os meninos da minha cidade
este meu povo preto
quase preto
um ou outro branco
que vaga nas ruas da minha cidade
com chapéu e trabalho nas mãos
quando passa por mim
baixa os olhos
como para não mais ver o mundo
só as crianças ainda olham
às vezes tenso, às vezes bravo
às vezes doce, às vezes safo
quase sempre baço
como olhos de despedida
mas olham, insistentemente, olham.
um olhar que fere a boca
paralisa a doçura
desorganiza a alma
às vezes choram, às vezes gritam
às vezes matam
mas olham
desesperadamente olham
e contam as histórias dos becos
e praças
da minha cidade
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