07 novembro 2007

Nosso artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (ex-Blog do JC)

Ruim para o governo, para o PT e para a República

A um estranho de outras terras que aqui chegasse hoje certamente não seria fácil compreender o que se passa no Brasil quando o assunto é a hipótese de um terceiro mandato consecutivo para o presidente Lula.

Primeiro foi o pouco conhecido deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), contemporâneo de Lula na luta sindical, que retomou o assunto. Isto num momento em que todas as atenções estavam, como ainda estão, para matérias da maior importância em tramitação no Congresso, como a renovação da CPMF. Manobra diversionsita? Pura inconsequência? Talvez as duas coisas juntas, fazendo lembrar aquele samba de Noel Rosa: “Quem é você que não sabe o que diz?/Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!”

A partir daí, todos vimos. Protestos da oposição; contestações pouco enfáticas do próprio presidente. Declarações tímidas de próceres petistas... até que ontem, na tentativa de pôr um fim na baboseira que ameaça se converter em fator de crise, oito partidos políticos – da base do governo e de oposição – divulgaram nota em que firmam posição contra "quaisquer alterações das normas constitucionais (...) visando facultar um terceiro mandato consecutivo mediante segunda reeleição".

Afirmam os dirigentes partidários que "essa discussão compromete o clima de tranqüilidade e normalidade política e institucional do País, necessário ao trabalho construtivo do desenvolvimento econômico e social da nação brasileira".

Por sua parte, o presidente do PCdoB, que assina a nota ao lado de Michel Temer (PMDB), Ricardo Berzoini (PT), Rodrigo maia (DEM), Tasso Jereissati (PSDB), Roberto Amaral (PSB), Renato Rabelo (PCdoB), Francisco Dorneles (PP), Pastor Everaldo (PSC), diz que o seu partido prioriza o debate das reformas política, tributária, urbana, agrária e da educação, incluindo a reforma universitária. Mais: deseja incluir no debate das regras político-eleitorais, a discussão sobre democratização da mídia.

Tudo bem. Suponhamos que o assunto morra a partir de agora. Porém é inevitável anotar: 1) se o deputado Devanir tomou a iniciativa, por que a liderança da bancada petista e mesmo a direção nacional do partido não o desautorizou a tempo de evitar a desgastante celeuma? 2) se estava claro que o governo era prejudicado, porque o Planalto não se pronunciou de pronto contra a idéia da segunda reeleição?

Dessas perguntas se depreende que faltou comando político e por isso o deputado Devanir armou o imbróglio sem que ninguém o impedisse: ruim para o governo, para o PT e para a República.

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