28 março 2013

Repatriação em meio à crise global

No caminho da volta, fugindo da crise
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

O dado é significativo: nos últimos cinco anos, aproximadamente 300 mil brasileiros que haviam emigrado retornaram ao Brasil.

Significativo duplamente: porque a crise econômica global dá mostras de que continuará se prolongando por muito tempo; e porque a realidade brasileira destoa do que se vê hoje nos EUA, Japão e Europa – para melhor, combinando crescimento com inserção social.

O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, considerando dados de 2007 a 2012, estima que 2,5 milhões de brasileiros vivem fora do país, incluindo os que se encontram em situação ilegal. Em geral daqui saíram em busca de oportunidade de trabalho, em tempo de retração da economia e ausência de qualquer perspectiva.

Estatísticas não oficiais indicam que na atual onda imigratória (gente de muitos países veem ao Brasil atraída pelos bons ventos da economia), 65% dos imigrantes são brasileiros que retornaram ao país, “imigrantes internacionais de retorno”. Em 2000, eles eram 61% do total de imigrantes – portanto, o número tem se ampliado. Dos que vêm dos EUA, são 84,2%; do Japão, 89,1% e de Portugal, a 77%.

Mas o outro lado da moeda: a capacidade de bem recepcionarmos os que retornam para melhorar de vida. Antes de tudo é preciso retomar o dinamismo da economia, que em 2012 esteve em baixa. O Produto Interno Bruto ficou em 0,9% em relação a 2011. Os investimentos regrediram em 2012 para 18,1%, quando em 2011 representaram 19,3% do PIB.

Em contraste, segundo o IBGE, a despesa de consumo das famílias cresceu 3,1%, beneficiada pela elevação de 6,7% da massa salarial dos trabalhadores (em 2012, 95% das categorias trabalhadoras tiveram aumento real) e pelo acréscimo, em termos nominais, de 14,0% do saldo de operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres para as pessoas físicas. Ao que se cresce a atual taxa de desemprego mais baixa em termos históricos, oscilando em torno 5% (tecnicamente considerado estado de pleno emprego).

É fato que os números iniciais de 2013 indicam que a economia cresce em ritmo pouco maior que o do ano que passou, onde se salienta a retomada da indústria.

Mas é preciso avançar. Mexer com condicionantes do crescimento econômico tais como o câmbio, a taxa básica de juros, o bom uso dos bancos estatais como indutores do crescimento, o incremento de tecnologia para impulsionar a competitividade da indústria, o aumento da arrecadação – fatores que, bem explorados, podem assegurar o bom ambiente econômico e social que os brasileiros que retornam e os que aqui sempre estiveram desejam. 

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