12 julho 2009

Subjetividade em tempo de crise

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
A crise e o astro

A crise sistêmica mundial da economia vai se aprofundando e o que se observa são as alterações que vão se processando em quase todos os aspectos da realidade em escala planetária. Modificações essas tanto no âmbito dos fenômenos objetivos, dos fatos concretos, quanto na área da subjetividade, o campo das idéias.

Quando associamos esse período que vivemos com as intensas transformações científicas e tecnológicas da atualidade, veremos como é difícil e bastante complexo compreender esta quadra histórica com certa razoabilidade de acertos.

Trata-se de um tempo de crise e mudanças em que a desorientação ou a perplexidade é algo bastante comum. É também um tempo que possibilita o surgimento de duas manifestações distintas, mas igualmente nocivas.

Uma, é a tendência de se cair em enrijecimento ideológico ou político, descambando para o conservadorismo sem procurar nessa tempestade da civilização aquilo que acrescenta ao legado positivo que nos oferece a humanidade e rejeitar as tendências inúteis, o lixo, subproduto das intensas contradições que se operam em grande escala incessantemente.

A outra característica desses tempos é a aceitação passiva, sem postura crítica, de tudo o que acontece de novidade, gerando uma espécie de ideologia do presente contínuo, negando todo o processo histórico que cimentou os grandes valores universais.

Nesse caso, o que parece uma espécie de engajamento a um certo anarquismo pós-contemporâneo, pode vir a ser na verdade uma tendência ao autismo intelectual, quando a pessoa fica enredada, presa mesmo, ao momento presente.

Assim, o indivíduo transforma-se em um refém dos acontecimentos, incapacitado para uma atitude altiva e consciente do seu espaço e do seu papel na sociedade, impedido, pela ausência de referências de qualquer espécie, de intervir nos fatos em sua volta, no seu país, ou de posicionar-se sobre os episódios de abrangência mundial.

Essa é a grande manifestação de caráter psicossocial em escala massiva desta época de crise e mudança que possibilita, inclusive, a atual geração do espetáculo midiático da morte e funeral de um ídolo musical que era demonizado e foi mitificado nas mesmas proporções em questão de horas.

O que me faz lembrar a célebre frase de Goethe, grande escritor e filósofo alemão, ao considerar que nada do que é humano lhe era estranho.

Um comentário:

  1. Anônimo5:11 AM

    Correção!!! Na realidade a frase: "Sou humano, e nada do que é humano me é estranho" é de Terêncio, pensador romano, e não de Goethe. Karl Marx gostava muito de citá-la!!!

    Iron Mendes

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