Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
Certa vez, de passagem por Nanterre, perto de Paris, observando a atividade de companheiros do Partido Comunista Francês, percebi o quanto diferente são as campanhas eleitorais na França em relação às que fazemos no Brasil.
Certa vez, de passagem por Nanterre, perto de Paris, observando a atividade de companheiros do Partido Comunista Francês, percebi o quanto diferente são as campanhas eleitorais na França em relação às que fazemos no Brasil.
Campanhas
curtas e quase silenciosas, as deles.
Em
contraste com as nossas, barulhentas e festivas.
Talvez
a campanha deste ano, em nossas cidades, se pareça com as francesas.
Por
duas razões.
A
primeira, o ambiente de descontentamento generalizado em relação a políticos,
partidos e à atividade política em geral, fruto dos rumorosos escândalos de
corrupção — potencializados pela cobertura sensacionalista dos meios de
comunicação — e da profunda crise econômica, política e institucional em curso.
Isto
poderá se traduzir em apatia de parcela expressiva do eleitorado.
E talvez
na elevação do percentual de abstenções e votos nulos e brancos.
A
segunda, as novas condições de financiamento da campanha, que interditando a
contribuição empresarial reduzem significativamente a possibilidade de gastos
com caros instrumentos artificiosos e midiáticos e com a conhecida “compra” de
votos.
Além
disso, a campanha na TV — que normalmente estimula o eleitorado — será agora
bem mais curta.
Candidatos
a prefeito e pretendentes a uma cadeira na Câmara Municipal serão instados ao
corpo a corpo com o eleitorado, "como antigamente".
E
também a um bom uso das redes sociais.
Ponto
para a boa prática militante — no caso das candidaturas a vereador, sugere mais
chances para os que têm a quem se dirigir para ouvir e falar. Ou seja, os que
dispõem de público alvo determinado.
Talvez
diminua muito o peso da gastança com cabos eleitorais e afins.
Prefeitos
que se candidatam à reeleição levam vantagem sobre seus oponentes, se realizam gestão
bem sucedida.
O mesmo
ocorre com candidatos ao Executivo municipal que já acumulam larga história de
luta e são conhecidos dos eleitores.
Ruim para
os novatos, que terão pouco tempo para se tornarem conhecidos e para sensibilizarem
os eleitores.
Bom será
se essas novidades contribuírem para a explicitação mais clara de ideias e
propostas, ao invés de lances de efeito.
Para a esquerda
em geral, que enfrenta uma situação política adversa sob correlação forças
desfavorável, poderá ser ajudada pelo fato de que se público básico, mesmo
desgastado, tende a participar da campanha e a votar, o que não ocorre na mesma
medida com os insatisfeitos de feição conservadora, mais tendentes a se
absterem ou a votar nulo ou branco.
São hipóteses,
por enquanto, a se confirmarem ou não a partir do dia 16 próximo.
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