragmentação dos vínculos entre as pessoas, no seio do próprio corpo social, no sentimento de pertencimento a uma comunidade nacional etc.

A globalização financeira, com sua agenda do politicamente correto, negação ao desenvolvimento dos países, vem promovendo ataques contra os estados nacionais e às respectivas sociedades civis, especialmente aqueles com destacado protagonismo como o Brasil, o quinto maior País do planeta, com dimensões continentais, mais de 200 milhões de habitantes, sétima economia do mundo, riquezas naturais estratégicas.

Existe um óbvio processo de tentativa de controle, através da interconectividade das redes, no mundo digital, dos extratos sociais mais propensos à tomada de consciência tanto do presente quanto ao futuro do País, uma clara fratura coletiva pautada pela grande mídia global.

Na promoção do ódio de uns contra todos e todos contra qualquer um, em selvagem canibalismo cultural e ideológico.

Na indução de agendas de grupos destituídas de qualquer horizonte de construto unificado e negação histórica do País, através de movimentos quase sempre financiados por ONGs, como a Open Society do megaespeculador financeiro George Soros. Onde tudo é permeável por um discurso efêmero, mutante e descartável.

Um projeto de Brasil exige, além de propostas concretas, factíveis via soluções políticas amplas, a luta de ideias contra o obscurantismo dos tempos atuais.

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Contra o povo

Chegam a 14,5 bilhões benesses de Temer para comprar votos de deputados em favor da reforma previdenciária. Contra o povo.

23 novembro 2017

Uma crônica para descontrair

Produtivos lapsos de insônia 
Luciano Siqueira, no Vermelho


Uma velha amiga me confidencia que, quando muito jovem, sonhava em poder dormir até mais tarde sem precisar levar as crianças à escola, no início da manhã.

Agora que a idade chegou e que já não tem crianças em casa, o sono é pouco e rarefeito.

Ou seja, até em matéria de dormir bem tudo tem o seu tempo. Saber lidar com essa estranha cronologia é um desafio.

Creio que pelo hábito de dormir pouco, que conservo desde a adolescência, gastei muito menos horas de sono do que a maioria dos viventes e agora, como uma espécie de punição, dei para sofrer com lapsos de insônia.

Acontece assim. No meio da noite, sem ter nem pra quê, perco o sono por umas duas ou três dezenas de minutos e me deparo com uma espécie de monólogo, com pauta bem definida.

Leia também: De volta à Idade Média https://bit.ly/3bAk6iT

Tem vez que continuo a reflexão do dia anterior sobre um problema de governo, uma questão de ordem política ou teórica que vem me acicatando a mente ou mesmo sobre lances do bom jogo de futebol, que vi na TV.

Os temas até que são prazerosos. Ruim é a sensação de que despertarei no início manhã com a desagradável sensação de que fiquei devendo uma cota de repouso ao meu já sambado corpo e ao sempre irrequieto espírito.

Mas bem que poderia ter uma pauta mais suave. Ao invés de problemas pendentes, quem sabe versos de Neruda, ou de Drummond, ou de Bandeira ou de Mia Couto, ou um trecho de boa crônica de Rubem Braga ou uma canção de Lenine ou Chico.

Não sei por que razão, minha sina é ter os lapsos insones ocupados invariavelmente por temas mais densos ou áridos.

Então, resolvi tirar proveito do estranho fenômeno. A depender do assunto que venha à tona, faço mentalmente o esboço do meu próximo artigo ou crônica. Ou do roteiro de uma intervenção num debate próximo.

Aqui mesmo, confesso a vocês que me brindam com a generosidade de me lerem, vários dos meus últimos textos foram "rascunhados" em plena madrugada, naquele vácuo que antecede a volta ao reino de Morfeu.

Apenas lamento não ter o dom dos poetas para poder dizer, como Carlos Pena Filho: “Lembranças são lembranças, mesmo pobres,/olha pois este jogo de exilado/e vê se entre as lembranças te descobres.”


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