11 maio 2014

Economia no centro da disputa

As cartas na mesa 

Sybelle Chagas

Ao contrário da campanha de 2010, parece que a tônica do debate dos presidenciáveis vai ser tema fundamental para um projeto de país: a economia política. Provavelmente, é o cenário internacional, com repercussões negativas na economia brasileira, que está pautando os discursos. E é na hora da dificuldade que dá para saber de que lado estão os candidatos.

A nossa situação econômica, apesar de muito melhor que a mundial, não está fácil. Como o controle inflacionário do tão falado, e dogmático, tripé macroeconômico se dá com o real valorizado, por meio do ingresso de recursos estrangeiros atrás da remuneração dos títulos públicos federais, a valorização do dólar, decorrente do fim do programa de estímulo americano, e consequente desvalorização do real, pressiona significativamente a inflação. Mesmo com juros altíssimos como os atuais, Selic 11%a.a., esse movimento não está sendo contido, ocorrendo apenas suspensões pontuais nessa situação.

Um outro efeito que os economistas atribuem ao aumento da Selic, a diminuição de procura por crédito, não tem ocorrido na economia brasileira. Na verdade, nesse aspecto, a Selic alta só serve de justificativa para aumento do spread bancário, atualmente em 12,3%.

Com a pouca resposta na redução do crédito, prometer reduzir a meta de inflação e a inflação propriamente dita, utilizando os instrumentos do tripé macroeconômico, só pode resultar em aprofundar a desindustrialização, grave problema já presente em nossa economia, além de uma possível recessão, com a diminuição do consumo. Essas foram as propostas, finalmente reveladas, de Eduardo Campos e o compromisso, reafirmado, por Aécio Neves.

Por isso, comemorei o pronunciamento da presidenta Dilma no Dia do Trabalhador, ressaltando compromissos como a valorização do salário mínimo, crescimento econômico, com controle inflacionário, reajuste do Bolsa Família e reforçando a distribuição de renda e o poder aquisitivo do trabalhador. Por outro lado, segue incentivando a produção industrial, buscando aumentar os investimentos brasileiros, tanto públicos como privados. Esse é o melhor caminho, seguir crescendo, distribuindo renda, dando mais força e robustez à nossa economia. Reforço desse tripé só serve ao interesse, e ao bolso, de poucos.

Nessas eleições, tomara que esse permaneça sendo o debate. Só assim o povo vai poder escolher com as verdadeiras cartas, que decidem os rumos do país, na mesa.

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