01 julho 2007

A opinião de Machado de Assis

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:

Muito se tem falado da necessidade de uma reforma política, em profundidade, para o Brasil. E com toda a razão, principalmente em função de uma crise permanente que abala a convicção dos cidadãos em relação às instituições, dentre elas, mais especificamente, o Congresso Nacional.

Torna-se imprescindível definir as linhas mestras que venham a determinar o funcionamento dos partidos políticos e com elas os critérios do processo eleitoral no país. Caso contrário, as alterações que se fazem necessárias serão falsas.

Ela precisa corresponder às demandas que se apresentam a uma sociedade complexa, industrializada, a 12ª economia mundial e com uma concentração da renda que nos situa entre os campeões internacionais em desigualdades sociais, marginalizando os setores médios e as camadas populares.

Machado de Assis revela-nos um ponto de vista absolutamente verdadeiro: há o Brasil oficial e o efetivamente real. Creio que tal formulação é adequada inclusive à política.

As reformas política e eleitoral são inseparáveis, caso contrário haverá um engodo distorcendo a realidade que determina os rumos diários e de longo curso do país.

Quando se fala atualmente nessas reformas, o que predomina é o pensamento conservador, os privilégios dos grandes conglomerados partidários. Mas é possível, mesmo assim, conquistarmos substanciais avanços. Com muita luta, habilidade tática e o apoio da população.

O cidadão razoavelmente informado conhece a influência do poder econômico quando se trata do Brasil oficial. A força da grana é determinante, os canais de participação da sociedade são restritos. Muitos congressistas representam grandes interesses econômicos e para isso foram eleitos. O resto é hipocrisia total.

Face ao Brasil oficial, aspira-se pelo Brasil real. No mais é a luta surda pelo poder, acobertada por setores da grande mídia nacional, umbilicalmente ligada a esse processo, com interesses em jogo e poderosos instrumentos de persuasão.

No íntimo, sabemos, há a opinião pública e a opinião publicada. Esta última prevalece quase sempre pelo seu poder de fogo em detrimento dos anseios da população.

Ou há reforma política e eleitoral oficial ou a reforma real nessa incompleta democracia. Tudo depende da pressão consciente da sociedade.

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