07 novembro 2008

Entre o lucro e a incerteza

No Valor Econômico:
Balanços mostram lucros históricos e futuro incerto
. As companhias de capital aberto devem obter o melhor resultado da história no terceiro trimestre, com lucros recordes, mesmo com a trapalhada dos derivativos e o efeito da variação cambial sobre as dívidas. Um levantamento de 68 balanços publicados até ontem mostra uma perda financeira mais de dez vezes maior que a do terceiro trimestre de 2007. Apesar disso, o conjunto de empresas fechou o trimestre com lucro líquido 25% superior ao do mesmo período do ano passado.
. A receita das vendas cresceu 22%. Porém, mais surpreendente foi o resultado da atividade (antes do financeiro), que foi 34% maior, mostrando que houve redução de custos e despesas. O quadro do trimestre é tão deslumbrante que destoa completamente do momento por que passa a economia depois do choque financeiro global, que agora começa a chegar às empresas do setor produtivo. Esse contraste e números mais recentes, como vendas da indústria abaixo do esperado em outubro, sugerem que os balanços do terceiro trimestre ficarão na história como o ponto mais alto da curva.
. Ainda não está claro como as empresas vão se comportar no ambiente de restrição de crédito e desaceleração de consumo deste quarto trimestre. É razoável esperar queda nas vendas e novo impacto cambial. No terceiro trimestre, a variação do dólar foi de 20%, o que se refletiu fortemente nas despesas financeiras. Mas o dólar continuou subindo e, até ontem, já acumulava alta de 10% em relação a 30 de setembro. Além disso, deverá haver mais ajustes de derivativos, como no caso da Aracruz, que fechou nesta semana um acordo com os bancos para encerrar seus contratos.
. "Os lucros das empresas serão menores no quarto trimestre", prevê Ricardo Tadeu Martins, da Planner Corretora. Assim, o balanço de outubro a dezembro deverá ser o primeiro termômetro do que esperar para 2009.
. O que se avizinha é um trem em alta velocidade prestes a reduzir o ritmo - se será uma desaceleração suave ou um tranco, ainda não se sabe. E os vagões estão carregados: as empresas fecharam o trimestre com R$ 54,7 bilhões em estoques, 32% acima do mesmo penado de 2007. Talvez seja demais para o apetite da demanda no pós-crise.

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