A candidatura de Aldo e o papel do Bloco de Esquerda
Luciano Siqueira
O resultado das eleições para as mesas diretoras do Senado e da Câmara comporta muitas leituras e diversas nuances podem ser sublinhadas. Uma delas: o sentido da candidatura de Aldo Rebelo, patrocinada pelo Bloco de Esquerda (PCdoB-PSB-PMN-PRB), na Câmara.
Menos importa avaliar se essa candidatura tinha ou não viabilidade, em face do rolo compressor do chamado “blocão” reunido em torno do peemedebista Michel Temer. Cabe, sim, reconhecer que os 76 votos obtidos pelo deputado comunista representam uma postura autônoma e altiva de um segmento da base governista que pugna por posições programáticas orientadas para o avanço das mudanças em curso no país.
O Bloco de Esquerda não podia se diluir no tal “blocão”. Nem contemplar pacificamente a consolidação da aliança privilegiada entre o PT e o PMDB que inclina o partido do presidente da República ao centro e enfraquece em certa medida, na coalizão governista, o peso de aliados à esquerda, como o PCdoB e o PSB.
Há quem prefira ver no empenho dos petistas em favor da candidatura de Michel Temer um dado positivo por representar o cumprimento de acordo celebrado há dois anos atrás, quando da eleição do deputado Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. Que se cumpram acordos firmados é, em si, uma boa conduta nas relações políticas. Mas, neste caso, não cabe esquecer que o tal acordo significou uma espécie de pacto com o diabo. O PT, naquela ocasião, rompeu unilateralmente o entendimento em torno da reeleição de Aldo Rebelo, então presidente da Câmara, e conquistou a vitória de Chinaglia justamente com o apoio decisivo da banda peemedebista liderada por Temer, que votara contra Lula no primeiro e no segundo turno do pleito de 2006. Agora o diabo cobrou a fatura e os petista a pagaram.
Na política tudo se move conforme a correlação de forças. Na coalizão governista as posições centristas se fortalecem com o predomínio do PMDB na Câmara e no Senado, além do controle de seis ministérios e uns tantos postos de destaque em empresas estatais. Isto vale para os termos em que se dará, a partir de agora, a governabilidade e também para a construção do projeto eleitoral de 2010.
Nesse contexto, o Bloco de Esquerda tem um papel relevante a cumprir. Mantém-se na base governista, compartilha a obra de governo com o presidente e continua aliado do PT. Mas terá que continuar combinando a busca da unidade com a saudável polêmica em torno dos rumos do país. A começar da construção de uma candidatura presidencial unitária que se apóie em programa avançado para o próximo governo.
O futuro do Bloco de Esquerda, pricipalmente após a saida do PDT, infelizmente me preocupa muito.
ResponderExcluirAs esquerdas do Brasil não podem ficar do lado do PMDB. Concordo com o companheiro Ciro Gomes quando ele fala que o PMDB é o câncer da política brasileira...
Toda força ao Bloco !