06 outubro 2018

Nas mãos do povo


Hora da decisão
Renato Rabelo, Blog do Renato

Neste momento do pleito de 2018 – desde o golpe militar de 1964 — a Nação brasileira está diante do maior risco à democracia. Bolsonaro, saído das catacumbas, eleito sete vezes deputado federal, não é autor de nenhum projeto significativo para o país. Portanto, um velho e medíocre político. Ele é a expressão maior do autoritarismo ditatorial da direita, de manifestação fascista dos segmentos mais reacionários da classe dominante brasileira. Bolsonaro é um enorme retrocesso e um monumental desastre para o destino do Brasil.
O risco e o desastre para o regime democrático advêm da alienação, da irracionalidade própria do nosso tempo de domínio liberal democrático — hoje sem o qualificativo democrático — a serviço de um capitalismo neoliberal, onde o dinheiro ganha dinheiro, fora da produção, para a glória do rentismo.  Apagam a causa real da crise sistêmica e se valem de “fake news” para livrá-los da responsabilidade por tal situação.  E no caso específico da situação do Brasil, agitado pelo exasperado antipetismo, resultante em última instância do não reconhecimento pela aventureira oposição da vitória da presidenta Dilma Rousseff em 2014 e o golpe parlamentar de 31 de agosto de 2016, que a depôs.
Mas o agudo efeito colateral desse processo foi o desabamento do PSDB, aliado maior de Temer e de seu MDB na tramoia golpista, até a inviabilidade de uma 3ª via tentada entre eles a fim de conter a ressuscitação de Lula e do PT, além de outras forças progressistas, e conjurar para esconder o seu personagem, o seu produto desqualificado que ganhava aceitação. No rastro antipetista, a grande mídia monopolista ajudou esse personagem desconhecido e caricato a galvanizar camadas da população, usando o apelo a “Deus acima de tudo” e sendo alimentado pelo medo, a descrença, o ódio, forjado no clima exacerbado no antes e no pós-golpe de 2016.
Para falar da guinada ao candidato Bolsonaro dos estratos dominantes e de componentes dos poderes e da burocracia do Estado pode-se valer até mesmo de um intelectual renomado como Boris Fausto, vinculado a FHC e ao PSDB. Ele afirma em recente entrevista no jornal Valor Econômico, que esta eleição presidencial é “muito didática”, pois “desvenda o caráter desta elite brasileira” – eleitores escolarizados e de alta renda, classe média alta. “O seu interesse essencial é garantir os seus privilégios a qualquer custo”. Mesmo sendo “um sujeito que ela ridiculariza como alguém boçal e grosso, mas que representa uma alternativa para evitar qualquer risco nos seus ganhos.” E mais ao fundo, o candidato Bolsonaro responde ao anseio desesperado dos grandes capitalistas financeiros e monopolistas que estavam em surto, atrás de um presidente que fosse uma garantia na continuação de suas (contra)reformas, já iniciadas por Temer e que fosse mais consequente ainda na aplicação do Programa “Uma Ponte para o Futuro”, propósitos estabelecidos pelo MDB para preparação do golpe parlamentar de 2016. Estavam sem saída. As suas tentativas foram frustradas, sobretudo, a última, apostando na candidatura de Geraldo Alkmin.
Desse modo, o candidato Bolsonaro, que apresenta um programa basicamente conservador e totalitário (defensor da tortura, pasmem! e do golpe militar) sem corpo inteiro, lusco-fusco, contraditório, sendo assim para melhor confundir e envolver, mas inteiramente comprometido com as reformas essenciais do establishment e do status quo econômico, contrárias ao trabalhador, ao desenvolvimento com inclusão social e à soberania nacional.
O capitão preencheu — para gáudio dos setores da classe dominante e da sua elite — o que nem pensavam conseguir realizar. Tornou-se uma liderança de sua confiança que adquiriu a forte pintura de antissistema, de anti-establishment, indo ao encontro do sentimento esboçado no lugar comum do medo, da descrença, da revolta das populações. A reação espontânea das ruas manifesta-se no sentido de que resolver a violência urbana, somente é possível com quem prega a resposta da violência e uso das armas. É preciso acabar com a “palhaçada”, para isso a solução é autoritarismo e a intolerância pregada pelo candidato Bolsonaro – “Bolsonaro neles”, essa é a “mudança” devotada.
Em verdade, um eventual governo Bolsonaro pode vir a ser pior que o governo Temer, porquanto já dito explicitamente, vão executar ainda um maior corte de renda do trabalhador, como a abolição do 13º salário e de abonos salariais; mais regressão tributária em um país extremamente desigual, com a adoção de alíquotas idênticas  para os muito ricos, ricos e a maioria pobre – uma consagração da barbárie a fim de prevalecer odientos privilégios, resultando em mais impostos a quem tem menos renda. O paradoxo é inominável: um sistema plutocrático antipovo tem no seu fiel representante, nestas eleições,  quem reluz para grandes massas do povo como destruidor  do sistema.
É evidente que no contexto do atual momento político, as pesquisas e sondagens de opinião, nesta reta final eleitoral, demonstram que a disputa eleitoral continua nitidamente polarizada entre: continuidade do regime pós-golpe versus a restauração da democracia e a da reconstrução do Brasil; entre avanços e progresso social versus retrocesso civilizatório, nominalmente neste final do primeiro turno, entre Haddad versus Bolsonaro. O diktat dominante da comunicação e suas narrativas cunhadas por sua usina de articulistas, a serviço das classes altas privilegiadas, se empenham em caracterizar a polarização que se consolida entre a candidatura de extrema direita, de Jair Bolsonaro/Hamilton Mourão, e a candidatura de esquerda e forças progressistas, de Fernando Haddad/Manuela D’Ávila, como sendo todas as duas extremistas e autoritárias.
Essa tentativa de nivelar pela radicalização as duas candidaturas presidenciais tinha o objetivo de fazer vingar uma alternativa de “centro”, ou numa pretensa maior consistência de uma chamada terceira via. Tudo isso se frustrou. Mas grande parte deles não abandonou e persistiu na marca de qualificar Haddad de extremista e autoritário, num intento forçado e primário. Contudo mesmo os setores conservadores mais sensatos sabem, e os mais honestos se manifestaram contrários a essa avaliação enganadora. Também o martelar de rebaixar o papel e capacidade de Haddad a simples preposto e pau-mandado de Lula. Sombrear assim os seus méritos e seu cabedal de exitosa experiência no Ministério da Educação, abrindo novos e modernos caminhos para a educação brasileira no governo Lula e à frente da Prefeitura de São Paulo, quando foi eleito o melhor prefeito da América Latina e do Caribe, em 2016.
A chapa Haddad e Manuela expressa a civilidade e modernidade, lideranças jovens, já experimentadas, expressão do que há de melhor na nova geração destinada e desafiada a encontrar um novo caminho de emancipação civilizatória para o Brasil, nos terrenos da democracia, da soberania e do desenvolvimento nacional, do progresso social e integração com os vizinhos do entorno continental e empenhados junto às forças mais avançadas no mundo, na luta por uma nova ordem mundial, de  desenvolvimento, de equidade, de solidariedade e de paz.
Manuela duas vezes eleita com a maior votação, deputada federal pelo Estado do Rio Grande do Sul, ocupou cargos de destaque na Câmara Federal, hoje Deputada Estadual no Rio Grande do Sul, sendo também a mais votada. Manuela tem profunda formação humanista, dedicada ao labor político, econômico e cultural da construção de nosso imenso país, da emancipação dos que trabalham e das mulheres que compõem maioria na nação.
A chapa Haddad/Manuela, colocando em marcha todo seu potencial, saber e experiência, associada às personalidades e todos os movimentos democráticos e populares visando desmontar o perigo do retrocesso ditatorial e obscurantista — pode  impedir a volta a um período de chumbo, que junto ao povo brasileiro firme o rumo da restauração democrática, a defesa do Brasil, a retomada do crescimento econômico e desenvolvimento nacional com inclusão social, e promova a integração com os vizinhos do continente. Juntos com todas as forças progressistas, populares e democráticas, podemos ter a certeza da vitória.
Na condição de veterano militante do valoroso Partido Comunista do Brasil conclamo entusiasticamente  os nossos queridos militantes, amigos e simpatizantes a se mobilizarem para eleger nossas valentes bancadas parlamentares — federal e nos Estados — para reeleger nosso querido líder Flavio Dino, governador do Estado do Maranhão, para eleger a candidata a vice-governadora na chapa de Paulo Câmara, no Estado de Pernambuco, a querida presidenta do PCdoB, Luciana Santos e a candidata a vice-governadora na chapa de Fernando Pimentel, Jô Moraes, no Estado de Minas Gerais e do candidato a vice na chapa de Fátima Bezerra, Antenor Roberto, no Estado de Rio Grande do Norte. Ao mesmo tempo, devemos nos esforçar para eleger os candidato(a)s onde apoiamos nossos aliados a governos de Estados. Um PCdoB forte e atuante é uma garantia para maior fortalecimento das forças populares e progressistas.
Vitória à chapa presidencial Haddad e Manuela!
Vitória às chapas do PCdoB!
Êxitos aos nossos aliados!
RENATO RABELO, presidente da fundação Maurício Grabois
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