Importa superar o vôo da galinha
Passados os primeiros impactos das alterações na sistemática do IBGE para a apuração do PIB – que uns saudaram como novidade técnica correta e oportuna, e outros reagiram com desconfiança -, agentes econômicos e analistas dão sinais de otimismo.
Está nos jornais. São muitas as vozes que se apressam em proclamar a confiança de que a economia possa crescer 4% e 4,5% neste ano. Pesa o dado de que o Produto Interno Bruto cresceu 3,7% em 2007 - 0,8 ponto percentual mais do que no cálculo anterior.
Pesa também o fato de que a atividade econômica no segundo semestre do ano passado foi mais forte do que se pensava. Nos dois últimos trimestres, o crescimento foi 4,5% e 4,8%, respectivamente, sobre o mesmo período de 2005.
Tudo bem. Melhor otimismo do que pessimismo catastrófico. Mas é preciso considerar dois elementos muito importantes.
Nos próprios dados fornecidos pelo IBGE, nota-se que o crescimento do PIB se deu sobretudo alavancado pelo setor de serviços. A indústria, que em qualquer incremento saudável da economia tem papel preponderante, foi precisamente o único setor a se retrair. Um sinal negativo.
Depois, os mecanismos de gestão macroeconômica continuam inalterados. As taxas básicas de juros continuam decrescendo em ritmo de tartaruga. E este é um empecilho fundamental ao crescimento.
Sem mudanças na macroeconomia, o crescimento econômico se assemelhará ao vôo da galinha – de fôlego muito curto.
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