06 maio 2009

Meu artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (JC Online)

Educação para o desenvolvimento sustentável
Luciano Siqueira


Nas duas oportunidades em que estive na China – em 2005 e em 2007, em missão oficial, ambas com permanências de quinze dias e muitas visitas e reuniões técnicas – não me contive e usei o termo “orgia da educação” para traduzir meu verdadeiro alumbramento, como diria o poeta Bandeira, diante do impressionante investimento que se faz nesse setor naquele grande país emergente.

Educação sistêmica, do ensino fundamental ao superior, com peso extraordinário na capacitação de técnicos de nível médio e na formação de pesquisadores e cientistas em áreas de ponta.

Comparações com o Brasil são inevitáveis, a despeito das imensas diferenças entre nós e eles, sob todos os aspectos, inclusive do ponto de vista do caráter do Estado, socialista lá, capitalista aqui. E se fizéssemos isso no Brasil?, é a pergunta que nos assalta.

Daí a justeza da idéia propalada pelo presidente Lula, meses atrás, de direcionar os recursos a serem aferidos com a exploração das jazidas de petróleo na camada do pré-sal para a educação. Daríamos um salto adiante na construção das bases de um projeto de desenvolvimento nacional consistente e estrategicamente viável. Teríamos também a nossa “orgia educacional”.

Uma decisão de governo nessa direção mostra-se urgente quando observamos os dados divulgados há pouco mais de uma semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a propósito do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2008. Ressalta na análise a precariedade do ensino público, especialmente das redes estaduais. Apenas 8% das escolas melhor avaliadas no ENEM são públicas. Entre as mil com piores notas no país, 965 são das redes estaduais.

Um detalhe merece atenção. As escolas federais tiveram desempenho semelhante às melhores escolas privadas e em São Paulo uma escola de São José dos Campos, vinculada a uma fundação financiada pela Embraer, freqüentada por alunos pobres oriundos da rede pública, figura no pódio das melhores escolas do estado. Uma prova de que investimento bem direcionando e concepções pedagógicas avançadas dão resultados.

Portanto, apresenta-se como justa, oportuna e viável a luta pelo ensino público universalizado e de qualidade – variável decisiva do desenvolvimento econômico sustentável e de sentido civilizatório.

Nenhum comentário:

Postar um comentário