16 março 2007

Parcialidade da imprensa

No Conversa Afiada, por Paulo Henrique Amorim:
TARSO ESTÁ CERTO: IMPRENSA É PARCIAL

Com a elegância de sempre, o novo Ministro da Justiça, Tarso Genro, disse à Folha de S. Paulo de hoje (Clique aqui para ler a íntegra - só para assinantes da Folha), que na imprensa brasileira falta “circulação de opinião”:

. “...a maior parte da imprensa estava contra o Governo... qualquer país sério tem de discutir a liberdade de circulação de opinião política...”, disse o Ministro Genro.
. Especialmente a possibilidade de a cidadania mais afastada do debate político exprimir sua posição.
. É muito simples: a imprensa escrita brasileira – Globo, Estadão, Folha e Veja – tentou, tenta e tentará abreviar o mandato do presidente Lula.
. Estava na hora de alguma autoridade do Governo Lula demonstrar que percebeu isso.
. Durante todo o primeiro mandato, a imprensa jogou no impeachment ou no sangramento do Presidente Lula (a hipótese que prevaleceu foi a de deixar Lula sangrar; por sinal, a hipótese que mais interessava a Fernando Henrique Cardoso).
. Na passagem do primeiro para o segundo turno, a Rede Globo, a facção serrista da Policia Federal de São Paulo, portais da Internet e jornais e revistas impressas jogaram a eleição para o segundo turno com a foto do Delegado Bruno (onde anda ele, afinal?).
. O Governo ficou calado.
. Aparentemente, o Governo Federal conta com a inclusão digital e a democratização do acesso à Internet para atenuar o poder, principalmente, da Rede Globo.
. A Anatel já permitiu que a Telefônica explorasse televisão via satélite.
. O Deputado mais votado do Brasil, Ciro Gomes, tem na cabeça um programa prontinho para promover e disseminar mídias alternativas.
. E agora, finalmente, um Ministro do Governo Lula diz o óbvio: a imprensa brasileira é parcial, anti-trabalhista (desde Vargas) e intervém no processo político.
. Naquela geléia geral que foi a passagem dos anos militares para a redemocratização, a Folha, o Estadão e às vezes a Globo (quando não estava em jogo a eleição de Brizola no Rio) faziam o papel de bom moço e passavam por imprensa independente, objetiva.
. A eleição do Presidente Lula em 2002 tirou a máscara e a imprensa escrita brasileira voltou à República de 45, quando TODOS os órgãos de imprensa eram contra Vargas e depois contra JK/Goulart e Goulart.
. Com uma diferença: agora, a imprensa brasileira depende de colunistas/articulistas tanto quanto dos editorialistas – onde não há nenhuma pluralidade.
. Leu um colunista, leu todos.
. E todos pensam de acordo com o patrão – com nuances quase imperceptíveis a olho nu.
. Agora, uma portaria do Ministério do Trabalho, deste mês de março, dispensa as empresas de contratar jornalista com diploma de universitário.
. Será uma grande conquista. Como observou o sábio Mauro Santayanna, com a maldita “lei do diploma” não se via mais proletário nas redações dos jornais.
. Os jornalistas – segundo Santayanna - se tornaram “mauricinhos” que adoram banqueiros – e perderam o sentimento da solidariedade e a indignação diante da injustiça, que, por definição, deveriam correr no sangue de todo jornalista.
. Ainda bem que um ministro do Governo Lula abriu a janela para dizer o que todo mundo já sabe: a imprensa brasileira é conservadora, e finge que não é.

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