No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Inutilidade milionária
A derrota da seleção brasileira de futebol nas quartas de final dos jogos olímpicos de Pequim revela a face em que se constituiu o maior celeiro de craques dessa que é a grande paixão esportiva do povo em todo o planeta.
Diz a imprensa nativa, e é verdade, que o país exporta anualmente para todos os continentes mais de mil jogadores, sendo que a Europa é o destino principal dos melhores talentos revelados, inclusive nas escolinhas de futebol juvenil, espalhadas por todos os Estados da federação.
A extraordinária capacidade dos brasileiros, verdadeiros artistas dessa maior atividade cultural existente nos tempos contemporâneos, foi tragada pela ideologia da globalização. De tal maneira que na seleção quase não há jogadores em atividade nos clubes nacionais.
Dizem que nos tempos do mercado global é impossível resistir ao preço que os times europeus, e árabes agora, oferecem aos clubes e aos jogadores brasileiros. Vá lá, vá lá.
Mas esses craques perdem totalmente a identidade, o orgulho e a reverência às cores da sua bandeira, o amor ao seu país. Nas Olimpíadas de Pequim surgiu outro fato novo, atletas são naturalizados por países, em várias modalidades, sem nenhuma afinidade para com as suas novas pátrias.
Ao ponto em que duas duplas de brasileiros, feminina e masculina, jogaram vôlei pela Geórgia. O pior é que confessaram em entrevista, que nunca estiveram, e nem passaram por cima de avião, na Geórgia.
Mas o incrível é que o presidente desse país foi recentemente um brilhante aluno de uma universidade norte-americana, amigo de Bush e seus amigos, e em conseqüência, presenteado com a presidência daquele país. É, sem dúvida, um presidente globalizado.
De quebra, meteu essa jovem nação em uma aventura bélica contra a Rússia, só para que George W. Bush tentasse promover a “grande cruzada” da sua gestão, invadir países e afogá-los em uma estranha democracia de sangue, petróleo e dor.
A “global cult” sabe o que faz, Bush foi a Pequim torcer pelos seus atletas, com bandeirinha na mão, declarando-os patriotas e embaixadores dos EUA, símbolos de uma supremacia. Mas, promove o discurso, também nos esportes, do “mundo sem fronteiras”.
Em conseqüência, alguns atletas de destaque, inclusive brasileiros, são considerados por setores da imprensa esportiva como milionários apátridas, burocratas e robotizados. O que não deixa de ser verdade.
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