04 junho 2007

As turbulências da República

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:

O Brasil e os estados federados passam inevitavelmente pelo constante aperfeiçoamento das instituições republicanas, mesmo que em determinados momentos da nossa História pareça ao cidadão ou à cidadã que o país vive uma época em que a fé no futuro seja algo absolutamente inatingível ou uma tarefa para o personagem de Voltaire, Cândido o otimista.
O desenvolvimento das nossas vocações políticas, culturais, institucionais, antropológicas, sociais, é bem maior que o desejo de forças partidárias ou de alguma espécie de academicismo. Trata-se de uma necessidade histórica. Não é uma afirmação ufanista, situa-se no contexto da centralidade do nosso papel nacional.

É uma qualidade que se impõe a um país com quase duzentos milhões de habitantes, um território com dimensões continentais, uma formidável massa de trabalhadores produtivos e criativos, nos segmentos público e privado.

Com reservas naturais estratégicas cobiçadas há muito tempo, através de sortilégios inconfessáveis e sempre com o falso intuito de nos ajudar em nossas sérias insuficiências para com o meio ambiente, a Amazônia e os povos indígenas.

Qual o verdadeiro enredo dessas generosas potências do chamado primeiro mundo senão o genocídio dos seus primeiros povos, a pilhagem secular de Estados indefesos, anexações de territórios de outros países.

A colonização predadora, a atual espoliação do capital parasitário, a imposição midiática de valores culturais sobre a nossa formação como povo que se configurou através de muito sofrimento, em uma civilização singular - a desmascarada tese de um mundo sem fronteiras. Para eles, o reforço do Estado guerreiro invasor e mortífero.

O desenvolvimento não é positivista, determinista. É fruto das superações de contradições, do vício arraigado onde predomina a privatização do Estado nacional por parte de poderosas corporações.

É o grande combate a ser travado. As recorrentes e históricas crises republicanas entre o novo e o velho superado, é a questão que paira sobre a nação. Impõe-se uma imensa causa suprapartidária. As raízes das turbulências cíclicas que nos atingem remontam há décadas. Serão superadas através de um projeto original, avançado, moderno, socialmente justo.

Essa é, acredito, a missão libertadora do povo brasileiro. A reforma política e outras, dependem desse imbróglio.
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