13 dezembro 2007

Nossa coluna de toda quinta-feira no portal Vermelho

Feliz Ano-Novo agora e sempre

Nos cartões que nos chegam pelos correios, nas mensagens via e-mail e torpedos no celular: Boas Festas e Feliz Ano-Novo! Com ligeiras variações, a saudação se repete aos milhares, confirmando relações de apreço e amizade ou como um gesto formal de alguns que, ocupando postos de relevo na área pública ou privada, sentem-se no dever de praticá-lo.

De toda sorte, desejamos, sim, uns aos outros, um Ano-Novo benfazejo, com maior ou menor convicção do que estamos dizendo. E o grau de convicção se expressa com certa nitidez quando o cumprimento é feito pessoalmente.

- Torço para que você tenha um 2008 de muita alegria e paz, amigo!

- Pra você também.

- Oxente, você responde assim desanimado... tá faltando firmeza.

- Claro que desejo um bom 2008 pra você. O problema é meu, não tenho a menor certeza do que vou enfrentar pela frente.

- Como assim, cadê seus planos? Você sempre foi um cara de fazer planos pessoais, mesmo no tempo difícil da militância sob ditadura militar, lembra?

- Verdade, sempre fui otimista. Mas hoje, amigo velho, que pode esperar do Ano-Novo um sujeito como eu afundado em dúvidas, desenganos e dívidas?

- Puxa, rapaz, não fale assim. Todo mundo tem problemas, mas nem por isso se deixa abater na passagem de ano.

- Pois é, se a gente se encontrar no réveillon você vai ver o que é animação. Depois da segunda dose, ninguém me segura. Prometo que serei o mais animado da festa. Mas, no dia seguinte... dia seguinte é pauleira, velho!

Despedimo-nos quando a moça da TAM chamou os passageiros do vôo para o Rio de Janeiro – conversávamos no salão de embarque do aeroporto, e seguiríamos em vôos diferentes – e nosso diálogo foi interrompido por um quase protocolar boa viagem. Mas nas duas horas e tanto do trecho Recife-Brasília, as palavras do amigo não saíam da mente. Quantas pessoas, como o amigo infeliz, estarão nas celebrações do réveillon exibindo uma alegria falsa, artificial, dissonante do seu real estado de espírito?

Pouco importa, diria outro amigo, mestre conceituado de festas e farras, para quem as comemorações, o uísque e os abraços efusivos servem mesmo para isso: para disfarçar, por um instante que seja, os males que nos afligem e exaltar a felicidade geral, irrestrita e passageira.

Pode ser. Mas, desse que jamais perdeu a esperança, receba um sonoro Feliz Ano-Novo – agora e sempre!

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