Lúcia Gonzaga
A leste do Éden
Ao norte de nada
e a leste do Éden,
aquele que morre
e aquele que prossegue
separam-se
apenas pela parede
entre a cama
e um poste público,
a lâmpada no quarto
onde a luz apagou
e a rua iluminada
num circulo vacilante
como o homem que levanta
seu olhar de ignorância:
não sabe se vai chover
para além do globo
de mariposas
como não sabe
que o outro acabou
de morrer no corredor
de sombra
a alguns metros de distância
da sua própria hesitação
e vontade de beber
e não beber,
ir e não ir
de volta
no ultimo ônibus
para o fim da madrugada
frente à janela do defunto
ainda não dado
por morto
pelos parentes que dormem.
Este poema é belo demais. Um beijo, Luciano.
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