10 novembro 2019

Futebol em causa


Os técnicos brasileiros deveriam aprender, sem inveja

Tostão, Folha de S. Paulo

Se o Manchester City, dirigido por Guardiola, bicampeão inglês, ganhar a Liga dos Campeões, e o Liverpool, comandado por Klopp, campeão da Europa, vencer o Campeonato Inglês, os dois times, que se enfrentam neste domingo (10), serão ainda mais festejados. 
Se Liverpool e Manchester City tivessem Messi ou Cristiano Ronaldo, seriam os favoritos para ganhar o título europeu. Mesmo assim, estão entre os que têm mais chance.
Na goleada do Real Madrid, por 6 a 0, sobre o Galatasaray, pela Liga dos Campeões, Rodrygo foi o destaque com três gols e um passe para Benzema marcar. Rodrygo tem ocupado, no imaginário do torcedor do Real e de todo o mundo, o espaço que seria de Vinícius Júnior
Repito, faltam a Vinícius mais qualidades técnicas na finalização e no passe para gol e, principalmente, mais lucidez nas decisões. Ainda é cedo para fazer uma análise definitiva dos dois. 
Kroos elogiou as qualidades técnicas de Rodrygo e acrescentou que ele não perde a bola. Certamente, sem dizer, fez uma comparação com Vinícius, pois isso dá o contra-ataque ao adversário. Para um craque alemão, isso é fundamental.
Liverpool e Manchester City possuem estratégias de jogo parecidas pela intensidade, pela compactação, por pressionar quem está com a bola para recuperá-la perto do outro gol, e por chegar com muitos jogadores ao ataque. 
No Liverpool, os dois atacantes pelos lados, Salah e Mané, entram para o meio para finalizar, ocupando os espaços deixados pelo centroavante Firmino, que volta para receber a bola. Os laterais avançam bastante e com enorme eficiência nos cruzamentos. 
Já no Manchester City, os pontas atuam abertos, e o centroavante se movimenta na frente. Os dois laterais fecham pelo meio e formam um trio de armadores com o volante. Com isso, o meio-campista de cada lado avança mais e se aproxima do gol.
Como disse Cléber Machado, no Seleção Sportv, o Flamengo não é um time revolucionário, mas traz para o futebol brasileiro a maneira de atuar das principais equipes europeias. 
Os técnicos, no Brasil, deveriam aprender, sem inveja. O Flamengo não atuou bem contra o Botafogo, porque o adversário marcou muito, com violência. Isso não é futebol. Era evidente que pelo menos um jogador seria expulso.
Mano Menezes deu uma boa entrevista ao Bola da Vez, da ESPN Brasil. Disse que todas as novidades da Europa, nos últimos tempos, já chegaram ao Brasil, mas uns dez anos depois. Enquanto a Europa burila os detalhes, os times brasileiros estão em fase de experiência, sem terem a paciência do torcedor, do clube e de parte da imprensa.
Mano falou ainda que os treinamentos precisam estar de acordo com a estratégia de jogo. Os europeus, há décadas, fazem exaustivamente o treino de dois toques, porque jogam dessa maneira. O Brasil passou a fazer o mesmo treinamento, com a mesma intensidade, mas a maioria dos jogadores do meio para frente adora o drible. Fica confusa e não faz bem uma coisa nem outra. É preciso passar e driblar bem, no momento certo.
Mano Menezes é um bom treinador, possui muito conhecimento e explica bem o que pensa. É um professor. Mas, se fosse mais ousado, com uma pitada de fantasia, e menos previsível, seria muito melhor.
O futebol é um esporte de razões e emoções surpreendentes, que ocorrem em um suspiro, em um piscar de olhos, entre uma batida e outra do coração. São detalhes que podem mudar um jogo, um campeonato e até a história do futebol.
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