24 fevereiro 2018

Cena política


Vieira da Silva
Dois lances e um desafio
Luciano Siqueira, no portal Vermelho

Em cenário tão complexo e imprevisível, a retirada de pauta da reforma previdenciária — por falta de votos suficientes para aprová-la — significa ganho para a oposição e para o movimento sindical e popular mobilizado e derrota para o governo.

Temer e seu grupo foram até o limite, tanto nas "negociações" com parlamentares em busca de apoio, como na flexibilização do texto da reforma, no afã de cumprir o compromisso assumido perante o Mercado, porém sem êxito.

A reforma previdenciária é uma espécie de símbolo de até onde o governo tem competência e capacidade política para honrar o programa de regressão neoliberal.

Concomitantemente, sobrevém a intervenção federal na área de segurança no Rio de Janeiro — jogada de alto risco, seja pela possibilidade real de enorme desgaste pelo fracasso, seja porque poderá aniquilar em definitivo as pretensões do próprio presidente impostor de se viabilizar candidato à no próximo pleito.

A violência criminal urbana é um fenômeno multicausal, que engloba uma gama de variáveis — das desigualdades sociais à falência do aparato repressivo.

Tanto na academia como nos meios verdadeiramente sérios envolvidos com a segurança, consolida-se já há algum tempo a compreensão de que uma política nacional que vise o provimento de condições de vida pacífica para o cidadão, há que combinar a prevenção com a repressão, com ênfase na primeira; na repressão, priorizar a inteligência e não o confronto armado aberto com as organizações criminosas; e precisa se apoiar num conjunto de políticas públicas destinadas a melhorar o padrão de vida da população.

Isto porque o grau de exclusão social produtiva, o nível de escolaridade, a densidade populacional, a densidade de habitantes por domicílio, a ausência de alternativas de lazer e de vida associativa comunitária, a ambiência favorável ao crime estimulada pelo modo espetacularizado como a questão é tratada pela grande mídia, a impunidade, a vulnerabilidade de nossas fronteiras ao tráfego de drogas e armas, a promiscuidade entre instituições policiais e agentes criminosos concorrem permanentemente para o incremente da criminalidade.

Entrementes, as fundações de estudos e pesquisas do PT, PSB, PDT e PCdoB introduzem na cena política um manifesto conjunto em que são lançadas as bases para um novo projeto de nação.

Contribuição da maior importância, num instante em que urge, como principal desafio, a construção de um programa de superação da crise e de redefinição dos rumos do País.
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