Sem rumo e sem discurso
Luciano Siqueira
Se a disputa presidencial de 2010 já estiver em pauta – e todos dizem que sim -, as oposições partem em desvantagem, tanto à direita como à “esquerda”. Sem rumo e sem discurso.
A estratégia do PSDB e do DEM se apóia no andamento da crise financeira global e suas repercussões sobre o Brasil. Joga todas as fichas no agravamento da situação, de preferência com agravos às condições de vida do povo. Assim, e pondo a culpa em Lula, ganhariam terreno.
É a aposta no caos – tão questionável quanto arriscada.
Numa linha semelhante, e com ênfase na “ética e na moralidade”, correndo por fora das possibilidades eleitorais e dos reais interesses da população, a turma que se coloca à “esquerda”, tipo PSTU e PSOL.
Mas a realidade teima em se mostrar diferente. O governo reage às ameaças externas explorando nossas próprias potencialidades. É certo que ainda constrangido por condicionantes macroeconômicos monetaristas, porém insistindo na manutenção dos investimentos públicos em infra-estrutura (o PAC como vetor) e num grande esforço para propiciar giro, condições de crédito e nível do consumo e, por conseqüência, segurar o nível do emprego.
Desde o golpe militar de 1964 nenhum governo se comportou desse modo frente a turbulências econômicas internacionais. Dos milicos a FHC era o FMI e assemelhados que davam as cartas. Agora a receita é própria, voltada para os interesses da nação e do povo.
E que dizem os oposicionistas? Repetem a cantilena do corte dos gastos públicos, entendendo-se aí redução dos investimentos. Mas não pedem a diminuição dos dispêndios com juros da dívida porque estariam contrariando poderosos interesses do setor rentista.
Claro que o jogo não segue assim, numa trajetória retilínea. Em tempo de turbulência, muito há ainda a acontecer. O empenho desenvolvimentista do governo pode ser afetado pela crise global. Temos cá nossos limites. Mas, por outro lado, é inegável que a compreensão do que ocorre vem se elevando substancialmente entre as mais diversas camadas da população. Hoje o beneficiário do Bolsa Família, por exemplo, num bairro periférico de nossas cidades ou num pequeno município do interior, acompanha o desenrolar da crise atento à manutenção, ou não, do programa em quem está inscrito. Isso alimenta um caldo de cultura favorável à elevação da consciência política de milhões, dá azo a que correntes políticas avançadas conquistem posições na luta pelo projeto de desenvolvimento nacional, democrático e progressista. E torna mais difícil a tentativa dos oposicionistas de encontrarem um discurso que sensibilize a base da sociedade.
Prezado Luciano,
ResponderExcluirtomei a liberdade de colocar o seu belo artigo no meu blog http://blogdeumsem-mdia.blogspot.com
Sds Carlos Dória