No Jornal do Brasil, por Fernando Exman:
A hora e a vez dos tucanos
Depois de dedicar-se durante três anos, no mínimo, à apresentação de graves acusações contra ministros petistas, parlamentares e dirigentes do PT e de outros partidos aliados ao governo pelo envolvimento com o mensalão, o PSDB corre o risco de ingerir o próprio veneno. A prisão do ex-banqueiro Salvatore Cacciola e a denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (MG), que deverá ser apresentada pelo Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) até o fim do mês, têm potencial para colocar na berlinda tucanos mineiros e antigas cabeças coroadas do governo Fernando Henrique.
Os tucanos, por ora, desconversam. Pregam a ampla e profunda investigação dos casos e a punição dos envolvidos. Sabem, no entanto, que os dois assuntos não são favoráveis à legenda, que, ao lado dos demais partidos e parlamentares da oposição, luta pelo controle da bandeira da ética na política nacional. Preso em Mônaco, Cacciola é um dos protagonistas do escândalo que envolveu a equipe econômica do governo FH e os bancos Marka e Fonte Cindam no fim da década de 1990. Fugiu para a Itália para não ser preso. Caso seja extraditado, suas revelações podem cair como uma bomba no colo da cúpula do PSDB.
Já Azeredo é suspeito de receber dinheiro no caixa 2 do esquema operado por Marcos Valério Fernandes de Souza em 1998, quando tentava reeleger-se ao governo do Estado de Minas Gerais. Anos depois, o PT usou o valerioduto para comprar apoio de parlamentares, o chamado mensalão.
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