Não é de agora que técnicos habituados à frieza dos números e aos gabinetes distanciados da vida real põem dúvida sobre a justeza de programas sociais de largo alcance. “Não combatem as causas da pobreza, atuam apenas sobre as suas conseqüências”, costumam dizer. Como se fosse impossível fazer as duas coisas: socorrer os que mais necessitam, porque se encontram em situação de absoluta vulnerabilidade; e encetar medidas destinadas a alavancar o crescimento econômico. Criticavam duramente Miguel Arraes, por exemplo, por causa do programa Chapéu de Palha, que dava ocupação a milhares de trabalhadores rurais afastados da produção na entressafra da cana de açúcar. Preferiam, os críticos, ver cortadores de cana pedindo esmolas, em nome do enfrentamento das “causas estruturais” do problema. Agora batem em Lula, afirmando que o Bolsa Família, que alcança quase dez milhões de famílias (aproximadamente cinqüenta milhões de pessoas), apenas alimenta a pobreza (sic). São tão cegos que não consideram o incremento mensal de recursos nos municípios, dinamizando a pequena economia local. Além disso, subestimam (ou desconhecem) a nova política industrial, o novo papel do BNDES no incentivo a grandes investimentos estruturadores, a política energética, etc. A pergunta é: por que não fazer crescer a economia e socorrer a população miserável ao mesmo tempo? |
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