Maputo, Luanda e Santiago de Cuba
Desde que nasceu, há pouco mais de quatro séculos e meio, a cidade do Recife se fez porto e, assim, trocou, desde então, mercadorias e idéias com outras terras. Compartilhou influências, culturas – modos de pensar, sentir e ser. Provavelmente aí esteja um dos fatores determinantes para que Pernambuco tenha se tornado, ao longo da História, palco de movimentos republicanos e libertários que contribuíram para plasmar a nacionalidade brasileira.
No programa da Confederação do Equador, por exemplo, que em 1824-25, envolveu parte do Nordeste a partir do núcleo irradiador pernambucano, é possível identificar forte influência do ideário da Revolução Francesa.
Esse caráter cosmopolita da cidade, entretanto, jamais impediu que nosso povo se conservasse fiel às suas raízes e construísse expressões culturais de uma riqueza ímpar, capaz de, a um só tempo, recriar-se incessantemente sem perder seus valores essenciais. O mangue beat é um belo exemplo dessa vitalidade: o rock n' roll é absorvido e depois devolvido ao mundo mesclado com o toque do maracatu.
A vocação mascate e a tradição rebelde e libertária da cidade inspiram agora os esforços do governo municipal no sentido de acolher as inúmeras abordagens de cidades do mundo, através de redes formadas em torno de interesses comuns ou empenhadas em estreitar relações bilaterais. Para o intercâmbio cultural, a cooperação técnica e o estímulo ao turismo e às relações comerciais.
Um exemplo é Guanghzou, na China, onde estivemos por duas vezes e em meados de outubro o prefeito João Paulo comparecerá para a assinatura do tratado de irmanamento. Nantes, na França, idem.
A partir de hoje (quarta-feira), iniciamos, junto com Roberto Trevas, coordenador de relações internacionais da Prefeitura do Recife, missão oficial a Cuba, Angola e Moçambique. O objetivo é prospectar alternativas de cooperação mútua entre o Recife e Santiago (em Cuba), Luanda (Angola) e Maputo (Moçambique).
Distintas realidades sócio-econômicas, culturais, urbanísticas. Porém intenções convergentes darão azo à cooperação mútua. É o que ouvimos dos embaixadores de Cuba, Angola e Moçambique, semana passada em Brasília; e o que levamos na bagagem.
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