05 novembro 2008

Nosso artigo semanal no Blog de Jamildo (JC Online)

Quem deve pagar a conta?
Luciano Siqueira

Fora a fantástica bolha virtual (ora implodida com a crise norte-americana) que alimenta o mercado financeiro no mundo, cujas cifras atingem níveis estratosféricos infinitamente desproporcionais ao volume de produção real de riquezas, dinheiro é coisa muito concreta. Em sua essência reflete o trabalho humano. E se assim é, cabe perguntar: quem está pagando a conta do socorro dos bancos centrais a empresas e bancos em dificuldades mundo afora?

Chegando mais perto: quem paga a conta das manobras ousadas (e, não se pode negar a maioria oportunas e necessárias) que o governo brasileiro vem fazendo para manter o nível de crescimento de nossa economia face às ameaças externas?

É isso que as centrais sindicais desejam esclarecer. Seis delas (CTB, Força Sindical, CUT, CGTB, Nova Central e a UGT) encaminharam um pedido de audiência urgente com o presidente Luís Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega para tratar do tema.

Nada mais justo, vez que o governo têm dialogado com diferentes segmentos empresariais e ainda não sento à mesa com os dirigentes de organizações laborais. Mais: os sindicatos denunciam que a crise financeira já está sendo usada por empresas como argumento para enfraquecer os trabalhadores nas negociações salariais.

E o governo não deve temer esse debate. Os sindicatos têm se manifestado favoráveis à postura adotada pelo presidente Lula, que jamais se viu aqui, de encarar as ameaças advindas da crise mundial apostando nas próprias potencialidades do país – mantendo os investimentos públicos em infra-estrutura (a ordem é avançar na implementação do PAC), flexibilizando a cobrança de tributos, oferecendo condições de créditos a empresas e a consumidores e apostando na continuidade da expansão do mercado interno.

O que os sindicatos estranham é que o governo socorre bancos e empresas dos mais diversos setores, mas não adota medidas que assegurem a manutenção da massa salarial nem a nível do emprego. Além disso, no que se refere ao funcionalismo público federal, insinua a suspensão do reajuste salarial previsto.

Se o governo federal brecar o reajuste aos seus servidores, pode anotar aí: governos estaduais e prefeituras tenderão a fazer o mesmo, numa reação em cadeia.

Que as centrais sindicais sejam ouvidas, atendidos seus pleitos – para que a corda não rompa mais uma vez apenas do lado dos que vivem do trabalho.

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