Três perguntas sobre a reunião do Copom
O vice-prefeito do Recife pede licença para apresentar algumas perguntas que, se possível fosse, gostaria de fazer aos senhores todo-poderosos do Copom (Comitê de Política Monetária).
É que o órgão define nesta quarta-feira a taxa de juros Selic dos próximos 45 dias, o que afetará a vida de todos nós brasileiros. Então, perguntar é oportuno. E não ofende. Vejamos.
As principais autoridades do país, dentre as quais o próprio presidente da República, o ministro Mantega e o presidente do Banco Central, Meireles, reiteradas vezes têm assegurado que os fundamentos de nossa economia são sólidos e que estamos prontos para crescer. Por que, então, paira tanta dúvida sobre se haverá ou não nova redução de juros?
A pergunta faz sentido porque um dos fatores responsáveis pelo relativo aquecimento das atividades econômicas ora em andamento no país é precisamente o afrouxamento dos juros, tendência verificada desde agosto do ano passado. Assim, a atual taxa de 11,25% ao ano é a mais baixa desde que a Selic foi criada, em 1999. O juro real se reduziu à casa de um dígito, embora tenhamos ainda muito chão pela frente para chegarmos aos desejados 3%, internacionalmente considerados saudáveis.
Não é bem assim - ponderaria algum dos integrantes do Copom. Há que se considerar a instabilidade da economia norte-americana: todo o cuidado é pouco.
Aí vem a segunda pergunta: E a vulnerabilidade externa de nossa economia não despencou a quase nada? Como as atribulações norte-americanas continuam a influir tanto assim sobre a nossa política econômica? Se é razoável que temos que nos acautelar – a economia mundial, num certo sentido, é uma só -, é também evidente que se alcançamos algum grau de autonomia, nada melhor do que usufruirmos dessa autonomia agora.
Terceira pergunta: Se os nove membros do Copom supostamente estão a serviço do Estado, e ao Estado cabe atender aos reclamos da população, por que não decidir em favor do crescimento econômico, mantendo a série declinante da taxa de juros?
Ora, hoje é amplamente reconhecido que a aceleração do crescimento com efetiva melhora na distribuição de renda requer mudança na equação vigente – tirar da usura e da especulação e transferir para a produção geradora de emprego. Mas, infelizmente, segundo o noticiário dos últimos dias, o que parece predominar no Copom é a predisposição de manter juros altos – ou seja: custo elevado do dinheiro, crédito limitado, reduzida capacidade de investimento público em detrimento dos interesses da maioria e em favor do lucro financeiro.
A reunião é hoje. É esperar para ver.
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