06 março 2007

Princípio constitucional

E mais: Lula atrapalha os trabalhadores ao dar guarida a esse tipo de proposta num momento em que os neoliberais investem com fúria contra a legislação sindical e trabalhista. Os sindicatos pelo país afora se defrontam com ações abusivas, que atentam contra o direito de organização dos trabalhadores com a falsa tese de reparação de danos causado à população por greves em serviços “essenciais”. Essas ações visam a punição dos sindicatos e nada tem a ver com os direitos do povo, como alegam certas autoridades dos ministérios públicos.

Mais do que isso: o direito de greve, convertido em princípio constitucional pelas grandes mobilizações populares que impuseram o fim da ditadura militar, foi aprovado em uma Assembléia Nacional Constituinte livremente eleita e soberana. Não cabe agora a restrição a esse princípio sagrado por meio de um golpe de mão — ainda mais por um governo com um escopo ideológico progressista. O golpe é ainda mais inaceitável quando se analisa a trajetória política recente do país. Os trabalhadores reentraram em cena, após as brutais perseguições do regime militar, rompendo as barreiras legais à autêntica atividade sindical. Restringir o direito de greve, portanto, seria reduzir novamente uma grande parcela dos trabalhadores à condição de meros espectadores do processo político brasileiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário