A libertária linguagem escrita
As pessoas se comunicam antes de tudo através do olhar. E também do sorriso, da expressão fisionômica, do gesto. A palavra pronunciada, ou simplesmente sussurrada, vem em seguida: preciosa, devendo corresponder precisamente ao pensar e ao sentir, sob pena de revelar engodo ou insinceridade.
Mas a palavra escrita é uma forma também indispensável. Desde que inventada por nossos antepassados a partir da Pré-História, quando procuravam se comunicar através de desenhos riscados nas paredes das cavernas. Depois, na antiga Mesopotâmia, quando a escrita começou a tomar forma, e lá pelo ano 4000 a.C, em que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme, até a Roma antiga, chegando aos tempos modernos. Os homens escrevem nos mais diversos idiomas suas impressões sobre o mundo, suas expectativas, esperanças, angústias, alegrias, tristezas, sonhos.
Hoje, início do século XXI, no Brasil ainda há 16 milhões de analfabetos! A constatação, contida no "Mapa do Analfabetismo" produzido pelo MEC, impressiona e incomoda.
O Programa Brasil Alfabetizado, do governo federal em combinação com os governos estaduais e municipais e em parceria com instituições diversas, enfrenta o problema.
Hoje pela manhã, em ato festivo marcado por muita emoção, no Mercado Eufrásio Barbosa, a prefeita Luciana Santos e o ministro da Educação Fernando Haddad certificaram a alfabetização de quatro mil adultos e jovens, entre os quais catadores de lixo, garis e donas de casa.
A prefeita, olhos marejados, nos contava da emoção de ver idosos lerem poemas de Mário Quintana e comporem letras de frevo e de ter ouvido de uma alfabetizada de mais de 80 anos, fronte erguida, proclamar: “Agora já posso ajudar no dever de casa do meu neto!”
Que os alfabetizados de hoje, libertos da semi-escuridão em que se encontravam, ganhem definitivamente o gosto pela leitura e através dela descubram a complexidade e a beleza da vida e compartilham com escritores e poetas o sonho de uma vida digna e prazerosa.
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