05 novembro 2006

Para analistas, votação de Lula inviabilizou 'terceiro turno'

Esse amigo de vocês sempre tem um pé atrás diante de “análises” dos chamados cientistas políticos. Uns são realmente criteriosos e razoavelmente isentos; outros são escancaradamente parciais, além de presunçosos. Mas vale a pena conferir as opiniões transcritas abaixo, de “cientistas políticos” insuspeitos, pois de inclinação sabidamente conservadora.

No G1: Recurso a medidas jurídicas contra o presidente perde força em razão dos mais de 58 milhões de votos recebidos

Com uma reeleição legitimada por mais de 58 milhões de votos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a seu favor, no início do segundo mandato, um arrefecimento das denúncias de corrupção ao governo, mas enfrentará dificuldades para compor maioria no Congresso e aprovar decisões, avaliam analistas políticos consultados pelo G1.

Para o cientista político Gaudêncio Torquato, da USP (Universidade de São Paulo), a possibilidade de um "terceiro turno" --maneira como a oposição se referia a um possível questionamento da vitória de Lula com o aprofundamento das investigações contra o governo-- é remota. "O poder moral de uma pessoa legitimada com 58 milhões de votos é muito forte. Tribunais não vão ter força suficiente, sob pena de uma convulsão social", afirma.

O mesmo argumento, na opinião de Torquato, não dá ao presidente maior margem de manobra na composição de sua base aliada. "Se tem essa legitimidade toda, Lula vai precisar de bancada forte na Câmara, que só poderá ser alcançada com uma inserção forte junto ao PMDB. Vai ter de conceder espaços maiores dentro do governo."

O partido, que elegeu o maior número de governadores e a maior bancada na Câmara, pode abocanhar até seis ministérios, além de cargos em estatais, com possibilidade de decisão em políticas públicas, afirma o analista.

Ele ressalva, no entanto, que o presidente terá o apoio de pelo menos 17 dos 27 novos governadores eleitos no diálogo com a oposição (leia mais aqui)."Lula vai querer fazer um governo suprapartidário, curar cicatrizes", diz Torquato, para quem há uma tendência de 'nordestinização' do PT, com a ascensão de nomes como Jaques Wagner, governador eleito da Bahia, e Marcelo Déda, de Sergipe dentro da sigla.

O cientista político Luciano Dias tem opinião semelhante. Do ponto de vista concreto, afirma, a expressiva votação de Lula não deve mudar a relação com a oposição. Mas, subjetivamente, o presidente pode se sentir "mais poderoso" na sua relação com o Congresso e impor restrições a uma maior participação de partidos aliados.

"No meu entender vai ser caminho para o desastre de novo. O novo governo precisa de coalizão estável no Congresso pra ficar a salvo das investigações e tocar uma mínima agenda", observa Dias, analista do Ibep (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos).

Refém - Já o cientista político Carlos Melo, do Ibmec, vê uma maior autonomia do presidente em relação à "cobrança da fatura" dos partidos que o apoiaram nas eleições. "Uma vitória com mais de 60% dos votos válidos dá mais cacife ao presidente e estabelece novos parâmetros de negociação".

O que não significa, ele diz, que Lula vai ditar todas as regras no novo mandato, mas que o petista "não está mais numa situação de refém, com poderia estar numa eleição muito estreita e de legitimidade questionável".

Com a vantagem nas urnas, Melo vê ainda um refluxo na "onda oposicionista", que prometia uma pressão maior sobre o novo governo, conforme anunciado por caciques como o senador Tasso Jereissati, presidente do PSDB.

"Tasso Jereissati, Jorge Bornhausen [presidente do PFL] e Roberto Freire [presidente do PPS], vozes mais radicais durante o processo, foram derrotados nas urnas. Os três não têm a mesma força. Voltamos à vida normal, em que deputados negociam emendas com o governo", disse

Um comentário:

  1. Anônimo12:30 PM

    Mesmo esses acadêmicos conservadores reconhecem que Lula se reelegeu com a força do povo e vai governar assim, isso é muito bom, pois o Brasil pode melhorar muito e a vida do povo também, essa é a minha opinião.
    Francisco Gomes

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