Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online):
Desafios aos dois pólos da sociedade
Luciano Siqueira
A usina siderúrgica que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou na semana passada é, por enquanto, apenas uma promessa – não passou ainda de uma carta de intenções, como adverte Fernando Castilho em sua coluna JC Negócios, no Jornal do Commercio de ontem. Mas, se confirmada, será mais um empreendimento industrial de ponta de grande repercussão para a economia pernambucana – que se somaria à refinaria de petróleo, ao estaleiro e às duas indústrias petroquímicas, dentre outros.
O fato inequívoco (que independe da confirmação ou não da siderúrgica) é que vivemos o início de um novo ciclo de crescimento em Pernambuco, só comparável ao ciclo do açúcar que em nosso estado teve seu apogeu no passado. Para sermos mais precisos, agora em patamar bem superior – seja pelo elevado padrão tecnológico, seja pela capacidade de se espraiar em cadeias de produção abrangentes e diversificadas, e ainda pelo extraordinário volume de empregos que possibilita.
Trata-se, portanto, de rara oportunidade que implica em uma nova atitude por parte dos muitos atores sociais – notadamente os que constituem os dois pólos da sociedade: os trabalhadores e os empresários.
Os trabalhadores estão chamados a adotar uma postura afirmativa e hábil através de suas representações sindicais. Historicamente sindicatos fortes correspondem a fases de expansão das atividades econômicas, enquanto em período recessivos as organizações dos trabalhadores se mostram frágeis e defensivas. Em fases de vacas gordas, digamos assim, valorizam-se os sindicatos capazes de abordar a nova situação econômica mediante visão mais ampla do que a circunscrita ao mero corporativismo; que se posicionam no debate sobre os rumos economia como um todo, numa perspectiva de valorização do trabalho, da distribuição da renda e da inclusão produtiva de parcelas da população excluída e da busca de um modelo de desenvolvimento soberano e democrático. Ou seja, os que adotam uma conduta classista.
Dos empresários pernambucanos, no outro pólo, se espera a potencialização da capacidade empreendedora e da criatividade, que têm caracterizado nossa história econômica. Pernambuco não dispõe de subsolo rico, como a Bahia ou Minas gerais, por exemplo, e sempre contou, ao longo de cinco séculos, com o fator humano, a inteligência e a ousadia empreendedora como fator gerador de alternativas econômicas.
Óbvio que a situação não elimina as contradições de classe, mas propicia um ambiente em que interesses conflitantes sejam enfrentados em bases democráticas elevadas. Que assim seja.
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