23 novembro 2022

Enio Lins opina

O TERRORISMO ENTRA EM CENA

Enio Lins, tribunahoje.com

 

Dois ataques terroristas foram realizados nos dias 19 e 21 de novembro, nas estradas do estado de Mato Grosso. Nas proximidades da cidade de Sinop, antes de ontem, dois caminhões foram abordados por um grupo armado que expulsou os motoristas das cabines e em seguida incendiou os veículos. E no sábado, 19, há quatro dias, 10 homens com armas automáticas invadiram a sede da empresa que cuida das rodovias entre os municípios de Nova Mutum e Rio Verde, colocando todo mundo pra correr debaixo de balas e tocando fogo nos caminhões e na própria sede.

Ambos atentados foram “atos de protesto” contra o resultado das eleições. Os caminhões foram incendiados na BR-163 como forma de bloquear o trânsito na área, nos dois sentidos, e o ataque à empresa concessionária (administradora da rodovia) destruiu cancelas e equipamentos importantes para o controle do tráfego na região. São sequência de ações antidemocráticas da extrema-direita iniciadas desde a noite de 30 de outubro.

Esses atos de terrorismo praticados reafirmam a ligação do crime organizado com a contestação ao resultado da eleição presidencial. A forma disciplinada, as armas pesadas, os objetivos de assustar a população e causar prejuízos deliberados à economia permitem chamar esses atos e esses grupos pelo nome certo: terroristas.

Essa área mato-grossense, não por coincidência, é um dos perímetros do chamado “agronegócio” onde Jair B teve doações mais expressivas para a campanha eleitoral. Segundo noticiado pelo UOL, oficialmente foram despejados dali para o candidato à reeleição R$ 1,3 milhões –devidamente declarados à Justiça Eleitoral.

Tão eficiente nas tentativas de retenção dos ônibus com eleitores, no dia 30, em áreas onde Lula tinha previsão de sair vitorioso, a Polícia Rodoviária Federal até ontem não havia se posicionado oficialmente, mas em áudio obtido pelo UOL, Felipe Dias Mesquita, identificado como “delegado da PRF”, diz que “isso [os atentados] já passou de ser problema única e exclusivamente da PRF, isso já está se tornando uma guerra civil (...)”. O governo do Estado se manifestou por nota, condenando os atos violentos e defendendo as “manifestações pacíficas".

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