02 abril 2008

Guarda-Chuva

Artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (JC Online):
Chuvas no Recife: antes e agora

Meados de 2000, iniciávamos – João Paulo e eu – uma peregrinação junto a instituições e entidades representativas da sociedade e a técnicos e estudiosos de reconhecido conhecimento sobre a cidade, no intuito de colher opiniões e propostas para nossa plataforma de campanha. Entre estes últimos, o engenheiro Jaime Gusmão, ex-presidente da URB, professor de engenharia de solos na Universidade Federal de Pernambuco, ex-presidente do Clube de Engenharia durante o regime militar, nome destacado da resistência democrática.

Após longa e esclarecedora conversa acerca dos problemas da cidade, Jaime nos ofereceu estudo sobre o enfrentamento do período invernoso, que se converteria, em nosso governo, nos fundamentos técnicos do Programa Guarda-Chuva – ação permanente de prevenção e intervenções física sobre morros, encostas, áreas alagadas e alagáveis, que envolve a Defesa Civil e diversos órgãos governamentais durante todos os doze meses do ano.

- “Vocês vieram me devolver a esperança”. Com essa frase, dita com voz embargada, olhos marejados, Jaime se despediu de nós dois à porta do seu escritório da Avenida Agamenon Magalhães.

Veio a campanha, marcada por lances inesquecíveis, movida a idéias e emoção, que nos levou ao governo da cidade.

Dever cumprido, Jaime – bem podemos dizer hoje, sete anos, três meses e dois dias de governo. O Programa Guarda-Chuva converteu-se numa das iniciativas mais bem sucedidas de nossa gestão, expressão do cumprimento da palavra empenhada pelo prefeito João Paulo, pelo seu vice-prefeito e nossas equipes de trabalho.

É o que convém assinalar hoje, no segundo dia do estado de alerta máximo decretado pelo prefeito, em razão do volume pluviométrico acumulado desde janeiro, que já atingiu 484,9 mm. Da 0h às 9h desta segunda, registramos 108,4 mm, correspondente a 41,3% do total de chuva esperada para o mês de março.

O estado de alerta máximo significa que todas as ações municipais ficam subordinadas às necessidades decorrentes das chuvas e o número de servidores envolvidos no trabalho passa de 200 para 2 mil.

O Programa Guarda-Chuva não pode, evidentemente, evitar que chuvas severas causem transtornos à cidade, que amarga condições fisiográficas adversas – parte do território abaixo do nível do mar, subsolo saturado, etc., nem nos deixa definitivamente a salvo de acidentes fatais, como o que vitimou o garoto de 10 anos, que morreu soterrado no Ibura, na manhã de segunda-feira.

Mas é preciso assinalar que acidentes como esse, sob gestões anteriores, enlutavam a cidade numa dimensão revoltante, ultrapassando a mais de uma dezena/ano – ou seja, quando não se efetuavam ações preventivas na dimensão que hoje realizamos, em caráter permanente e continuado: monitoramento dos pontos de risco, intervenções físicas para requalificar espaços desocupados por famílias que habitavam locais ameaçados, contenção de barreiras e encostas, drenagem.

Hoje, é possível distinguir, no período invernoso, “antes” e “depois” do Programa Guarda-Chuva.

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