Sucessão de Lula carece de mais idéias e menos manobras
Luciano Siqueira
A sucessão presidencial num país da dimensão e da importância do Brasil deveria envolver, mais do que jogadas de efeito e manobras táticas prematuras, idéias destinadas a enfrentar os problemas candentes da vida nacional. Até porque atravessamos uma fase de verdadeiro cataclismo no sistema econômico global, com repercussões agudas sobre a economia brasileira. Mais: a despeito da torcida negativa de alguns, somos citados entre os participantes de seleto grupo de países emergentes com chances reais de sair da crise global fortalecidos, ao lado da Rússia, da Índia e da China.
No entanto, não é bem isso – o debate de idéias – que vem predominando. Um exemplo dá-se nas hostes tucanas, principal vetor do campo oposicionista. A movimentação do PSDB se orienta no sentido de amainar a disputa interna entre os governadores José Serra (de São Paulo) e Aécio Neves (de Minas Gerais), ambos pretendes à cabeça da chapa. O argumento principal é a junção de líderes dos dois maiores colégios eleitorais do país.
Que assim seja, admite-se. Mas em torno de que propostas programáticas? Disso o pouco que se sabe além do embaraço em que vivem os tucanos, reconhecido publicamente por alguns dos seus próceres mais notáveis desde que Geraldo Alckmin perdeu o debate para Lula no pleito de 2006. Faltam justamente propostas que se contraponham aos rumos ora adotados pelo governo federal.
Por enquanto, Serra tenta adiar a prévia partidária para a escolha do candidato para 2010 até o instante em que se sinta suficientemente forte para inviabilizar a postulação de Aécio. E no intuito de melhorar sua imagem pública, aumenta a verba destinada à publicidade em 43,6% com relação a 2008.
Seu concorrente mineiro contra-ataca com a mesma arma, promovendo um acréscimo de 35,6% de gastos com publicidade comparados com a conta do ano passado.
Interessante é que a grande mídia tão atenta às despesas com publicidade no governo Lula, e mesmo de governos locais situados à esquerda, silencia olimpicamente. E se compraz em noticiar apenas os lances da disputa interna tucana.
A bem da verdade há que se reconhecer que a subestimação do debate de idéias não é exclusividade dos tucanos. Envolve os demais partidos oposicionistas e nem tanto os da coalizão governista porque estes, de toda forma, se vêm instados a responder pela gestão do país e a defender as medidas anticrise adotadas pelo presidente Lula. Ainda bem.
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