Internet reflete desigualdade social
Pesquisadores e analistas midiáticos vire e mexe se deparam com retratos do real perfil de classes da sociedade brasileira, marcado por acentuada desigualdade. E é como se uma vez mais a pólvora estivesse sendo descoberta, pelo tom de surpresa (sic) diante das novas constatações.
Nada contra que se examine sob muitos aspectos a realidade social do país. Melhor assim do que botar a verdade para debaixo do tapete.
Assim, vale anotar os dados contidos no estudo “Lápis, borracha e teclado: tecnologia da informação na educação", realizado conjuntamente pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) e o Ministério da Educação.
O foco da análise está no acesso à internet. Levantamento de 2005 revela que
74,3% dos alunos do ensino fundamental em escolas privadas utilizaram a rede de computadores no período de três meses. Diferentemente, apenas 17,2% dos alunos de escolas públicas do mesmo nível acessaram a grande rede.
A discrepância é maior ainda no ensino médio: 83,6% dos alunos das escolas particulares acessaram a rede no período de três meses, contra 37,3% dos alunos de escolas públicas.
Já entre estudantes universitários, a diferença é mínima: 88,6% do ensino privado, contra 85,3% da rede pública. Provavelmente porque estes dispõem de multas alternativas de acesso à internet, incluindo o ambiente de trabalho para os que têm ocupação definida.
Discrepâncias semelhantes são verificadas quando se tomam como referências regiões geográficas e indicadores sociais.
Assim, 77% das pessoas brancas, pertencentes a famílias de alta renda e moradoras do Distrito Federal têm acesso à rede. Em contrapartida, apenas 0,5% dos negros, pobres e moradores de Alagoas tem acesso.
Como o acesso à internet é efetivamente uma janela para o mundo da informação e, portanto (tirantes o lixo e a parcialidade da mídia), um elemento de democratização das relações sociais, esses dados devem ser considerados como base para uma política pública de superação dessas enormes diferenças.
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