14 setembro 2015

Cooperação científica

É necessário criar

Aldo Rebelo, no portal Vermelho
Os historiadores aceitam que a “escola” de Sagres não foi um estabelecimento de ensino no conceito moderno. Mas, aos olhos do presente, pode-se afirmar que o estaleiro criado no século XV pelo infante dom Henrique em Portugal já surgiu no futuro. De um modo visionário, que somente séculos depois governos e grandes empresas conceberiam, o que funcionou na vila de Sagres foi um instituto de tecnologia e inovação.
Cartógrafos, astrônomos, navegadores desenharam cartas náuticas com inéditas indicações de latitude, projetaram navios velozes, desenvolveram técnicas de navegação, inovaram no uso dos instrumentos conhecidos – e palmilharam o mundo ignoto ao fim dos oceanos, Nessa empresa marítima que enfunaria as velas da primeira globalização, Portugal tornou-se potência planetária na etapa revolucionária de irrupção do capitalismo mercantil. Sagres forjou a Era dos Descobrimentos e modelou nova geopolítica do mundo. O Brasil é uma dádiva dessa fase fecunda da História.
Nesta semana, estivemos em Portugal para firmar acordos de cooperação científica, tecnológica e no campo da Inovação com instituições portuguesas de alto nível e prestígio internacional. A tecnologia deitou raízes nas duas nações, e os Estados nacionais brasileiro e português remontam à fortuna científica e tecnológica que floresceu na Vila do Infante no Algarve. Como no passado, ainda temos muito a aprender com Portugal nos ramos mais avançados do Conhecimento, como Nanotecnologia, Inovação e Engenharia para indústrias da mobilidade, iniciativas de divulgação científica, entre outros ainda em avaliação.
Herdamos dos portugueses o espírito da investigação e conquista, desde o tempo em que recebemos os primeiros artefatos tecnológicos. A engenhosidade, a inventividade, o gosto pela inovação compartilhamos na poesia épica de Fernando Pessoa, num dos mais belos e menos citados versos do poema Navegar É Preciso: “Viver não é necessário / o que é necessário é criar.”
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