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O conteúdo das alianças
Luciano Siqueira
Parece simples, mas não é. A plataforma de unidade de partidos que se aliam para a luta eleitoral é tão necessária quanto sujeita a dificuldades e percalços.
Começa que nem sempre é valorizada por todos os parceiros. Para alguns, é quase como uma obrigação formal, um documento cujo destino é a gaveta. Basta a perspectiva do êxito eleitoral e um bom acordo em torno de interesses comuns de curto prazo. Para outros, não; a plataforma conta, seja para balizar compromissos para com o povo e entre os partidos coligados, seja para definir o foco do discurso. E, por conseguinte, orientar a propaganda.
E não valem apenas proclamações gerais. Importa ferir problemas estruturais combinados com os que emergem da insatisfação e das expectativas do eleitorado. E considerar as peculiaridades locais. O centro da proposta para Caruaru certamente é bem diferente da proposta para Caxias do Sul ou para Mossoró.
Aí entra outro diferencial. Onde nossas forças estão na oposição, a crítica ao governo atual e o anúncio do que pretendemos fazer é o que conta. Tentamos ser a novidade do pleito, na posição mais o menos confortável de quem promete fazer diferente. A idéia da mudança é, em geral, bem acolhida.
Mas onde já somos governo, a exigência é maior. É preciso defender o projeto político-administrativo em curso, acenando com a continuidade do quem vem dando certo; e ao mesmo tempo aduzindo propostas novas. Caso do Recife, por exemplo. São expressivas as realizações de duas gestões consecutivas. Nas políticas sociais básicas, nas intervenções urbanísticas de sentido estrutural, na democratização da gestão, na inserção do governo municipal na luta geral por um projeto nacional e democrático de desenvolvimento. Porém será necessário avançar muito mais ainda, enfrentando uma nova agenda relacionada com o novo ciclo de crescimento econômico que se inicia no estado, puxado por grandes empreendimentos estruturantes da economia local, com rebatimento importante sobre a vida na Região Metropolitana da qual o Recife é a cidade-pólo.
Por isso, cá na província, uma variável irrecusável da costura das alianças partidárias é a construção da plataforma eleitoral comum. Para que a unidade política tenha consistência necessária.
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