31 agosto 2022

Opinião de Enio

O MITOLÓGICO E AUDITÁVEL VOTO-BICO-DE-PENA

Enio Lins, tribunahoje.com

 

Outra medida do TSE a ser aplaudida: A reafirmação do veto ao uso do celular na hora do voto. A lei 9.504/1997, em seu artigo 91, proíbe terminantemente levar “celular, máquina fotográfica e filmadora para a cabine de votação”, mas tem gente que teima em desobedecer. Um dos filhotes do mito, conhecido como “Bananinha”, há quatro anos, divulgou um vídeo estimulando o gado a filmar a urna em funcionamento caso “desconfiasse” de algo.

“Auditar” é a questão
. Esse é um velho desafio para o comprador de voto. Como saber se o produto foi entregue? O eleitor teria escapulido do cabresto? Essa dificuldade quebrou a cabeça do coronelismo desde que o voto-bico-de-pena foi extinto, há exatos 92 anos, quando a Revolução de 30 instituiu o sufrágio secreto, abolindo o vergonhoso ato de votar à descoberto, sob “auditoria em tempo real”, como era praticado desde os tempos do Império.

Levar o celular para a cabine
 é sonho dos auditores mitológicos. Basta cada rês filmar seu votar passo a passo, até o bilimbilim finalizador, daí é só mandar o vídeo para o capataz. Simples assim. Ainda circula nas redes um badalado vídeo, feito na eleição presidencial de 2018, onde o eleitor “encarca” o número 17 com a ponta de uma pistola semiautomática. A Revista Fórum publicou que esse voto teria sido disparado na Escola Estadual Maurício Brum, em São João do Meriti, Rio de Janeiro. Não se sabe o resultado de investigação sobre, nem mesmo se existiu inquérito.

O mentecapto que ocupa 
a presidência da República, em entrevista à Rádio Guaíba (Porto Alegre/RS) no dia 2 de agosto deste ano, disse que “uma das propostas das Forças Armadas ao TSE” seria “filmar a votação dos eleitores”, em urnas escolhidas aleatoriamente, para “quem se voluntariasse”, para que “ao final da votação” essa gravação ser conferida com os dados da urna oficial. Essa ideia de jerico, ilegal, é um coice no voto secreto e seria o retorno do voto bico-de-pena, agora em versão filmada.

No tempo da cédula
 de papel a fiscalização tinha de suar a camisa, se virar nos trinta para assegurar o sigilo do voto, pois os donos dos currais eleitorais inventavam a toda eleição uma mutreta nova para auditar seus eleitores, como o uso de papel carbono ou a devolução de uma cédula “zerada” para iniciar a "corrente”. O uso do celular na cabine resolveria esse dilema secular dos raptores de votos, que querem até hoje controlar e coagir o eleitorado.

Veja: Pedir o voto faz a diferença https://bit.ly/3QUTNTT

30 agosto 2022

Humor de resistência: Aroeira

 

Aroeira

Um candidato se elege porque seus apoiadores pedem voto https://bit.ly/3QUTNTT



Amanônia no foco

Lula debaterá futuro da Amazônia em maratona pelo Amazonas, Pará e Maranhão. Além das pautas específicas de cada estado, o ex-presidente vai defender a preservação e o desenvolvimento sustentável da região. Leia mais https://bit.ly/3AZsEtL

Risco sanitário

Faltam serviços básicos de higiene em metade das unidades de saúde do mundo
Novo relatório da OMS com o Unicef traz dados sobre serviços básicos de limpeza nesses estabelecimentos em 40 países; estimativa global sobre higiene revela risco de propagação de doenças e infecções para pacientes e profissionais de saúde
ONU News

Em todo o mundo, em metade das unidades de saúde faltam serviços básicos de higiene como água e sabão ou álcool gel. É o que revela um relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde, OMS, e o Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef.

Cerca de 3,85 bilhões de pessoas que usam essas instalações correm um risco maior de infecção, incluindo 688 milhões que recebem atendimento em instalações sem nenhum serviço de higiene.

Piora no quadro global

relatório, lançado esta terça-feira, estabelece pela primeira vez uma linha de base mais global sobre serviços de higiene. São dados de 40 países, que representam 35% da população mundial. A avaliação foi feita em pontos de atendimento e banheiros desses estabelecimentos.

A estimativa global recém-estabelecida revela um quadro mais claro e alarmante do estado de higiene nas unidades de saúde.

De acordo com a análise, uma em cada 11 unidades de saúde não possuem nenhum banheiro, nem instalações para lavagem de mãos. Apenas 51% tinham ambos e, portanto, atendiam aos critérios para serviços básicos de higiene.

Embora houvesse instalações de higiene em 68% dos pontos de atendimento dos estabelecimentos de saúde, em 3% não havia água e sabão nos banheiros.

Diferentes regiões e grupos de renda

As instalações na África Subsaariana estão aquém dos serviços de higiene. Enquanto 73% dos estabelecimentos de saúde na região em geral têm desinfetantes para as mãos à base de álcool ou água e sabão nos pontos de atendimento, apenas 37% têm instalações para lavagem das mãos com água e sabão nos banheiros.

A grande maioria dos hospitais possui instalações para higienização das mãos nos pontos de atendimento, em comparação com 68% das outras instalações de saúde.

Acesso a água e saneamento

Globalmente, cerca de 3% dos estabelecimentos de saúde nas áreas urbanas e 11% nas áreas rurais não tinham serviço de água. Nos países menos desenvolvidos, apenas 53% dos estabelecimentos de saúde têm acesso local a uma fonte de água protegida, em comparação ao número global que é de 78%.

Dos países com dados disponíveis, uma em cada 10 unidades de saúde em todo o mundo não tinha serviço de saneamento. Nas nações menos desenvolvidos, apenas uma em cada cinco tinha serviços de saneamento básico em unidades de saúde. Os dados revelam ainda que muitas unidades de saúde carecem de limpeza ambiental básica e segregação segura e descarte de resíduos de saúde.

A diretora do Departamento de Clima, Meio Ambiente, Energia e Redução de Risco de Desastres do Unicef alerta que se os prestadores de serviços de saúde não têm acesso a um serviço de higiene, “os pacientes não têm uma unidade de saúde”.

Kelly Ann Naylor ressalta ainda que hospitais e clínicas sem água potável e serviços básicos de higiene e saneamento “são uma potencial armadilha mortal” para mães grávidas, recém-nascidos e crianças. Todos os anos, cerca de 670 mil bebês perdem a vida dias para a sepse poucos dias depois do nascimento.

Medidas básicas

Segundo a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, a higiene nas instalações de saúde não pode ser garantida sem aumentar os investimentos em medidas básicas, que incluem água potável, banheiros limpos e resíduos de saúde gerenciados com segurança.

Para ela, a melhoria desses serviços é essencial para recuperação, prevenção e preparação de pandemias. A representante pede aos Estados-membros que intensifiquem seus esforços para implementar seu compromisso da Assembleia Mundial da Saúde de 2019, fortalecendo serviços de água, saneamento e higiene em unidades de saúde.

Prevenção

A OMS destaca que as mãos e os ambientes contaminados desempenham um papel significativo na transmissão de patógenos nas unidades de saúde e na disseminação da resistência antimicrobiana.

Por isso, aumentar o acesso à higienização com água e sabão e limpeza ambiental são a base dos programas de prevenção e controle de infecções. Essas medidas também são cruciais para fornecer assistência de qualidade, principalmente para um parto seguro.

O relatório está sendo lançado na Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na Suécia. A conferência anual, que acontece de 23 de agosto a 1º de setembro, explora novas maneiras de enfrentar os maiores desafios da humanidade, da segurança alimentar e saúde à agricultura, tecnologia, biodiversidade e clima.

Leia também: As mudanças que afetam a retomada da economia global https://bit.ly/3NnFF3n

Fotografia: cena urbana

 

Carolina Souza*


*Estudante, poeta, fotógrafa amadora
Janelas abertas para o mundo https://bit.ly/3n47CDe     


Na frente

Lula continua 12 pontos à frente na corrida presidencial, diz pesquisa IPEC. Lula segue com 44% e Bolsonaro com 32% no primeiro turno. Pesquisa capta clima após entrevistas feitas por William Bonner e Renata Vasconcellos. Leia mais https://bit.ly/3Q8Y71e

Veja: Pedir o voto faz a diferença https://bit.ly/3QUTNTT

MCP, berço da pedagogia do oprimido

Em 1960, em Pernambuco, estudantes, artistas e intelectuais, apoiados por Miguel Arraes, criaram o Movimento de Cultura Popular (MCP) para alfabetizar adultos e formar cidadãos. Cida Pedrosa conta a história do movimento onde nasceu a pedagogia do oprimido, de Paulo Freire.
Veja: Pedir o voto faz a diferença https://bit.ly/3QUTNTT

Algo mais debaixo do tapete

Indícios de “organização criminosa” levaram Moraes a autorizar operação da PF

Ministro do STF aponta “fortes indícios e significativas provas” com a finalidade de atentar contra o Estado de Direito
Tatiane Correia, Jornal GGN

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ter visto sinais de uma “verdadeira organização criminosa” contra a democracia, ao autorizar a operação da Polícia Federal contra um grupo de empresários bolsonaristas.

A decisão do ministro foi sustentada por representação apresentada pela Polícia Federal, assinada pelo delegado Fábio Alvarez Shor, além de evidências obtidas em outras investigações – Moraes é relator dos inquéritos de fake news e das milícias digitais.

Tal decisão foi tomada “em virtude da presença de fortes indícios e significativas provas apontando a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político absolutamente semelhantes àqueles identificados no Inq. 4.781/DF, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.

Segundo o ministro, os sinais apresentados “revelam a necessidade de bloqueio de contas bancárias que possam financiar a organização criminosa”, destacando-se ainda que os empresários em questão não negam a autoria das mensagens.

“Além disso, o poder de alcance das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos, eis que possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas”, lembra Moraes em sua decisão.

“Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas”, ressaltou o ministro do STF.

A operação autorizada por Moraes na última semana teve como foco oito empresários que, em grupo de WhatsApp, conversavam sobre a possibilidade de um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições de outubro. As mensagens foram reveladas pelo portal Metrópoles.

Os empresários investigados são Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do shopping Barra World; Luciano Hang, da rede de lojas Havan; Luiz André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.

Veja: Bolsonaro, os militares e a democracia https://bit.ly/3NwQssg

Opinião de Enio

Tá faltando pimenta no debate nacional

Enio Lins, tribunahoje.com

   

Janones venceu o debate da Band, proporcionalmente falando, lógico. Nem se sabe o porquê, mas o líder do Avante implodiu a tropa de choque bolsonarista que estava na tribuna de honra. Astros bolsominons, como o ex-minstro Salles, perderam a compostura e o deputado mineiro dominou o forrobodó na antessala, enquanto na sala principal o meliante que ocupa a presidência da República foi, durante quase todo o tempo, poupado, tratado a pão-de-ló.

Lula desperdiçou
 quase todas as oportunidades de chutar a gol, e a bola quicou na frente dele várias vezes, desde a primeira e previsível pergunta desferida pelo falso Messias, respondida de forma longa, complexa e sem frases de efeito, dando a impressão que o ex-presidente estava respondendo a alguém digno. Assim não dá, sinceramente. É preciso jair tratando o energúmeno como ele merece. A hora de ser paz e amor já passou, seu Luiz.

Todas as candidaturas presentes
 ao debate aliviaram com o candidato à reeleição. Uma pergunta ligeiramente mais incisiva aqui outra ali, mas na base da água-com-açúcar. Num exemplo, o comportamento genocida durante a pandemia foi menosprezado e, sem estar disputando o pleito, quando tocou de leve neste ponto, a jornalista Vera Magalhães tirou do sério o madraço. Noutro exemplo, ninguém se lembrou do resto da familícia metralha; e 01, 02,03 e 04 foram deixados na moita.

A polarização é rea
l, como nunca na história recente, mas o debate na Band passou a impressão de que existem mais de duas candidaturas para valer. Culpa do Lula? Talvez. Mais debates virão e vamos ver como a coisa evoluirá, na prática, pois a polarização não é apenas a eleitoral entre Lula e Jair, mas fundamentalmente entre a ética x Jair, verdade x Jair, futuro x Jair, Brasil x Jair. É hora de frente amplíssima contra esse lixo.

Lula, única candidatura
 com capacidade de vencer o sorna, precisa lutar para separar – e isolar – o joio do trigo. O candidato do PT necessita conversar com o eleitorado de Ciro Gomes, Simone Tebet, Felipe D’Ávila, Soraya Thronicke e demais presidenciáveis que não estiveram no debate, precisa ir buscá-los, como fez com o adversário histórico Geraldo Alckmin. Nas próximas mesas-redondas é besteira lembrar que um foi a Paris, outra votou pelo impeachment de Dilma. É perda de tempo, pois o Brasil só tem um inimigo: o mandrião que quer se reeleger.

Janones
 está fazendo falta no palco principal.

Pedir o voto faz a diferença https://bit.ly/3QUTNTT

Não abrir a guarda

Vale saber que o agregador de pesquisas eleitorais do Estadão Dados indica 45% das intenções de voto para Lula e 33% para Bolsonaro no primeiro turno. Mas importa mais ainda intensificar a campanha.

Pedir o voto faz a diferença https://bit.ly/3QUTNTT

29 agosto 2022

O voto na família

Pesquisa mostra influência de familiar na definição do voto para deputado

Segundo levantamento da Quaest, 49% disseram que ouvem a opinião de parentes na hora de definir o voto para a Câmara; 42% consideram a de candidatos a presidente
Priscila Lobregatte, Vermelho www.vermelho.org.br


A opinião familiar é um dos principais requisitos considerados pelo eleitor na hora de decidir seu voto para deputado federal. Segundo levantamento feito pela Quaest Pesquisa e Consultoria, 49% do eleitorado adota essa posição. Desses, 22% disseram levar muito em conta a visão de parentes.

Outro dado trazido pela pesquisa é que 42% dos entrevistados consideram a opinião dos candidatos a presidente; 35%, a de colegas de trabalho e 25% consultam seus líderes religiosos, como padres e pastores, entre outros. Além disso, são levadas em conta opiniões de candidatos ao governo e de prefeitos, pela proximidade destes com as pautas que incidem sobre a vida do cidadão. 

Os dados também mostraram que pessoas identificadas com o campo da direita tendem a dar mais importância à posição dos familiares do que os de esquerda.

Leia também: Maioria dos parlamentares vota contra pautas de interesse do povo

Essa tendência à opinião familiar, em geral, tem relação com a falta de conhecimento e de intimidade de boa parte da população com a política e com o papel dos parlamentares em particular. 

Não à toa, muitas campanhas investem na disseminação de informações eleitorais via grupos familiares de mensagem — em especial via Whats App —, que acabam também sendo terreno fértil para fake news. Os coordenadores da área de marketing costumam estimular a criação de grupos e subgrupos pelos quais as mensagem são repassadas por parentes e amigos, o que em geral conta mais do que quando recebidas por desconhecidos. 

Os tipos de mensagem costumam considerar as fases inicial da campanha, quando os candidatos são apresentados; o da consolidação, quando as propostas são colocadas e perto do final, vem o pedido de voto propriamente dito, montando-se assim uma sequência lógica e crescente da relação do possível eleitor com o postulante ao cargo.

Nesse sentido, os últimos dias são cruciais, uma vez que o voto para o parlamento é muitas vezes decidido em cima da hora. Segundo a mesma pesquisa, feita em junho, 47% declararam que definem seu voto para deputado federal com um mês de antecedência; 12% a 15 dias da eleição e 36% disseram que só decidem de fato uma semana antes do pleito. 

Segundo afirmou a cientista política da UERJ, Carolina de Paula, ao jornal O  Estado de S. Paulo, o fato de as eleições parlamentares serem realizadas juntamente com a de presidente e governador contribui para que os eleitores tenham dificuldade para decidir sobre o voto para deputado. “Acredito que se tivéssemos eleições separadas, teríamos uma forma de votar um pouco mais cuidadosa. A atenção dos eleitores está focada no Executivo, principalmente o nacional. Como temos uma eleição presidencial, isso é natural”, declarou. 

Veja; Pedir o voto é um ato de cidadania https://bit.ly/3QUTNTT

A mentira tem pernas curtas

As Fake News de Bolsonaro no debate da Band

Jair Bolsonaro disparou, ao menos, 5 grandes Fake News durante o debate na Band, neste domingo
Patrícia Faermann, Jornal GGN


Jair Bolsonaro disparou, ao menos, 5 grandes Fake News durante o debate na Band, neste domingo (28). As mentiras do presidente foram todas sobre o cenário de economia atual de seu governo, incluindo o Auxílio Brasil, investimentos externos e a suposta dívida bilionária da Petrobrás.

De acordo com a agência de checagem Lupa, foram cinco as grandes mentiras de Jair Bolsonaro durante o debate entre os presidenciáveis.

Boa parte das mentiras são relacionadas aos números exorbitantes de economia que o mandatário jogava em suas “falas de efeito” nas respostas curtas, adequadas para recortes e disseminação nas redes sociais.

Auxílio Brasil

Uma das primeiras mentiras foi sobre a aprovação do Auxílio Brasil – o programa que desmontou o Bolsa Família e aumentou, somente neste ano eleitoral e com data de validade para dezembro de 2022, R$ 600 para as famílias.

Assim como outras conquistas dos governos Lula e Dilma, Bolsonaro assumiu para ele o crédito da aprovação do aumento do valor do programa.

“Foi o meu governo, contra o voto do PT na Câmara [que aprovou Auxílio Brasil de R$ 400]”, disse. Trata-se de Fake News, uma vez que o PT votou favoravelmente ao aumento do benefício.

O partido de Lula não só votou pelo aumento, como criticou amplamente que a proposta do governo durava somente no ano eleitoral.

“R$ 900 bilhões”

Jair Bolsonaro voltou a trazer os números mentirosos do supoto endividamento da estatal brasileira Petrobras. “A Petrobras, ao longo de 14 anos do PT, se endividou em aproximadamente R$ 900 bilhões”, disse.

Como já desmentido quando o mandatário deu a mesma declaração anteriormente, o endivadamento de 2016, após o último governo de Dilma Rousseff, foi de R$ 397,8 bilhões.

Inflação “uma das menores do mundo”

Outro tópico de Fake News foi a inflação. Jair Bolsonaro disse que, neste ano, “a inflação do Brasil é uma das menores do mundo”. Falso: segundo relatório da OCDE, o Brasil é o 4º pior país do G20 em inflação, perdendo somente para a Argentina, Rússia e Turquia.

Também afirmou que a inflação do Brasil era “menor até que a dos EUA”. Também mentira. O IPCA acumulado de 12 meses, em julho deste ano, chegou a 10,07%, enquanto que nos Estados Unidos estava em 8,5%.

Investimentos do exterior

O mandatário disse que “nunca tivemos tanto dinheiro fora do Brasil investido aqui”. Mesmo com a política apontada ao liberalismo de Paulo Guedes, sequer estes objetivos foram conseguidos pelo governo.

O Brasil atraiu em 2021 US$ 50,3 bilhões de investimentos internacionais. O maior investimento da série histórica do Brasil foi conquistado em 2011, logo após o governo Lula e começo do governo Dilma, recebendo US$ 97,4 bilhões.

Defesa das mulheres

Em um dos temas do qual a agência de checagem caracterizou como “exagerado”, Bolsonaro também difundiu Fake News. “Sancionei mais de 60 leis em defesa das mulheres”, disse o presidente, ao tentar convencer de que defendeu as mulheres em seu governo.

Mentira, porque foram sancionadas 40 leis especificamente para as mulheres e nenhuma delas a proposta foi de seu governo ou de sua autoria, mas de deputados e senadores de outros partidos e, principalmente, da oposição.

Veja; Pedir o voto é um ato de cidadania https://bit.ly/3QUTNTT

Conflito de ideias e nem tanto...

Quem ganhou e quem perdeu no debate da Band?
Luciano Siqueira

 

Tornaram-se tradição no Brasil debates entre candidatos à presidência da República marcados por regras rígidas e restritivas e pela aposta numa ou noutra nuance que favoreça algum dos protagonistas. 

No debate de ontem, organizado por um pool jornalístico liderado pela Band, essa expectativa se confirmou mais uma vez. 

Não há tempo e espaço para que os participantes exponham com argumentos claros e fundamentados suas proposições. Há para o jogo de mini conflitos e tiradas mais ou menos inteligentes (ou até desastradas). 

Então, prevaleceu a intenção de candidatos e dirigentes de suas campanhas de, em primeiro lugar, não perder. E, se possível, conquistar um passo adiante. 

Para o ex-presidente Lula, por exemplo, na dianteira das pesquisas de intenção de voto, empatar seria vencer. 

Concomitantemente, os demais participantes, em posição secundária, procuraram explorar a oportunidade de pelo menos serem notados pelo eleitorado. 

O candidato do Partido Novo, empresário Felipe D’Avila e as senadoras Soraya Thronicke (União Brasil) e Simone Tebet (MDB) se esforçaram numa espécie de aposta ou investimento no tempo futuro, pois são atuais frustrados atores de uma inviável terceira via. 

Ciro Gomes, do PDT, tem muito do seu desembaraço e traquejo desperdiçado por uma opção tática equivocada. Ao tratar Lula e Bolsonaro como se fossem polos de uma mesma entidade, põe em si mesmo sapatos de chumbo que o condenam a um desempenho eleitoral bisonho. 

E se é possível uma aferição mais precisa, Lula não venceu nem perdeu.

Quem perdeu — e perdeu feio! — foi o atual presidente da República. Seja pela confirmação da sua absoluta incompetência, seja pela evidente insegurança e pelo destempero, seja ainda pela absurda misoginia. 

Mas é preciso ter em conta que debates como esses não se encerram em si mesmos, desdobram-se numa luta de narrativas conflitantes que se estende pela própria mídia convencional e nos meios digitais.

Outros debates virão e já se especula que o núcleo dirigente da campanha do presidente da República tende a vetar sua participação justamente por considerá-lo inapto para o confronto de ideias. Ou seja, para além do monólogo odioso e negacionista ele perde todas.

Veja; Pedir o voto é um ato de cidadania https://bit.ly/3QUTNTT

Fakes anti-Lula

TSE determina que mentiras sobre Lula sejam apagadas de redes bolsonaristas. Ministra Maria Cláudia Bucchianeri estabeleceu que os conteúdos — um dos quais veiculados pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — sejam excluídos em 24 horas. Leia mais https://bit.ly/3KvmEvV

Reconstrução nacional

O fim do Superministério
Os ventos novos que parecem soprar na direção do Palácio do Planalto sugerem que haverá mudanças na condução da política econômica a partir do ano que vem
Paulo Kliass, Vermelho www.vermelho.org.br

A se confirmarem as pesquisas a respeito das intenções de voto da população brasileira para o pleito de outubro próximo, a permanência de um superministério da economia em nossa estrutura da administração pública federal é uma questão de favas contadas. A impressionante concentração de poderes que foi outorgada a Paulo Guedes tem suas origens ainda na campanha eleitoral de 2018. Naquele momento, o candidato que havia sido subestimado pela grande maioria dos analistas e dos agentes políticos tradicionais conseguiu atrair para seu entorno uma figura com facilidade de trânsito no interior do sistema financeiro.

Bolsonaro argumentava que não entendia nada de economia e que o banqueiro seria o seu Posto Ipiranga, uma imagem usada para alguém que sabia todo tipo de resposta para qualquer tipo de pergunta. Incumbido de tal missão, o ego do aprendiz de liberaloide ficou ainda mais inflado. Ao longo do processo, Guedes conseguiu lapidar a imagem tosca que o ex capitão defensor da tortura e da pena de morte sempre carregou ao longo de seus 28 anos ininterruptos como deputado federal. Ele abriu espaço para seu candidato no meio das elites do financismo e esse movimento certamente contribuiu para que o defensor da ditadura militar conseguisse superar arestas e saísse com apoios que foram decisivos para sua vitória no segundo turno contra Fernando Haddad do PT.

A retribuição oferecida por Bolsonaro veio sob a forma de uma generosa oferta a Paulo Guedes, maior inclusive do que aquela com que agraciou o ex juiz Sérgio Moro. Este último havia impedido que Lula participasse como candidato, justamente o único que as sondagens apontavam como capaz de superar o militar no segundo turno. O xerife da Lava Jato foi contemplado com a unificação dos Ministérios da Justiça e da Segurança, mas o banqueiro recebeu ainda mais. Paulo Guedes converteu-se no superministro da economia. Bolsonaro criou o chamado “monstrengão”, com a junção de quatro ministérios tradicionais na cena da Esplanada brasiliense.

Leia também: A influência do general Inflação https://bit.ly/3Oa6IAz

Ministérios da Fazenda, do Planejamento e do Desenvolvimento e Indústria

Para tanto foi promovida a fusão do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento, do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior e do Ministério do Trabalho. Nem mesmo os casos precedentes de concentração de poderes na área econômica haviam chegado a tanto. Delfim Netto durante o governo do General Figueiredo e Zélia Cardoso com Fernando Collor também foram chamados de superministros pela imprensa, mas seus poderes efetivos não chegaram ao nível de concentração de Paulo Guedes.

Leia também: De quantas mentiras e distorções é feita uma entrevista de Bolsonaro?

Na verdade, esse fetiche que se cria com o anúncio da redução do número de pastas mascara a realidade dos supostos ganhos com a redução de despesas. Esses ministérios cumprem missões importantes no desenvolvimento e na implementação de políticas públicas em áreas tão diversas quanto relevantes. Estamos falando de setores essenciais como Planejamento, Orçamento Federal, Tesouro Nacional, Receita Federal, Comércio Exterior, Empresas Estatais, Previdência, dentre outros. E isso sem falar de toda a estrutura das delegacias estaduais do Ministério do Trabalho e do INSS. No entanto, ao contrário do que supõe o senso comum, os gastos com a manutenção de tal máquina praticamente se mantiveram inalterados. As funções dos antigos ministros foram substituídas por novos cargos criados na condição de “secretários nacionais”, com remuneração quase igual.

Assim, o que se verificou na prática foi uma concentração descomunal e disfuncional dos poderes em uma única pessoa, com as consequentes perdas em eficácia e eficiência da própria máquina administrativa no cumprimento de suas funções. O argumento malandro e falacioso da redução de despesas não resiste a qualquer tipo de análise das contas orçamentárias. Por outro lado, o apetite por cargos nunca foi abandonado pelo fisiologismo nem por outros grupos de interesse no Congresso Nacional. Com isso, à medida que as dificuldades políticas foram aparecendo, Bolsonaro começou a recuar também nesse domínio.

Guedes: Estado mínimo e superministério

Em dezembro de 2021, por exemplo, ele cedeu a pressões e desmembrou as áreas de Trabalho e Previdência do superministério de Guedes. Antes disso, em 2020, Moro já havia pedido exoneração do cargo de colaborador de Bolsonaro e as pastas de Justiça e Segurança Pública voltaram a ser separadas na estrutura administrativa. Um dos fatores que mais contribuiu para o discurso de redução ministerial foi a proposta de Paulo Guedes de corte radical de gastos governamentais, de desmonte das políticas públicas e de privatização radical das empresas estatais. Frente a uma estratégia como essa, não se fazia necessária mesmo a manutenção de uma estrutura estatal eficiente e com a dimensão capaz de dar cabo das missões constitucionais que o nosso pacto social estabelece.

Guedes tentou levar em frente a adequação de sua visão de mundo ortodoxa e neoliberal à realidade brasileira. Este seria o caminho para a implementação do Estado mínimo, um sonho atrasado dos conservadores órfãos de Milton Friedman e um desejo explícito de onze em cada dez dirigentes do financismo tupiniquim.

No entanto, os ventos novos que parecem soprar na direção do Palácio do Planalto sugerem que haverá mudanças na condução da política econômica a partir do ano que vem. Além disso, tudo indica uma reviravolta na orientação de menos Estado e de menos despesas governamentais. As declarações de Lula apontam para a necessidade da recuperação do protagonismo do Estado para a saída da crise atual e para a construção de uma estratégia planejada para o futuro do Brasil.

Lula: um novo Estado para reconstruir o desmonte

A história recomenda a retomada do desenho ministerial com as pastas da Fazenda, do Planejamento e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior separadas cada uma das demais. Como a economia faz parte do campo de conhecimento das ciências humanas e sociais, as questões geralmente envolvem opções políticas distintas. Assim, a existência de duas ou mais abordagens e propostas para as ações e programas do governo permite ao Presidente da República exercer seu papel de tomador de decisões em última instância. Em geral sempre houve esse tipo de debate ao longo das últimas décadas, geralmente protagonizado pelos ministros ocupando as pastas da Fazenda e do Planejamento. Assim foi o que ocorreu, por exemplo, entre Delfim e Simonsen, entre Pedro Malan e José Serra, entre Palocci e Mantega.

Leia também: Bolsonaro no Jornal Nacional: a apneia da lorota

Além disso, a recuperação de agendas deliberadamente abandonadas por Guedes e Bolsonaro implica o reposicionamento de temas como planejamento, orçamento, capacidade arrecadatória, responsabilidade social na política fiscal, instrumentos de política de reindustrialização, revalorização da política de recursos humanos e gestão de pessoas, entre outros. Para tanto, a divisão das inúmeras secretarias encarregadas de tais missões pela estrutura ministerial mais desconcentrada com certeza oferecerá melhores resultados em termos de eficiência da gestão e da ação governamentais.

Em outras palavras, um eventual futuro governo Lula deverá significar o fim do superministério da economia. E com isso estarão dadas as condições para que seu mandato seja mesmo dedicado ao enfrentamento de questões vitais, como a retomada do crescimento econômico e a redução do desemprego, a colocação do tema do planejamento do Estado como central, o fim dos instrumentos da austeridade fiscal, a implementação de políticas setoriais visando a industrialização e a soberania energética, dentre tantas outras.

Veja; Pedir o voto é um ato de cidadania https://bit.ly/3QUTNTT