02 janeiro 2008

Reformas na ordem do dia

Alexandre Belém/Flicker


No Blog de Jamildo:
A economia não é tudo
Por Luciano Siqueira


O primeiro dia do ano não é o primeiro dia de tudo, ensina o poeta Drummond.
Mas é o momento das previsões sobre o que se supõe possa ocorrer no país e no mundo nos próximos 360 dias.

Conforme o ponto de vista de cada um – e analistas não faltam numa hora dessas -, predominam expectativas positivas ou negativas.

Desta vez há quase uma unanimidade otimista estampada no noticiário, centrada no presumível bom desempenho da economia - tirantes a defasagem entre a infra-estrutura instalada e as demandas do crescimento imediato, a expansão do consumo com ameaças inflacionárias e as incertezas relacionadas com a economia norte-americana.

Até a turma que costuma botar gosto ruim em tudo o que depende direta ou indiretamente da ação do governo federal – e o crescimento econômico brasileiro em boa medida depende da indução do Estado – fala num ano bom, de expansão das atividades econômicas.

Bom que assim seja.

Mas cabe um reparo – ou, melhor dizendo, uma advertência: a economia não é tudo. Para que o país efetivamente melhore é necessário mexer em questões estruturais que dizem respeito a atrasos que podem comprometer o desenvolvimento nas suas várias dimensões.

Por isso chama atenção a absoluta ausência (nas conjecturas de início de ano) de observações sobre a necessidade de reformas que venham a respaldar o crescimento econômico em bases sustentáveis.

Além da reforma política, as reformas da educação, tributária, agrária e urbana; e a democratização da mídia.

Esse desinteresse pelas reformas estruturais reflete a uma só tempo descrença na possibilidade de mudanças mais profundas na sociedade brasileira e miopia política.

Em suma: não basta debater os rumos imediatos da economia; urge encarar uma agenda de reformas estruturais indispensáveis ao real desenvolvimento do país.
PS: Luciano Siqueira é vice-prefeito do Recife pelo PC do B e escreve todas as quartas-feiras aqui no Blog

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