05 julho 2008

Mídia parcial

Na Carta Maior:
Imprensa, um semestre de imposturas
. Como esquecer a coluna de 9 de janeiro, de Eliane Catanhêde, colunista da Folha de São Paulo?: "Com sua licença, vou usar este espaço para fazer um apelo para você que mora no Brasil, não importa onde: vacine-se contra a febre amarela! Não deixe para amanhã, depois, semana que vem... Vacine-se logo!”. Gilson Caroni Filho analisa o primeiro semestre da imprensa brasileira.
. Um balanço da imprensa nos primeiros seis meses de 2008 mostra que não foi por falta de empenho que a imagem do governo não sofreu considerável desgaste. Um acompanhamento, mês a mês, da cobertura noticiosa mostra que o jornalismo de mercado, usado como controle político das elites, terminou resvalando ladeira abaixo ao continuar acreditando que dispunha de uma ilimitada capacidade prestidigitação.
. Quedas de tiragens e audiência decorreram do apego à desmesurada crença nos dispositivos que regulam a relação entre os responsáveis pela produção e difusão de informações. Em inúmeras vezes o fato concreto deu lugar à imaterialidade midiática.
. Por mais fiel que seja o leitor, por mais intensa a cumplicidade com o veículo que sistematiza sua visão de mundo, um noticiário que não guarda qualquer relação com a realidade vivida termina por explicitar excessivamente os interesses a que serve. E ao fazê-lo, termina sendo disfuncional a esses mesmos interesses. Um discurso vazio, que cai no descrédito na medida em que mais complexa se torna a sociedade para a qual é elaborado.
Ilustração: Siron Franco

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