Recife e Shangai
A China comporta muitos olhares, conforme o ângulo de observação de quem a visita e a profundidade com que seja capaz de perceber o que aqui acontece. Certamente o olhar do empresário é distinto do ponto de vista do gestor público, por exemplo.
Mesmo quando o observador é um militante comunista, muitos olhares são possíveis, a depender das circunstâncias, da natureza dos contatos aqui estabelecidos e, obviamente, da maior ou menor profundidade do conhecimento prévio.
No PCdoB há estudiosos do fenômeno chinês de um ponto de vista revolucionário, como o ex-deputado e atual diretor geral da Agência Nacional de Petróleo, Haroldo Lima, que aqui muitas vezes esteve e tem escrito ótimos artigos a propósito.
Em nosso caso, pelo menos neste instante, preferimos não nos aventurar em avaliações mais profundas. Lidamos com a superfície, a partir da observação empírica e de impressões colhidas junto a autoridades e empresários chineses com os quais conversamos. E também com a gente simples do povo.
Incrível é que do motorista de táxi ao grande empresário, do jovem dublê de estudante e intérprete ao dirigente partidário, todos parecem mirar o mesmo projeto de nação, fazendo referência às reformas econômicas, à modernização e à abertura para o exterior, pontos destacados da atual fase primária da transição do capitalismo ao socialismo, no dizer do Partido Comunista.
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Estamos no outro lado do mundo, é verdade. E envoltos nessa coisa fantástica que é Shangai – expressão chinesa que quer dizer “Sobre o Mar”, que pontifica como portal da bacia do Rio Yangtzê, situada a 31,14 graus de latitude norte e 121,29 graus de longitude leste, na parte central do litoral leste da China.
Aqui o velho convive com o moderno, tornando visíveis as rápidas transformações por que passa esse imenso país há 27 anos. “Estive aqui pela primeira vez na década de 90 e desde então tenho observado como isso tudo cresceu tão aceleradamente. E a previsão é que continue nesse ritmo pelos próximos cinco anos”, observa o pernambucano Otávio Cavalheira, vice-presidente da Alcoa para Ásia.
E o Recife? Bom, nossa querida cidade em nada se assemelha a Shangai. Mas daqui é possível nela pensar com um certo distanciamento, não apenas físico, mas também mental, que nos permite o exercício de abstração necessária às boas análises. Pela internet lemos os jornais locais, os blogs, e-mails de amigos e nos mantemos atentos ao que aí se passa. Sobretudo na cena política.
Caso de declarações, gestos e opiniões sobre a sucessão do prefeito João Paulo. Shangai nos inspira na consolidação da idéia de que esse é um assunto a ser tratado com a paciência oriental e a firmeza de propósitos própria dos revolucionários brasileiros.
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