Nelson Chaves e atual estado nutricional dos nordestinos
Luciano Siqueira
Nelson Chaves, seguindo a trilha de Josué de Castro, pesquisou a estado nutricional do povo trabalhador, em particular dos habitantes da zona canavieira, e fez constatações que, como pequenas diferenças de nuances, permanecem atuais.
O mestre – que fez escola e formou pesquisadores da estirpe de uma Naíde Teodósio – foi além das simples constatações e buscou, através de combinações de nutrientes, formular alternativas alimentares de baixo custo para melhorar as condições orgânicas da população subnutrida. Porém não se traduzindo em políticas públicas de extensa cobertura, poucos resultados pôde proporcionar. Como se vê agora, nas conclusões da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher, feita pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), com recursos do Ministério da Saúde.
As conclusões desse estudo são contundentes. Mais de 20% das crianças brasileiras com menos de 5 anos apresentam quadro de anemia e 17% delas apresentam deficiência da Vitamina A.
Esse percentual aumenta para 29,9% no caso de mulheres em idade fértil. Quanto à carência de vitamina A, o índice nacional chega a 12,3%.
Também chama atenção na pesquisa a desigualdade regional, que reflete o grau de desenvolvimento econômico. Os índices mais acentuados de anemia em crianças de menos de 5 anos verificam-se precisamente no Nordeste, mesmo que a região venha exibindo nos últimos anos taxas de crescimento superiores ao restante do país. Das crianças nordestinas analisadas, 25,5% apresentaram quadro de anemia.
Da mesma forma, das mulheres com idade entre 15 e 39 anos, 39,1% são anêmicas.Especialistas defendem a necessidade de fortificação da farinha de trigo e milho com ferro e ácido fólico, componentes eficazes no combate à anemia, além da distribuição nos postos de saúde de doses de vitamina A e sulfato ferroso para gestantes em pré-natal e crianças.
Mais do que isso, acrescentamos cá com nossos botões, em tempo de mudanças e de crescimento econômico da região em taxas promissoras, mostra-se oportuno o reexame do perfil nutricional do nordestino e a avaliação das políticas públicas específicas. www.lucianosiqueira.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário