31 maio 2021

Palavra de poeta

NO AR!

Chico de Assis


A simbologia dos gestos
embora tenha tido
a luta por fermento
submete–se à corrosão do tempo.
Os punhos fechados de ontem
esmurram hoje o vazio
de um protesto sem fios
com os desafios do passsado.
O presente conduz
a um parto prematuro 
de uma esperança sem luz
iluminando o futuro.        
 
[Ilustração: Joan Miró]
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Veja: Poeta, cantador e agora romancista https://youtu.be/LQ4Dm2ylQb0

Repressão no Recife

É inegável a simpatia de setores da PM a política de tiro, porrada e bomba do bolsonarismo, o episódio de Recife não foi o primeiro, basta lembrar as cenas bárbaras da greve da polícia no Ceará em 2020, mas precisa ser exemplo de medidas efetivas para que se torne, talvez, o último. Leia mais https://bit.ly/3fCMbpq

Ministério paralelo na berlinda

 

CPI da Covid: o que será investigado sobre suposto ‘ministério paralelo’ de Bolsonaro

Paula Adamo Idoeta, BBC Brasil

 

As suspeitas em torno de um "gabinete paralelo" que aconselharia o presidente Jair Bolsonaro nas estratégias de enfrentamento da covid-19 devem ser um dos principais focos dos próximos depoimentos da CPI da Covid, cujas convocações foram definidas pelos senadores na última quarta-feira (26/5).

Serão convocados nas próximas sessões nomes como o empresário Carlos Wizard (em 17 de junho) e o ex-assessor especial da Presidência Arthur Weintraub (ainda sem data) e, na semana passada, já havia sido definido um convite à médica Nise Yamaguchi, que deve depor na terça-feira (1° de junho).

Nenhum deles ocupou cargo oficial no Ministério da Saúde, mas todos participaram de eventos e reuniões oficiais com Bolsonaro para tratar de assuntos relacionados à pandemia. Para os senadores de oposição, é nesse suposto "ministério paralelo" — o qual, ao menos nos primeiros meses da pandemia, teria agido a contragosto das orientações do Ministério da Saúde — que teria sido elaborada a estratégia de apostar na hidroxicloroquina e na imunidade de rebanho por contaminação, em vez de por vacinação.

Governistas afirmam, por sua vez, que essa tese é uma narrativa construída pela oposição para tentar criminalizar o comportamento de Bolsonaro.

Mas críticos afirmam que a influência de vozes de fora do Ministério da Saúde fez com que medidas equivocadas fossem adotadas no combate ao coronavírus, com impacto também sobre a compra de vacinas.

Em entrevista coletiva em 13 de maio, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, afirmou que "existia um comando no Palácio do Planalto que compreendia como estratégia para enfrentamento da pandemia a contaminação de todos, a cloroquina como solução, e a chamada imunidade coletiva. Esse comando não apostava nos meios da ciência". Leia mais https://bbc.in/3p4sGJv

Ilustração: Charge de Miguel Paiva

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Veja: Pelo impeachment ou pelo voto https://bit.ly/3uEnGxa

Sem grana

Orçamento para pesquisa do CNPq é o menor em 20 anos. Para Bolsonaro, produção científica nacional não importa. Afinal, não tentam convencê-lo de que “a Terra é plana”?

Universidades federais importam

Universidade rima com desenvolvimento da cidade

Cida Pedrosa*

 

O descaso com a educação e a ciência, demonstrado pelo governo Bolsonaro, pode culminar com a suspensão das atividades nas universidades federais. Em Pernambuco, a UFPE e UFPE já avisaram que os recursos disponíveis, depois do corte geral de 20% no orçamento e do contingenciamento de 13,8%, só garantem o funcionamento até setembro. Essa é uma situação gravíssima, pois não são somente os alunos e a comunidade acadêmica em geral que se beneficiam das atividades de ensino, pesquisa e extensão, desenvolvidas pelas universidades públicas. Toda a cidade em torno e o Estado colhem os frutos dessa fonte de conhecimento.

É o capital humano, extremamente qualificado, formado pelas universidades, que viabiliza o desenvolvimento socioeconômico e tecnológico do Recife. Quem não conhece a parceria bem sucedida da UFPE com o Porto Digital, eleito por três vezes pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores como o melhor parque tecnológico do país? Além de ceder recursos humanos, a UFPE manteve um fluxo de pessoas alimentando as relações de conhecimento no Porto Digital, uma mobilização fundamental para o parque alcançar a excelência.

Durante minha gestão como secretária de Meio Ambiente do Recife pude testemunhar a importância dessas parcerias na elaboração do projeto Parque Capibaribe, sistema de parques integrados ao longo de 15km em cada margem do rio, que vai restabelecer os laços históricos da população com o rio e estimular o uso de transporte não poluente como a bicicleta. Coube à universidade, através de sua competente rede de pesquisadores (Inciti), elaborar todo o projeto.

A consciência do relevante papel da universidade no desenvolvimento da cidade motivou a Prefeitura do Recife, no início do ano, a se reunir com representantes dessas instituições para discutir a criação de um escritório de parcerias, a fim de permitir que o município recebesse propostas inovadoras, com soluções calcadas na ciência e tecnologia para diversos problemas urbanos. A proposta inclui ainda usar o conhecimento para gerar oportunidade, fundamental nesse momento de recessão.

Também é preciso lembrar que, durante muitos anos, as universidades públicas (UFPE e UPE) formaram os médicos que ajudaram a criar o forte polo de saúde que temos hoje no Recife.

Esses exemplos não resumem toda a importância das universidades para o desenvolvimento das cidades, mas são suficientes para mostrar que essas instituições não são torres de marfim, acolhendo apenas um reduzido número de indivíduos privilegiados. São espaços de saber, que sempre oferecem soluções criativas e eficazes para os mais diferentes problemas. Lutar pela manutenção delas é lutar pela soberania nacional, pela ciência, pelo futuro e progresso das nossas cidades.

*Cida Pedrosa é advogada, poeta e vereadora do Recife pelo PCdoB

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Você já viu? https://bit.ly/2T5L74v

Escalada da insensatez

A esta altura, apenas um quarto dos eleitores considera seu governo ótimo ou bom, enquanto mais da metade o define como ruim ou péssimo. Diante de cenário desalentador como este, um governante sensato buscaria entender os motivos da impaciência popular e ajustaria os rumos. Mas a sensatez abandonou Brasília, de mala e cuia, no dia em que Bolsonaro recebeu a faixa presidencial. Temos então o inevitável: em vez de fazer autoanálise, o Palácio do Planalto iniciou nova caça às bruxas. O presidente e seus aliados abriram guerra legal contra as plataformas que passaram a retirar de circulação as fake news produzidas pelo “gabinete do ódio” e redobrou a aposta no radicalismo. Tudo para recuperar fôlego até as eleições do próximo ano. Leia mais https://bit.ly/3yLgPVb

Propósitos fradulentos

Bolsonaro é motivo para que atual sistema de votação e apuração seja preservado

Nada do que presidente diga ou faça está isento de interesse pessoal
Janio de Freitas, Folha de S. Paulo

 

Nada do que Bolsonaro diga ou faça está isento de interesse pessoal seu, que só se estende, com fortes motivos, aos filhos. Nesta regra, que faz a exceção de repelir a tradicional exceção a toda regra, tem inclusão automática o retorno ao voto impresso pretendido por Bolsonaro. E já engatilhado para discussão na Câmara.

A preocupação com fraude eleitoral, muitas vezes referida por Bolsonaro desde a campanha a presidente, é verdadeira —o que, nele, não deixa de ser afinal admirável. Mas não é para dificultar tal crime ainda mais, como sugerem sua denúncia de fraude e a promessa, em março do ano passado, de exibir as provas já em suas mãos —o que, nele, não deixa de ser sua mentira múltipla e continuada.

Ainda que o brasileiro sistema de votação e apuração eletrônica negue, um dia, a perfeição apregoada, a nossa pequena urna não figura em fraude alguma. O nome de Jair Bolsonaro está relacionado à fraude eleitoral constatada e provada, diz o termo técnico, com materialidade.

Na apuração das eleições de 1994, o juiz da 24ª zona eleitoral no Rio surpreendeu fraudes para quatro candidatos a deputado federal. Eram votados com cédulas (impressas) em papel diferente, mais fino. A constatação se deu em uma cédula para cada um dos quatro. O primeiro: Jair Bolsonaro.

A notícia sob o título "Roubo no 'varejo'", na pág. 5 do Jornal do Brasil de 17 de novembro de 1994, foi reproduzida na internet com Bolsonaro já na Presidência. E quando trazida ao jornal essa reaparição, algumas imprecisões e omissões a sujeitaram a reparos apresentados, e aceitos, como invalidações da notícia de fraude e de sua reprodução. Bolsonaro não tinha a ver com aquilo, nem sabia, o ingênuo.

A descoberta se deu com a apuração em pleno curso. Sem recontagem para verificar possíveis cédulas falsas já computados. Nem houve certeza de que todos os mesários estivessem atentos para a espessura das cédulas, na continuação da contagem.

Quanto ao crime, uma cédula ou cem fazem a mesma caracterização de fraude, que não é quantidade, é qualidade.

Não foi outro competidor que, providenciando a falsificação para si, resolveu ajudar Bolsonaro com segunda encomenda. Não foi alguém alheio à disputa que decidiu colaborar, à sua custa e risco, com quatro candidatos nem ao menos do mesmo partido, mas de quatro. Vem a pergunta sempre útil: a quem interessava introduzir fraude em benefício de Bolsonaro, como se poderia perguntar também dos três perdidos no tempo?

Eram quatro candidatos, dissociados e com fraudes idênticas. Logo, contratantes do mesmo fornecedor. Um esquema de fraude eleitoral. Logo a eleição para deputados estaduais precisou ser anulada, tamanha a quantidade de fraudes, e exigiu nova eleição.

O crime eleitoral na 24ª zona não resultou em mais do que sua constatação. Mas, por certo, miram o infinito os limites éticos e legais de quem seja capaz, por exemplo, de imaginar explodir um ponto crucial do abastecimento de água do Rio, para chantagear por aumento salarial dos novos tenentes.

Uma frase de Bolsonaro, repetida algumas vezes, clareia mais seu propósito: "Tem que ter pelo menos um comprovante impresso do voto dado, pelo menos isso". Nada menos do que um documento comprovador do chamado voto de cabresto, pago ao cabo eleitoral. Já seria um expediente valioso. A frase, porém, diz mais: "pelo menos" significa que o objetivo é mais fundo. E só pode ser este: o voto em cédula de papel, aquele que foi preciso extinguir pelo excesso de fraudes eleitorais. Com papel adequado ou não.

Bolsonaro é motivo bastante para que o atual sistema de votação e apuração seja preservado, a menos que um dia se mostre vulnerável como o próprio Bolsonaro.

MAIS PROCESSOS

Subscrevo todos os conceitos e palavras que motivaram Augusto Aras, procurador-geral da República bolsonara, e os senadores Luis Carlos Heinze e Eduardo Girão a agir; o primeiro, policialmente contra Celso Rocha de Barros; e os dois, judicialmente, contra Conrado Hübner Mendes. O sociólogo e o professor de direito são duas esplêndidas conquistas recentes da imprensa, pela inteligência e o rigor ético, admiráveis na Folha.

NA CENTRAL


DE UM CARIOCA QUE VIU E OUVIU MAIS DO QUE PRECISAVA, AO SABER DA MUDANÇA DE SERGIO MORO PARA WASHINGTON: "AQUI, NO BRASIL, ELE FAZIA HOME OFFICE".

Ilustração: Charge de Pennet

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Veja: Pelo impeachment ou pelo voto https://bit.ly/3uEnGxa

30 maio 2021

Cópia desbotada

Dizem que “gosto não se discute”, mas – creio – macaquear a cultura estrangeira se discute, sim. Achei uma tremenda bobagem (menos para as redes de fast-food) se comemorar no Brasil o “Dia do amburguer”, ontem.

Palavra de poeta

NOBREZAS

Alberto da Cunha Melo
 
Vista-se de jambo,
a cor imã
do sangue velho,
e das frutas
caindo abandonadas
no lamaçal
da delícia degradada,
porque este traje
de machucada mortalha
tem a cor da vida
que vamos, juntos,
ressuscitar.

[Ilustração: Almeida Júnior]
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Veja: Como a gente se encontra nas redes https://bit.ly/3mLkOvf

Concepção e desempenho

Não basta ter uma 'ideia de jogo', expressão da moda; é preciso saber fazer

Nenhum fator determina isoladamente a história de uma partida
Tostão, Folha de S. Paulo

 

A cada dia, valorizam-se mais, exageradamente, as estratégias dos treinadores, associadas às estatísticas e ao desenho tático, na tentativa de explicar tudo o que acontece em um jogo de futebol. Não são mais os times que ganham e que perdem. São os técnicos, os estrategistas.

Outros fatores, bastante importantes e frequentes, em proporções variáveis, costumam ser esquecidos, anestesiados, como as condutas individuais, os aspectos psicológicos e físicos e o acaso.

Nenhum fator isoladamente determina a história de uma partida. As análises radicais, que tentam explicar o jogo por uma única razão, são geralmente sedutoras e resultam em ótimas manchetes, mas não correspondem à realidade. Os comentários das partidas são muito digitais e operatórios, sem levar em conta o encantamento, a improvisação e a beleza.

A expressão mágica da moda é "ideia de jogo". Os times perderiam e ganhariam de acordo com essa proposta. Outras vezes, falam que uma equipe não foi bem porque os jogadores ainda não entenderam a ideia de jogo do treinador. Não basta também ter uma ótima ideia. É preciso saber fazer.

O ser humano adora o autoengano, inventar uma saída que explique todos os fatos. Uma mudança de cinco metros de um jogador, da direita para a esquerda, passa a ser a chave da vitória. Formamos a ilusão de que somos criados e protegidos pelos deuses. Nem a atual catástrofe humanitária derruba essas crenças.

Enquanto a Covid-19 não vai embora, o futebol é um ótimo entretenimento, apesar dos riscos. Mesmo com a possibilidade de uma terceira onda da pandemia, já querem, absurdamente, marcar o retorno do público aos estádios. O Brasileirão das séries A e B já começou. Os times mais fortes da primeira divisão são os mesmos da última temporada. Atlético-MG, São Paulo e Grêmio se reforçaram. O Atlético trouxe Hulk e Nacho Fernández, que têm grandes chances de se destacar no campeonato.

Cuca, após uma experiência inicial, deve ter percebido que, no trio de meio-campo, o volante centralizado e mais recuado precisa, além de proteger a defesa, ter um rápido e eficiente passe, curto e longo. Allan possui essas qualidades.

São Paulo ficou mais forte com Crespo, Benítez, Miranda e a escalação com três zagueiros, pois, com essa formação, aproveita muito bem os dois ótimos alas, Daniel Alves e Reinaldo.

O Grêmio também se reforçou com Rafinha e Douglas Costa. Jean Pyerre, se tiver gana, consciência de suas virtudes e deficiências e contar com a ajuda do técnico Tiago Nunes para encontrar o melhor lugar no campo, poderá evoluir bastante.

O Fluminense, que tem um elenco inferior aos melhores do Brasileirão, não é mais uma surpresa. O bom técnico Roger Machado organizou muito bem a equipe, com duas linhas de quatro, próximas, e com os veteranos Nenê e Fred livres, sem participar da marcação. Os outros dois atacantes pelos lados, rápidos e hábeis, defendem e atacam bem.

Entre 2005 e 2009, quando Fred jogava bem e fazia gols pelo Lyon, da França, surgiu, no clube, o jovem centroavante Benzema, que, além de artilheiro, tinha muito talento. Tornou-se um craque.

Se Fred, no início de carreira, não fosse tão pressionado para fazer gols e para ter sucesso e se tivesse se tornado também, além de artilheiro, um jogador inventivo e construtor, como mostra no Fluminense, ele teria sido ainda mais completo, um craque do nível dos grandes centroavantes da história.

Foto: Alexandre Lops

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Fotografia: cena urbana

à espera da maré alta... (Foto: LS)

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29 maio 2021

Palavra do PCdoB de Pernambuco


Viva a luta do povo por Pão, pela Vida, Vacina e Democracia! Abaixo a violência policial e as arruaças bolsonaristas!

O PCdoB de Pernambuco, ao tempo em que saúda as excelentes manifestações populares realizadas no Recife e em centenas de cidades brasileiras hoje, convocadas nacionalmente pela UNE e endossada pelas demais entidades populares e forças políticas progressistas, também repudia a violência policial perpetrada contra os manifestantes e a Vereadora Liana Cirne. Assim, exige do Governo e do Comando da PM a pronta apuração das responsabilidades funcionais por tais barbaridades, incompatíveis com a democracia e as funções de proteção social que cabem às forças de segurança. Tais ações são reflexo da politização criminosa que permeia as forças policiais e militares do país promovida por Bolsonaro, em detrimento de cuidar da nação, de sua economia e da saúde da população.

Para o PCdoB, é necessário derrotar os dois grandes males da Nação: o Coronavírus e Bolsonaro, responsável maior pelo sofrimento que aflige nossa gente. E o caminho para isso é a união do povo sob uma frente ampla pela democracia; e a mobilização popular, respeitadas as normas de proteção e distanciamento sanitárias.

Viva a Frente Ampla Democrática! Viva a luta do povo! Fora Bolsonaro! Apuração rápida das responsabilidades pela violência policial!

Recife, 29 de maio de 2021

Marcelino Granja. Presidente Estadual do PCdoB-PE

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Foto: Pedro Caldas

Passo adiante

As manifestações de rua ocorridas hoje, no Recife e em centenas de cidades em todo o país, a partir do chamamento da UNE, são um grande êxito da luta pela vacina, pelo pão e pela democracia e reforçam o repúdio e o isolamento de Bolsonaro.

Uma opção válida


PCdoB intensifica articulação para aprovar a federação partidária
Portal Vermelho

A bancada do partido na Câmara dos Deputados e a presidenta Luciana Santos têm participado de intensa articulação no parlamento com visando assegurar a instituição das federações partidários. O objetivo é garantir a manutenção do princípio do pluralismo partidário assegurado pela Constituição Federal.

 

O PCdoB tem intensificado seu diálogo com lideranças partidárias, parlamentares e dirigentes de praticamente todas as legendas com representação no Congresso Nacional. O objetivo dessas articulações é criar uma convergência parlamentar em defesa do pluralismo partidário que, na opinião dos comunistas, se materializa, neste momento, na aprovação da federação de partidos, diante da legislação restritiva e antidemocrática, que proíbe coligações partidárias e eleva a cláusula de barreira. A intensificação da articulação ganha urgência em razão da proximidade do recesso parlamentar e também devido ao prazo para aprovar a legislação eleitoral e partidária que se encerra no dia 2 de outubro, um ano antes das eleições de 2022.

Segundo o deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE), líder do partido na Câmara dos Deputados, a bancada como um todo, em ritmo de mutirão, está empenhada em conversar com os líderes e dirigentes partidários e com o maior número possível de parlamentares. Argumentam que a aprovação da federação de partidos resguarda a diversidade da democracia brasileira e do princípio do pluralismo partidário assegurado pela Constituição Federal.

O líder do PCdoB avalia que, embora todo e qualquer mudança na legislação seja difícil, a proposta da federação partidária, que já foi aprovada pelo Senado Federal, em legislaturas anteriores, tem encontrado recepção acolhedora entre parlamentares de diversos partidos.

“A federação não expande o número de partidos, mas os aglutina por um determinado período preservando a autonomia de cada um e garante a presença no parlamento de legendas programáticas e que tem inserção na sociedade brasileira”, esclarece Renildo, acrescento que esse entendimento tem levado a proposta a conquistar mais apoio.

A presidenta do PCdoB, Luciana Santos, que também exerceu mandato de deputada federal e tem bom trânsito no Congresso Nacional, acompanha e participa da movimentação da bancada. Além do parlamento, Luciana também realiza agenda própria para articular a instituição da federação. “Em sua história quase centenária, toda vez que a democracia brasileira é mutilada e golpeada, como agora, quando o país é governado pela extrema-direita, o PCdoB e outras legendas progressistas têm sua vida parlamentar ameaçada”, ressalta a dirigente nacional dos comunistas.

Luciana Santos acrescenta que, recentemente, reuniu o Comitê Central do PCdoB, que decidiu realizar dois movimentos simultâneos para garantir a presença do Partido no parlamento. A primeira medida é revitalizar a legenda em suas múltiplas dimensões, preparando, desde já,  as chapas de candidaturas, sobretudo de deputados federais, e a outra é justamente lutar pela aprovação da federação partidária e por outras mudanças democráticas na legislação e partidária.

Luciana Santos afirma que “há uma teia de dificuldades”, mas vê possibilidade de a federação partidária ser aprovada. A presidenta sublinha que, “independente do resultado das mudanças das regras das eleições de 2022, qualquer arranjo político frentista que possa se pactuar para garantir a presença do PCdoB no parlamento terá de ser regido  pelo pressuposto de se assegurar a continuidade histórica, a identidade e a autonomia de nossa legenda quase centenária”. Essa diretriz, arremata Luciana, “foi aprovada por unanimidade de nosso Comitê Central e estamos empenhados firmemente para alcançá-la”.

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Para sua informação: Três pontos sobre a CPI da Covid https://bit.ly/2P5l2AZ

28 maio 2021

Gabinete genocida

Documentos do Planalto entregues à 
CPI mostram 24 reuniões com atuação de 'ministério paralelo' na gestão da pandemia
Para grupo majoritário da CPI da Covid, pessoas fora da estrutura do Ministério da Saúde aconselhavam Bolsonaro
Constança Rezende e Raquel Lopes, Folha de S. Paulo

 

Documentos da Casa Civil da Presidência da República entregues à CPI da Covid mostram que pessoas apontadas como integrantes de um “ministério paralelo” da Saúde participaram de ao menos 24 reuniões para tratar de estratégias do governo no combate à pandemia.

Segundo senadores independentes e de oposição da CPI, o "ministério paralelo" seria um grupo de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro fora da estrutura do Ministério da Saúde.

O material remetido à CPI da Covid trata de informações solicitadas sobre todas as reuniões que tiveram como pauta o tema relacionado à pandemia da Covid-19 —Bolsonaro não esteve em seis delas, mas todas ocorreram no Palácio do Planalto ou no Alvorada (residência oficial da Presidência).

Aparecem nessas reuniões o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), o assessor especial da Presidência Tercio Arnaud, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e a médica Nise Yamaguchi.

Todos participantes de reuniões relacionadas à pandemia do novo coronavírus, de acordo com os documentos enviados à comissão. Alguns são citados no mesmo evento ou em momentos distintos. Há reunião também com a presença de outro filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ).

Os filhos do presidente estiveram em ao menos cinco reuniões. Três delas foram por videoconferência, para tratar do mesmo tema: “governadores e pedidos de apoio para enfrentamento da crise, as pautas são referentes a saúde, economia e outras áreas”.

Em uma dessas três reuniões esteve presente o assessor Tercio Arnaud, que teve uma carreira meteórica na equipe de Bolsonaro. Integrante do chamado “gabinete do ódio”, bunker digital do Palácio do Planalto revelado pela Folha, ele é considerado o principal preposto de Carlos Bolsonaro na equipe do presidente.

A médica Nise Yamaguchi esteve em ao menos quatro reuniões no Planalto, segundo os registros da CPI.

Em uma delas, em abril do ano passado, tratou sobre hidroxicloroquina, remédio que não tem eficácia comprovada contra a Covid-19. O presidente chegou a fazer postagens sobre a médica nas redes sociais para falar sobre o medicamento.

Há ao menos 11 registros com a presença do deputado Osmar Terra entre 4 de fevereiro do ano passado até 30 de março deste ano. Em quatro consta na agenda somente a presença dele e do presidente, com tema classificado como “diversos”. Médico, Terra tem sido um dos principais conselheiros de Bolsonaro.

Em outra, ele aparece com Eduardo Pazuello, na data em que este tomou posse como ministro da Saúde. Na ocasião, a pandemia já somava no país 4,4 milhões de casos e 133 mil mortes.

Já o ex-secretário Fabio Wajngarten (Comunicações) aparece em ao menos seis agendas sobre a pandemia, abordando ações governamentais para o combate do coronavírus, vacinação e a situação do estado do Amazonas, que passava por uma crise na falta de fornecimento de oxigênio para pacientes internados com a doença.

O assessor internacional da Presidência Filipe Martins, e ex-assessor Arthur Weintraub e o empresário Carlos Wizard, apontados na CPI como integrantes do grupo paralelo, até então não apareceram nas listas.

No entanto nem todos os membros que participaram dos encontros foram divulgados nas planilhas das reuniões entregues à CPI. Algumas reuniões tratavam de temas como a vacina de combate ao coronavírus e o consórcio Covax Facility.

Em seu depoimento à CPI, o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) disse desconhecer a estrutura paralela. A comissão mira em Carlos Bolsonaro para investigar o suposto grupo, assim como Arthur Weintraub, irmão do ex-ministro Abraham Weintraub (Educação).

Os parlamentares dizem acreditar que o advogado pode ser um dos líderes do gabinete paralelo, após a revelação de vídeos em que afirmou que estava investigando a suposta eficácia da hidroxicloroquina a pedido de Bolsonaro.

Osmar Terra também deve ser convocado. Ele é apontado como um dos conselheiros de Jair Bolsonaro que combateram o isolamento social, único instrumento que existia no ano passado, além do uso de máscaras, para frear a disseminação do novo coronavírus no Brasil.

O requerimento de convocação foi apresentado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE). A decisão de chamá-lo à CPI foi tomada depois que o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) citou Terra como uma das pessoas do grupo que aconselhava o presidente de forma paralela para que ele não seguisse as recomendações da pasta da Saúde.

Segundo o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-secretário Fabio Wajngarten deu relatos que comprovam a existência do grupo.

De acordo com o parlamentar, isso aconteceu depois que Wajngarten admitiu que participou de reuniões de negociação da vacina da Covid com representantes da Pfizer.

“Vossa excelência é a prova da existência dessa consultoria, é a primeira pessoa que incrimina o presidente da República, porque iniciou uma negociação em nome do Ministério da Saúde, como secretário de Comunicação e se dizendo em nome do presidente; é a prova da existência disso”, disse Renan, durante depoimento do ex-secretário à CPI neste mês.

Procuradas por meio da assessoria de imprensa, a Presidência e a Casa Civil não responderam aos contatos da reportagem nesta quinta-feira.

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Veja: Pelo impeachment ou pelo voto https://bit.ly/3uEnGxa

Uma crônica para descontrair

Do surto de raiva ao deixa pra lá
Nicole Guimarães, no blog entre conversas e flores
https://entreconversaseflores.com


É incrível como eu consigo transitar de um estado raivoso para um "deixa pra lá" em menos de vinte e quatro horas.

Não sei se é porque não guardo rancores, se não me apego ou se é preguiça de ficar gastando energia.

Nessa semana, tive duas situações em que pude perceber esse meu estado bipolar-raivoso-indiferente.

A primeira foi com uma empresa que presta serviço de telefonia que me ofereceu uma coisa e vendeu outra.

Foi aquele lengalenga de ficar uma hora no telefone, relatar o problema cinco vezes e ninguém resolver nada. Fiquei irritada demais.

O segundo evento tem a ver com falta de profissionalismo ou má vontade de pessoas que não se atentam ao impacto que suas atitudes (ou não atitudes) podem causar na vida do outro.

Colocamos muita culpa na tal da burocracia, mas vou te contar que para mim um dos maiores problemas do Brasil são alguns indivíduos que não executam seus serviços como deveriam.

Algo que agradeço muito são as boas almas que aparecem no caminho. Talvez elas sejam o motivo pelo qual mudo meu estado de humor para o "vou deixar pra lá" em um piscar de olhos.

Já fui mais bem atendida do que mal atendida. Não dá para ter dias de glória todos os dias, não é?

São vários anjos presentes na minha caminhada que, da forma como podem, me iluminam e abrem meus horizontes.

E aí eu lembro que não posso ofuscar as coisas boas permanecendo por muito tempo no estado raivoso. Viro a chave, respiro fundo e jogo para o universo. O mundo gira.

[Ilustração: Pablo Picasso]

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Veja: Uma dica de leitura para quem gosta de Ariano Suassuna https://bit.ly/3whh2hh

Palavra de Cida Pedrosa

Parcerias não é o mesmo que privatização

Cida Pedrosa

A boa iniciativa da Prefeitura do Recife em apresentar o projeto de lei 12/21, ainda a ser apreciado pela Câmara Municipal do Recife a partir da próxima semana, que trata de alterações na lei 17.856 de 2013 sobre parcerias com a iniciativa privada para implementar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do município e do bem estar coletivo tornou-se ontem mote para um artigo da Deputada Priscila Krause que vem confundir a opinião pública sobre conceitos completamente díspares de Parcerias Público Privadas com Privatização.  Antes mesmo dos vereadores terem a oportunidade de se debruçar sobre o PL, o juízo sobre o mesmo já estava colocado sobre a mesa.

O projeto de lei 12/21 pelo que pude observar não é sobre privatizações. Todo o programa Recife Parceria, incluindo o eixo que trata dos parques e praças, se refere a Parcerias Público-Privadas e Concessões. É importante registrar esta diferença em nome da honestidade com o cidadão recifense. Nessas modalidades, diferentemente das privatizações defendidas pelo DEM, o poder público não se desfaz de qualquer ativo, apenas passando para o ente privado, por tempo determinado, a outorga de gerir aquele determinado serviço ou ativo. Ou seja, privatizações são diferentes de concessões ou PPPs.

Essa confusão de conceitos fica ainda mais clara quando o artigo se volta para o Parque das Graças. Cabe lamentar o desconhecimento ou a tentativa de gerar falsos debates. Como Secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife à época da elaboração do projeto, quero esclarecer que, longe de ser uma obra para a elite, ele prevê um sistema de parques integrados ao longo de 15km em cada margem do rio, favorece a integração da população com o Capibaribe e a preservação ambiental por privilegiar o uso de meios de transportes não poluentes, como as bicicletas.

Ao contrário do que foi insinuado, os recursos da ordem de R$ 40 milhões, necessários à implantação do Parque Capibaribe não estão saindo dos cofres do município. O projeto é financiado pelo programa PAC Pavimentação 2 (FGTS), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), cabendo à prefeitura arcar com R$ 9 milhões desse montante.

Aliás, é bom que se diga que essas parcerias com a iniciativa privada não são novidades no Recife. Um dos principais equipamentos de lazer da cidade, o Parque da Jaqueira, conta há muitos anos com a participação de empresas privadas em sua gestão. E nem por isso deixou de ser propriedade do município nem o acesso do público a ele foi limitado.

Em nossa gestão a frente da Secretaria do Meio Ambiente do Recife,  temos exemplos de parceria exitosas, feitas por compensação ambiental, que trouxe importantes benefícios para a cidade, como a revitalização do Cais do Imperador, espaço no Centro do Recife que serviu de píer para o desembarque do imperador Dom Pedro II, em 1859 e que estava totalmente abandonado desde a década de 60.

Desde que sua implantação foi iniciada, o Parque Capibaribe já vem trazendo benefícios para a cidade. Sua pedra fundamental, o Jardim do Baobá (também executado em parceria), transformou-se em um disputado espaço de lazer e convivência, nas Graças, além de valorizar um baobá portentoso, ao qual a população não tinha acesso.

Essa empreitada em defesa e pela valorização do meio ambiente em nossa gestão também incluiu a requalificação do Jardim Botânico a partir de 2013, com aplicação de recursos oriundos de compensação ambiental. Esse investimento transformou o Jardim Botânico do Recife num dos cinco melhores do país, subindo da categoria “C” para categoria “Ana classificação do Ministério do Meio Ambiente, em 2015.

Todas essas conquistas, que impactam diretamente na melhoria da qualidade de vida da população, não podem ser tratadas com obras menores, secundárias. É objetivo do milênio, das Nações Unidas, trabalhar para tornar as cidades mais sustentáveis, o que inclui melhorar a mobilidade urbana e reduzir a emissão de poluentes, finalidades que integram a proposta do projeto Parque Capibaribe.

Em um momento tão crítico para as cidades brasileiras em que além de enfrentarem a pior crise sanitária que qualquer geração viva ja assistiu, também  encaram a maior crise econômica das últimas décadas, é salutar que os governos municipais estejam trabalhando com propostas que possam arrecadar apoios e recursos para melhorar a vida da população.

Investir nesses projetos não significa negligenciar tarefas rotineiras, e sim, ao contrário, significa desonerar os cofres públicos para garantir novos investimentos essenciais para a qualidade de vida das pessoas como o cuidado com a cidade, com seus canais, com os alagamentos. Infelizmente, alguns projetos maiores e mais dispendiosos, como os de habitação precisam contar com o aporte financeiro do Governo Federal. E como todos sabemos, desde o governo Temer, tem havido um desmanche da política habitacional no Brasil.  O tiro de misericórdia foi o fim do Faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida, que garantia a habitação de interesse social para o público de baixa renda.

Com um governo que trabalha para desmantelar todas as políticas sociais, como o de Jair Bolsonaro, dificilmente as cidades poderão desenvolver qualquer projeto sem recorrer às parcerias público-privadas. Sem recorrer a criatividade e inovação.

Cida Pedrosa é advogada, poeta e vereador no Recife pelo PCdoB

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