03 fevereiro 2007

Renato Rabelo vê bloco dos 70 como saldo da votação na Câmara


No Vermelho: Para Renato Rabelo, o que resulta da votação para a presidência da Câmara dos deputados nesta quinta-feira (1º) é o bloco político nucleado pelo pelo PSB, PDT e PCdoB, com sete dezenas de deputados. ''São partidos de esquerda, com densidade política. Um bloco que tem autoridade, que possui uma trajetória histórica, uma junção de comunistas, socialistas e trabalhistas'', sublinhou o dirigente comunista.

Renato deu esta entrevista para o Vermelho logo depois do discurso de posse de Arlingo Chinaglia (PT-SP), eleito depois de um apertado segundo turno em que ele teve 261 votos e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ficou com 243. Enquanto isso, na sala da Presidência da Casa, começava uma romaria de políticos do leque de forças que apoiou Aldo, e personalidades como Paes de Andrade, veterano dos ''autênticos'' do MDB. Em seguida, o ex-presidente da Câmara teve um encontro com o governador pernambucano, Eduardo Campos.

Veja os principais trechos da entrevista com Renato Rabelo:

P: O que o PCdoB achou do resultado da eleição para a presidência da Câmara?

R: Nós vínhamos batendo nisso, apesar da desigualdade da contenda: que iríamos para o segundo turno; e que quem ganhasse ganharia por poucos votos. Foi o que aconteceu: foi uma batalha praticamente de igual para igual, 18 votos de diferença. E isto quando se uniram os dois maiores partidos, o PT e o PMDB, enquanto nós fizemos a campanha simplesmente em defesa de idéias, e da figura de Aldo.
Foi uma grande ousadia sustentar a candidatura de Aldo Rebelo diante de toda aquela investida, das promessas e acordos. Houve um momento em que o PT fechou o acordo com o PMDB e, poucos dias depois, anunciou ter fechado outro com o PSDB. E nós conseguimos sustentar a posição, ir para o segundo turno e chgar quase junto.

P: O que acontece agora, no day after?

R: Quanto à perspectiva, nós conseguimos o bloco (formado pelo PSB, PDT, PCdoB, e ainda PAN, PMN e PHS, com 70 deputados), um bloco que não foi feito pela via dos favores e conveniências. São partidos de esquerda, com densidade política. Um bloco que tem autoridade, que possui uma trajetória histórica, uma junção de comunistas, socialistas e trabalhistas, praticamente as três vertentes históricas da esquerda no Brasil.

Isto foi um ganho. E não foi um bloco feito simplesmente para a disputa da presidência da Câmara.

P: Os outros participantes concordam com este entendimento?

R: Claro.Já temos até uma reunião marcada, para quarta-feira (3). Ali vamos sugerir que o bloco aprove uma plataforma, uma espécie de cartão de visitas.

P: E como fica a relação do PCdoB com o PT?

R: A nossa relação com o PT tem muitas raízes e vem de muito tempo. Nossa idéia não é, como pensam alguns, um rompimento com o PT. A construção do futuro político do país vai depender inclusive de um relacionamento deste bloco com o PT. A relação PCdoB-PT tem raízes, tem também compromissos políticos em diferentes níveis, não só no governo federal mas em vários estados e municípios. Talvez sejam hoje os nossos maiores laços.

P: A relação dentro da base do governo tende agora a ser triangular, PT-PMDB-bloco?

R: Esta é uma questão que temos que considerar. Você também pode ter duas grandes forças na base, um megabloco PT-PMDB, etc., e este bloco de esquerda. Mas pode ser que esse megabloco não se sustente, se desgarre, por ter sido uma manobra de última hora, sem identidade de compromissos políticos. E então pode acontecer de você ter três grandes forças.
P: Isto é um resultado desta votação?

R: Sim, e um resultado politicamente favorável. Eu já dizia desde antes: na derrota ou navitória de Aldo Rebelo para a Câmara, nós estaríamos diante de um realinhamento de forças. Hoje ele é inevitável.

P: Que influência isso tem na reforma ministerial?

R: Estamos esperando a iniciativa do presidente da República. Aliás, foi ele quem condicionou a reforma a esta decisão.

R: E Aldo Rebelo, o que vai fazer agora?

R: Aldo é hoje um quadro proeminente. Vai jogar um grande papel em qualquer situação. Este resultado mostrou o papel dele. Isto é um problema para a gente ir vendo conforme a evolução do quadro político. Mas quadros como Aldo não ficam à margem. (De Brasília, Bernardo Joffily).

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