Dois temas indigestos
Luciano Siqueira
A notícia circula com ares de verdadeira: o governo estaria disposto a suspender por tempo indeterminado os aumentos concedidos a um milhão de servidores no ano passado e a mexer nas regras da caderneta de poupança - medidas sugeridas pela chamada equipe econômica como indispensáveis para evitar a inflação e a desorganização do padrão de comportamento dos investidores do mercado financeiro.
Os reajustes teriam um impacto de R$ 29 bilhões no Orçamento de 2009. A idéia dos tecnocratas monetaristas seria acionar “salvaguardas” que os liberem apenas se houver disponibilidade orçamentária.
De uma só tacada três prejuízos: o dos funcionários públicos federais, que constituem parcela dos trabalhadores necessitados de recuperar pelos menos parcialmente seu poder de compra; o do próprio mercado consumidor, tão necessário para que a produção de mercadorias não despenque de uma vez; e o governo, que sofreria tremendo desgaste político.
Já a alteração no perfil do rendimento da poupança se justificaria porque, com a redução da taxa básica de juros determinada pelo Copom na semana passada, os juros da caderneta se tornaram mais atrativos do que os dos títulos públicos. Daí o risco de migração de dinheiro dos fundos de investimento (FIFs) para a poupança. Resultado: o governo teria maior dificuldade para vender títulos e administrar a dívida pública.
Pode ser. Mas então por que não adotar mecanismos que protejam os pequenos e médios poupadores, justo os mais vulneráveis aos efeitos da crise financeira global, e inibir apenas os grandes especuladores?
A se confirmarem tais intenções, que ainda não se sabe se aprovadas pelo presidente Lula, estaremos diante de uma pauta visivelmente indigesta. Porque dificilmente os que vivem do trabalho entenderão, por mais sofisticadas que sejam as explicações de ordem técnica, o porquê do governo se exceder em ajudas a diversos segmentos da economia, facilitando o crédito e que tais, com dinheiro público; e não teria condições de reajustar os salários do funcionalismo e proteger os pequenos investidores.
Bom, de toda forma, cabe a hipótese de que nada disso aconteça, que não passe de mera especulação midiática, até porque já vivemos a ante-sala do pleito de 2010 e para Lula e a coalizão governista seria uma temeridade adotar tais medidas.
O governo não pode penalizar os pequenos e socorrer os grandes, você está certo, vereador.
ResponderExcluirArnaldo Braga
Você está com razão e o governo Lula tem que ver o lado dos mais pobres ou menos ricos, como queira, pois os grandes nunca perdem nas crises e os pequenos, sim.
ResponderExcluirWalter Queiroz