22 fevereiro 2023

Minha opinião

O destino na ponta de uma agulha

Luciano Siqueira

 

O curso da História às vezes se altera a partir de um fato aparentemente fortuito, sob circunstâncias consideradas convencionais. 

Terrível é uma nação estabelecer um divisor de águas entre os que acreditam na ciência e os que a rejeitam e, no final das contas, seu destino mudar de curso ou não por uma furada de agulha. 

No auge da pandemia da covid-19, que ceifou a vida de centenas de milhares de brasileiros e brasileiras, o então presidente da República, capitão Jair Bolsonaro, persistia em sua cruzada negacionista que o levava a considerar a doença do mesmo naipe de uma gripezinha e a colocar toda a sorte de empecilho à vacinação em massa da população. 

A ciência e a prática epidemiológica então já comprovavam a eficácia das vacinas e a disposição dos governos para que as usassem em defesa da população. Mas, assim mesmo, Bolsonaro insistia em refutar a necessidade do imunizante. 

Concomitantemente disseminou versões tão absurdas quanto ridículas, como a associação da imunização com infecção pelo vírus da AIDS. 

A cloroquina e assemelhados, isto sim, no dizer do capitão é que tinham eficácia no tratamento clínico dos infectados — embora as pesquisas vigentes o negassem.  

Eis que, como uma espécie de comprovação de sua atitude anticientífica, difundia suposta decisão pessoal de jamais se vacinar contra a covid. 

Agora a nação está prestes a saber que, muito ao contrário, o presidente havia se vacinado, mas cuidara de decretar sigilo absoluto do seu cartão de imunização por exatos 100 anos, convertendo-o, a seu juízo, em segredo de Estado. 

Havíamos chegado ao fundo de um poço enlameado pelo genocídio e pela mentira. 

Felizmente agora se constrói outra trajetória para o Brasil, exorcizando a ameaça de ter seu destino de grande nação dependente da picada de uma agulha.

Um bloco improvisado que arrastou muita gente pelas ladeiras de Olinda https://bit.ly/3XEA6CW

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