No Vermelho:
O melhor presente
Eduardo Bomfim
Existem pessoas que torcem para que a extensão da crise econômica mundial atinja em cheio o Brasil. Nesse caso, a principal vítima será o povo brasileiro. Para alguns a atividade política é uma sucessão de ações maniqueístas onde o que importa é a derrota daqueles que se encontram no caminho dos seus objetivos.
É impossível que uma nação consiga alcançar um caminho de prosperidade e justiça social com semelhante filosofia, se é possível chamar isso de filosofia, de comportamento. Essa postura não é exclusividade dessa ou daquela corrente de pensamento, trata-se de poderoso vírus que atinge muitos agrupamentos de variadas feições ideológicas.
Tanto que se incorporou ao linguajar social a máxima de “quanto pior melhor”. Na verdade, para a grande maioria da sociedade e dos povos, quanto pior, horrível e quanto melhor, melhor.
Semelhante ponto de vista, demonstra que os que assim agem, são desprovidos de projetos para a nação, não possuem uma causa ou um ideário, mas exclusivamente interesses pessoais, mesquinhos mesmo. Buscam substituir as contradições entre concepções distintas para uma sociedade, por uma prática de conspirações intermináveis, onde o que importa é unicamente o sucesso pessoal e o resto que se lixe.
São aqueles que se acham os sabichões que todos nós encontramos pelas esquinas da vida. Às vezes conseguem obter dividendos profissionais durante um período. Mas terminam fazendo jus à máxima de Lincoln de que vários conseguem enganar a todos durante um bom tempo, mas não o tempo todo.
Pensam, com incrível mania de grandeza, que a humanidade é composta de ingênuos. Trata-se de um primarismo comportamental que acomete em grande escala o mundo da política, mas que se encontra presente em todas as atividades profissionais. É um maquiavelismo de terreno baldio, uma disfunção mais que ideológica, é também psicológica.
No fundo as pessoas possuem uma grande aversão a esse tipo de comportamento tanto que se tornou, negativamente, célebre a frase de um jogador de futebol, em uma propaganda de TV, “eu gosto de levar vantagem em tudo”.
As pessoas lúcidas não desejam que os norte-americanos, os brasileiros, os europeus, ou quem quer que seja, afundem na lama para que a aspiração de uma vida mais digna seja conquistada. O melhor presente aos povos para 2009 será a superação dessa crise pelo caminho da justiça.
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