07 novembro 2006

Polarização

Outro aspecto importante da eleição deste ano em Pernambuco destacada por Cardoso é a nítida polarização entre as candidaturas de Mendonça Filho, da coligação União por Pernambuco, e as candidaturas das forças progressistas, o que levou o eleitorado a compreender a diferença existente entre os dois projetos políticos.

“A polarização se deu no primeiro momento da campanha entre o governador Mendonça Filho (PFL), e Humberto Costa, que representava uma coligação de forças amplas compostas pelo PT, PCdoB, PTB, PMN e outros partidos. Com as dificuldades enfrentadas pela campanha de Humberto por causa dos ataques que recebeu da União por Pernambuco em função de seu indiciamento pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, no final do primeiro turno a polarização foi se deslocando para a candidatura de Eduardo Campos, da Frente Popular de Pernambuco”, lembra o dirigente.

Além disso, ressalta Alanir, a população cansou-se do governo de Jarbas Vasconcelos. “Foi um governo, de fato, de poucas realizações e a população enxergou isso. Um projeto de governo que, ao ser confrontado com outro projeto, um projeto de desenvolvimento, novo, em sintonia com o projeto nacional em curso, que é o projeto executado pelo governo de Lula, deixou claro para a população o que cada um representava. Então, evidentemente, nessa polarização cresceu a força do projeto mudancista, mais afinado com o que há no Brasil na atualidade e a população tomou posição”.

Na avaliação do dirigente comunista, entretanto, a eleição de Eduardo Campos não deve ser entendida como uma revanche, uma resposta à derrota sofrida pelo avô de Campos, Miguel Arraes, em 1998, durante a campanha pelo governo do Estado, cujo principal adversário era o ex-governador Jarbas Vasconcelos.

“Os fatores são esses, fatores objetivos, reais da vida cotidiana da população, que não votou buscando o passado e sim porque entendeu que são dois caminhos: o caminho de hoje, que se revelou conservador e limitado, de pouco desenvolvimento, que levou o estado a uma situação limitada, e um projeto novo, inclusive marcado por iniciativas do governo federal de forte impacto na vida de Pernambuco. Projetos como o da refinaria, da Transnordestina, do estaleiro, da Hemobrás, da transposição do Rio São Francisco e da duplicação da BR-101, são vistos pela população com fator de progresso”, afirma Cardoso.Para ele, a população fez essa leitura, tomou essa posição, e essa é a razão real do resultado eleitoral obtido pelas forças progressistas de Pernambuco. “Acredito que outros fatores, quaisquer que sejam eles, têm um peso muito menor, um peso secundário, até porque o debate que eles tentaram fazer depois de tirar Humberto Costa da disputa foi o debate sobre o governo Arraes, dos resultados do governo Arraes, isso não colou na população, que não quer isso, não está atrás disso, a população está atrás de um projeto de futuro, não de olhar para trás. Portanto, foi a perspectiva do futuro que mobilizou a população e a levou a rejeitar essa experiência de governo que está se vivendo hoje”.

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