24 abril 2020

Briga por um plano que ainda não existe


Quebra de braço no Planalto
Luciano Siqueira

Exageradamente apelidado de Plano Marshall (em alusão ao programa de reconstrução da Europa no pós-guerra), e não passando por enquanto de uma declaração de intenções anunciada pelo ministro chefe da Casa Civil, general Braga Neto, o suposto plano de retomada da economia brasileira no pós-pandemia exibe as agudas contradições no seio do governo.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, que não compareceu ao anúncio do dito plano, fez questão de demarcar campos: nada pode ir além dos limites do respeito ao teto de gastos. O incentivo ao investimento deve acontecer com recursos privados.
Para Guedes e sua equipe de fundamentalistas do ultraliberalismo, o equilíbrio fiscal (sequer inexistente) está acima de tudo: do combate à pandemia, do desenvolvimento do País, da geração de empregos, da redução da exclusão social, da recuperação do dinamismo da economia.
A escaramuça expõe o beco sem saída em que se encontra o governo Bolsonaro, preso aos seus compromissos fundamentais com o rentismo, alheio ao drama do povo brasileiro.
O grande empresariado brasileiro, hoje presa fácil e cúmplice das finanças internacionais, mais empenhado na busca de lucros nominais na Bolsa do que na geração de riqueza via produção real, mantém o apoio ao governo. Entretanto, objetivamente o aprofundamento da crise global, sob a pressão do colapso das linhas de proidução e do mercado, dissolverá rapidamente boa parte do capital fictício.
E para uma nação da dimensão do Brasil, soluções efetivas reclamam um governo capaz de romper com o ideário ultraliberal e tomar medidas efetivas para socorrer o povo na crise sanitária e adotar as medidas necessárias à retomada das atividades econômicas.
O governo Bolsonaro é inepto e incompetente. Incapaz de realizar essa empreitada https://bit.ly/3aznqEL
Uma contradição frontal com a agenda que os governadores e segmentos sociais e políticos – o PCdoB de modo saliente – vêm costurando como fundamento de uma nacional pela salvação da nação.
Bolsonaro e equipe são insensíveis à defesa da vida como prioridade, à necessidade de mais recursos para o fortalecimento do SUS; à defesa do emprego, dos direitos dos trabalhadores, a manutenção dos salários, a ampliação da renda da população carente e ao provimento das necessidades básicas da população; à proteção da economia nacional, em especial as micro, pequenas e médias, que geram mais da metade dos empregos com carteira assinada no setor privado; à necessidade de apoiar os governadores e os prefeitos, suspendendo o pagamento da dívida com a União, com os bancos públicos e com organismos internacionais.
Nada disso. O ex-capitão deseja conduzir o País ao caos, ambiente no qual supõe possam prosperar seus intentos ditatoriais.

Saiba mais https://bit.ly/2ySRLkm

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