A “BANCADA” FEMININA E SUA DEFECÇÃO SOCIALISTA
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.br
Em se tratando de comentar a política local, nada é mais irresistível do que olhar, avaliar e opinar sobre aquele fato gracioso e inédito que está acontecendo no plenário da Câmara Municipal do Recife. Nunca existiu ali uma bancada formada por tantas mulheres e nunca se viu formar-se uma, digamos, bancada (com aspas) formada pelo princípio de gênero.
Na verdade, não se trata de uma bancada, no sentido político e parlamentar tradicional. É algo muito engraçado (no bom sentido) e até atraente: as quatro vereadoras recifenses. Os colegas homens somam 33.
Quando começa a sessão, e até antes disso, as vereadoras se sentem atraídas entre si e juntam-se, como que reunidas com propósito parlamentar, numa das filas de cadeiras no plenário e ficam trocando idéias, falando sobre todos os assuntos. É como se formassem mesmo uma bancada política. Só que não é por aí.
Agora engordada com a chegada da vereadora Vera Lopes (PHC), que tomou o lugar do vereador Josemi Simões (PHS), a “bancada” delas sofre somente uma defecção. As vereadoras Priscila Krause (DEM), Aline Mariano (PSDB) e a novata Vera Lopes são todas tidas como representantes da direitona, conservadoras, tidas assim pela única vereadora de esquerda na Câmara, Marília Arraes (PSB), neta do ex-governador Miguel Arraes.
Resultado: a “bancada” não é frequentada por Marília, a socialista, prima do governador socialista Eduardo Campos. Na Casa, todos notam que ela é ausente dos encontros das outras, vive distante. Chegando ao plenário, ela cumprimenta todas e todos, mas fica na dela, enquanto Priscila, Aline e Vera estão ali, reunidinhas, discutindo sobre uma nova ofensiva para mostrar as mazelas do governo municipal petista.
Resultado: a socialista Marília Arraes veste-se, ao seu modo, com o modelo tradicionalíssimo de bancada, ideologicamente identificada, e usa seu tempo de vereadora nos contatos com os homens, aliás, com os vereadores que fazem a situação na Câmara Municipal, defendendo a atual administração e ajudando no bordado das ações para conter o rasgado ataque adversário.
Nada de união por osmose. Tudo pela diferença política, na terra, mar ou ar. Mar, ilha, Arraes taí!
* Jornalista
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